O primeiro trimestre de 2023 bateu recorde de alertas de desmatamento no Cerrado, chegando a uma área de 1.375 km² registrada entre janeiro e março, segundo o sistema do Deter, que é operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Na Amazônia, por sua vez, o índice foi o segundo maior da série histórica, com 844 km². O pior índice continua sendo o do primeiro trimestre de 2022, quando a devastação da floresta chegou a 941 km².
Para efeito de comparação, o município do Rio de Janeiro tem uma área de 1200 km².
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A alta na trajetória de destruição dos biomas indica que o crime ambiental ainda não foi interrompido pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no primeiro dia de sua administração prometeu "desmatamento zero" na Amazônia.
Baseado em imagens produzidas pelos satélites Aqua e Terra, da Nasa, o Deter é capaz de monitorar o desmatamento em tempo real, com dados diários, mas é menos preciso que o dado anual do Inpe (produzido pelo sistema Prodes), porque a variação na cobertura de nuvens atrapalha sua visão.
Para a ONG ambientalista WWF, os dados são vistos como preocupantes e refletem que não será uma tarefa trivial reverter a desarticulação de políticas ambientais realizadas no governo de Jair Bolsonaro.
"Provavelmente a redução do desmatamento só ocorrerá quando houver uma reversão consistente da fragilização das instituições responsáveis pela fiscalização e quando o discurso do novo governo ganhar mais materialidade", diz, em nota.
Nesta quinta-feira, o Ministério do Meio Ambiente anunciou que houve um aumento de 219% no número de autuações no primeiro trimestre relacionados a delitos contra a flora amazônica em relação à média do mesmo período nos últimos quatro anos. Os dados foram compilados pelo Ibama.
As apreensões de bens relacionadas às infrações ambientais também tiveram acréscimo de 133%, puxado pela megaoperação contra o garimpo ilegal na Terra Ianomâmi, a maior reserva indígena do país."Essas medidas descapitalizam os infratores e impedem que obtenham financiamento, além de restringir o comércio de produtos ilegais", afirmou o MMA, em texto publicado ontem.
Mesmo com essas ações, o desmatamento na Amazônia vem sendo registrado em uma trajetória crescente desde janeiro, quando passou de uma área sob alerta de 166 km² para 356 km².
Segundo o Inpe, os maiores avisos de destruição foram registrados no estado do Amazonas (127 km²), Pará (83 km²) e Mato Grosso (80 km²).
Os alertas do Deter no Cerrado começaram a ser contabilizados desde 2019; e os da Amazônia desde 2016.
Fonte: O Globo