Desde que foi mencionado pela primeira vez, no século XII, o Santo Graal adquiriu um caráter místico. Imortalizado como o cálice no qual Jesus Cristo bebeu na Última Ceia, e que o santo José de Arimateia usou para coletar seu sangue após a crucificação, o objeto espalhou a lenda e mito que a pessoa que beber dele terá vida eterna.
Ao longo dos séculos, essa ideia foi reforçada por várias obras literárias, se tornando tema popular na literatura medieval pela Europa, que retratou o Santo Graal como possuidor de poderes milagrosos de cura.
Mas o Santo Graal não foi o único objeto de veneração após a passagem de Jesus Cristo pela Terra — até hoje pessoas vão à Gruta do Leite porque acreditam que o leite da Virgem Maria que pingou naquela caverna pode curar a infertilidade.
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A POEIRA ABENÇOADA

Em Belém, na Palestina, há um lugar dedicado à maternidade divina chamado Gruta do Leite. É lá que a fé e a fertilidade andam de mãos dadas, e também para onde milhares de peregrinos vão todos os anos em busca de um milagre.
Para os cristãos e muçulmanos, é um consenso de que, quando a Sagrada Família encontrou refúgio durante o emblemático Massacre dos Inocentes da Bíblia, promovido pelo Rei Herodes – que teria ordenado a execução de todos os meninos da vila de Belém para evitar perder o trono para Jesus –, Maria teria derramado algumas gotas de seu leite materno no local, transformando as paredes da caverna em uma areia branca calcária abençoada.
Até hoje, tanto homens como mulheres coletam o pó dessa parede e o transportam para suas casas para misturá-lo com água ou leite e bebê-lo, na esperança de que aquelas gotas que, supostamente, pingaram no chão da caverna há mais de 2 mil anos, cure a infertilidade – um problema que afeta 48,5 milhões de casais pelo mundo.
Muitos fiéis já compartilharam histórias de milagres concedidos depois que rezaram na gruta e consumiram a poeira abençoada de suas paredes.
TER FÉ É O QUE IMPORTA

Fotos: Reprodução
A tradição da Gruta do Leite, localizada a cerca de 200 metros ao sul da Basílica da Natividade, surgiu em meados do século VI, sendo que um folheto do começo dos anos 2000 dizia que a fórmula para intercessão era simples: primeiro, o casal precisava rezar de maneira devota à Nossa Senhora, confiando em seu poder de intercessão junto a Deus. Depois, a cada dia, o homem e a mulher deveriam ingerir um pouquinho do pó das paredes da gruta, com leite ou água, durante todo o ciclo fértil da mulher. Por fim, pedir a intercessão de Nossa Senhora junto a seu filho Jesus para curar o problema do casal.
No folheto daquela época, também era pedido que os casais que alcançassem a graça de conceber um bebê praticando esse rito de devoção pura deveriam mandar uma foto da criança acompanhada de um testemunho.
É por isso que, hoje em dia, a caverna subterrânea está repleta de altares e obras de arte da Virgem Maria e seu filho. O local, no entanto, é um lugar de homenagem desde o século IV d.C., com uma igreja sendo construída na era bizantina. O papa Gregório XI concedeu permissão para ampliar o local no século XIV, sendo que a atual Capela da Gruta do Leite foi construída no século XIX.
Enquanto alguns dizem que o "leite em pó" só pode ser obtido visitando pessoalmente o santuário, vários sites, como Etsy e eBay, divulgam a disponibilidade de sachês do produto para que casais desesperados possam pedir pelo milagre. Contudo, esse tipo de comércio não é exclusivo da era da internet.
Em uma matéria de dezembro de 2001 da Folha de São Paulo, um casal de brasileiros já agradecia um padre americano por enviar o pó sagrado da Gruta do Leite. “Estou extremamente feliz agora ao lado do meu filho tão esperado. O poder do leite de Maria nos salvou”, dizia a carta.
E quando o padre foi questionado sobre se foi feito algum estudo científico para verificar se a rocha possui alguma propriedade especial, ele deu a resposta que, certamente, prevalece até hoje: “O importante é a fé”.
Fonte: Mega Curioso