O projeto pretende desenvolver soluções capazes de auxiliar no diagnóstico e tratamento de doenças como hanseníase, leishmaniose, doença de Chagas e dengue.
O projeto "AmazonIA - Aplicação de modelos de aprendizagem de máquina e aprendizagem profunda para análise de dados sobre doenças tropicais negligenciadas na Amazônia" foi um dos selecionados pelo Centro de Inovação em Inteligência Artificial para a Saúde (CIIA-Saúde) para receber aporte financeiro de fundações, empresas e instituições de pesquisa.
O AmazonIA tem como objetivo desenvolver e implementar modelos computacionais baseados em técnicas de aprendizado de máquina e aprendizado profundo para auxiliar no diagnóstico, tratamento e prognóstico das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN), melhorando o manejo clínico, a vigilância em saúde e a tomada de decisão no contexto da saúde pública no Brasil.
As DTN são doenças que recebem pouco ou nenhum investimento em pesquisa, por serem endêmicas de regiões menos favorecidas economicamente, tendo assim, poucas ou às vezes nenhuma opção terapêutica disponível, visto que a indústria farmacêutica não vê vantagens nesse mercado. Entre as mais de 20 patologias consideradas DTN na região estão: hanseníase, dengue, leishmaniose, esquistossomose, raiva humana transmitida por cães, escabiose (sarna), doença de Chagas, parasitoses intestinais e tracoma, que são também conhecidas como doenças infecciosas negligenciadas – que põem em risco mais de 200 milhões de pessoas.
Inseto conhecido como barbeiro -
Ufam no AmazonIA
Na Ufam, o projeto será coordenado pelo pesquisador do Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas (Icomp/Ufam), professor Altigran Soares da Silva. Ele destaca que a equipe está engajada para a missão de melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas pelas DTN.
"Estamos entusiasmados com a oportunidade de contribuir para pesquisas relevantes na área de saúde por meio deste projeto. Nosso objetivo é reduzir o impacto social e econômico dessas doenças, melhorando a qualidade de vida das pessoas afetadas e contribuindo para a formulação de políticas públicas eficazes na área da saúde. Estamos ansiosos para começar esse trabalho importante"
afirmou professor Soares.
Pesquisa com participação da UFPA alerta para o baixo índice de consumo de alimentos biodiversos no Brasil
O Pará é rico em alimentos biodiversos, como a Caapeba-Amazônica, a Urtiga vermelha, a Beldroega e até mesmo o jambú.
Portal Amazônia, com informação da UFPA | Atualizado
Essencial para melhorar a nutrição e reduzir a fome da população, a biodiversidade alimentar está presente no mundo todo, mas alimentos biodiversos ainda não possuem um bom alcance de consumo. O Pará, por exemplo, é rico em alimentos biodiversos, como a Caapeba-Amazônica (Piper peltatum L.), a Urtiga vermelha (Laportea aestuans (L.) Chew), Beldroega (Portulaca oleracea L.) e até mesmo o jambu (Acmella oleracea), que, embora possua um grande consumo local e regional, a maioria dos brasileiros ainda o desconhece. Com essa realidade, pesquisadores de seis instituições brasileiras desenvolveram um estudo sobre o consumo de alimentos biodiversos no Brasil.
Para desenvolver a pesquisa, esses cientistas utilizaram dados de uma pesquisa nacional sobre alimentação, realizada com mais de 40.000 brasileiros pelo IBGE, entre 2017 e 2018, e estimaram a frequência de consumo de alimentos biodiversos, levando em consideração variáveis socioeconômicas, como idade, sexo, escolaridade e segurança alimentar. O estudo reuniu pesquisadores de diferentes áreas das Universidades Federais do Pará (UFPA), do Rio Grande do Norte (UFRN), de Campina Grande (UFCG), da Paraíba (UFPB) e de Pernambuco (UFPE), além da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e Universidade Católica de Pernambuco.
O estado do Pará é rico em alimentos biodiversos - Foto: Envato/Divulgação
Ao analisarem o consumo de plantas alimentícias não convencionais (PANC), cogumelos comestíveis e carnes silvestres, como alimentos biodiversos, a pesquisa constatou que, apesar de o Brasil ser um país extremamente rico em biodiversidade, o consumo desses alimentos em território nacional é muito baixo, relacionado a apenas 1,3% da população. A coleta e a análise dos dados apontaram, ainda, que esta baixa utilização da biodiversidade está diretamente relacionada aos fatores socioeconômicos, pois há um importante descompasso entre a rica biodiversidade do país e sua representação na dieta humana, uma vez que o consumo de plantas alimentícias não convencionais esteve menos presente em populações mais pobres e vulneráveis socialmente.
A pesquisa também mostrou disparidades sociais no consumo de cogumelos e animais silvestres, sendo o consumo de cogumelos maior por pessoas com maior renda, enquanto a carne de animais silvestres é consumida por pessoas em insegurança alimentar grave. De acordo com a nutricionista Elenilma Barros da Silva, da Diretoria de Serviços de Alimentação Estudantil – Disae da UFPA, que integra a equipe pesquisadora que realizou o estudo, este é o primeiro levantamento sobre a contribuição de alimentos da biodiversidade realizado com uma amostra representativa da população brasileira.
"Os resultados deste estudo nos trouxeram novas perspectivas sobre a questão da biodiversidade alimentar no Brasil. Primeiro, nos mostrou a importância de considerar o contexto socioeconômico ao promover o consumo desses alimentos para a população. Segundo, foi possível enxergar a necessidade de se ter políticas públicas e campanhas de conscientização, devidamente adaptadas às culturas e regiões aplicadas, para aumentar o consumo consciente de alimentos biodiversos. Terceiro, esses dados podem ajudar no desenvolvimento de iniciativas voltadas para a melhoria da qualidade das dietas e promoção da segurança alimentar no país"
destaca Elenilma Barros da Silva.
Comida vegana à base de plantas - Foto: Envato/Divulgação
Biodiversidade Alimentar
Alimentos biodiversos são recursos alimentares pouco explorados no dia a dia da maioria das pessoas, estando quase que restritos a certos grupos e contextos geográficos. Por não serem comuns à região e à realidade de toda a população, muitas vezes são negligenciados, embora sejam essenciais para processos de reestruturação alimentar de uma população, podendo diminuir os altos índices de desnutrição e fome, por exemplo, por desempenharem um papel crucial na proteção da segurança alimentar, complementando as culturas de base e fornecendo micronutrientes essenciais.
"Esses alimentos são nutritivos, ricos em micronutrientes, vitaminas e minerais, ideais para diversificar nossa dieta e promover um estilo de vida saudável e sustentável"
afirma Elenilma Barros da Silva.
Mas, mesmo em países com uma rica biodiversidade, o consumo desses alimentos é extremamente baixo. O Brasil, por exemplo, é um país considerado megabiodiverso, lar de mais de 50.000 espécies nativas de plantas, fungos e algas, e mais de 100.000 espécies de animais, as quais são pouco utilizadas em benefício da dieta média do brasileiro.
Jambu
O uso das folhas e talos do jambu como hortaliça é muito difundido na Amazônia
Portal Amazônia, com informações da Prefeitura de Belém r
Folhosa herbácea perene, com crescimento prostrado, atingindo de 20 cm a 40 cm. Na Amazônia, é encontrado em hortas domésticas e cultivado com finalidade comercial por pequenos agricultores. Produz flores amarelas e sementes abundantemente, sendo comum ocorrer nos quintais sem que se efetue seu plantio sistematizado. Em regiões com clima mais ameno, é possível seu cultivo durante o verão. Suas folhas devem estar viçosas (sem amarelados ou murchas), sem marcas de insetos ou machucados.
Foto: Divulgação
O uso das folhas e talos do jambu como hortaliça é muito difundido na Amazônia, indispensável na preparação de iguarias regionais como o pato no tucupi (mais comum no Pará), o tambaqui no tucupi (mais comum no Amazonas) e o tacacá, cujos ingredientes são o tucupi, a goma de mandioca, o jambu e o camarão seco. Além disso, a folhagem é utilizada em cozidos e sopas.
Você sabia que o sabor característico tão apreciado é devido à epilantina, substância que provoca sensação anestésica e salivação quando se utilizam as folhas e especialmente as flores de jambu?