Muitas vezes, nos apaixonamos pelos animais peludos e simpáticos que vivem na Amazônia, mas não devemos esquecer que eles são selvagens e precisam ser respeitados. LUCA.FRAZAO@GMAIL.COM">LUCIANA FRAZÃO - LUCA.FRAZAO@GMAIL.COM Olá, entusiastas da natureza! Bem-vindos à selva amazônica, onde a natureza brilha com uma incrível diversidade de vida. Muitas vezes, nos apaixonamos pelos animais peludos e simpáticos que aqui vivem, mas não devemos esquecer que eles são selvagens e precisam ser respeitados. Vamos conhecer cinco deles!
Preguiça-bentinho (Bradypus tridactylus) A preguiça-bentinho, também conhecida como preguiça-de-três-dedos, é um dos encantadores habitantes das florestas tropicais da América do Sul, incluindo a Amazônia. As preguiças-bentinho são relativamente pequenas, medindo cerca de 45 a 55 centímetros de comprimento e pesando de 2 a 4 kg. São animais herbívoros e se alimentam principalmente de folhas, brotos e frutos de árvores. No entanto, são extremamente seletivas na escolha de suas refeições, optando por folhas jovens e tenras, que são mais facilmente digeríveis. Elas são conhecidas por seus movimentos lentos, e possuem garras longas e curvas, que são adaptadas para se agarrar a galhos e ramos. Essas garras permitem que elas se movam com facilidade entre as árvores. As preguiças-bentinho são notáveis por sua capacidade de se camuflar nas copas das árvores devido ao seu pelo cheio de algas. Isso lhes proporciona uma camuflagem eficaz contra predadores e, ao mesmo tempo, pode ajudar a fornecer umidade e nutrientes extras. Esses animais são naturalmente agressivos quando se sentem ameaçados e podem morder ou arranhar, e as garras afiadas podem ser perigosas se sentirem ameaçadas.
Preguiça-bentinho (Bradypus tridactylus). Foto: Christian Mehlführer Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) O tamanduá-mirim é uma espécie com uma aparência única. Eles são de tamanho médio, medindo cerca de 35 a 50 centímetros de comprimento, com um corpo coberto de pelos curtos e olhos pequenos. Uma característica marcante é o padrão de cor distintivo em forma de colete em suas costas. Tamanduás-mirins são insetívoros e se alimentam principalmente de formigas, cupins e outros insetos. Para se alimentarem utilizam a língua longa e pegajosa que lhes permite retirar os insetos dos ninhos e das árvores. São criaturas terrestres, embora também sejam capazes de subir em árvores. Possuem garras longas e curvas que são usadas para cavar em busca de insetos e se agarrar a superfícies ásperas. Sua língua é extensível e pode medir até 40 centímetros de comprimento. Quando se sentem ameaçados, os tamanduás-mirins podem se defender de várias maneiras. Eles podem se erguer sobre as patas traseiras para parecerem maiores e usar suas garras dianteiras para atacar. Suas garras afiadas são eficazes na defesa e podem causar ferimentos doloridos.
Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla). Foto: Bart Van Dorp Ariranha (Pteronura brasiliensis) A ariranha é considerada a maior lontra do mundo, podendo atingir até 1,8 metros de comprimento, excluindo a cauda. Elas têm uma pelagem densa e marrom escuro, com manchas brancas no peito. São animais carnívoros e se alimentam principalmente de peixes, mas também podem caçar aves, roedores, répteis e até mesmo jacarés. São excelentes nadadoras e caçadoras ágeis, bem adaptadas à vida aquática, com corpos hidrodinâmicos, membranas interdigitais nas patas e caudas longas e fortes que funcionam como lemes na água. Ariranhas são conhecidas por suas vocalizações altas e distintas que são usadas para comunicação dentro do grupo. Elas também constroem tocas subaquáticas para abrigo e descanso. Devido ao seu tamanho e comportamento em grupo, as ariranhas têm poucos predadores naturais. No entanto, quando ameaçadas, elas podem se defender de forma agressiva. Elas têm dentes afiados e garras poderosas que podem ser usados para morder e arranhar. Além disso, sua natureza social significa que o grupo pode se unir para enfrentar ameaças com mais eficácia.
Ariranha (Pteronura brasiliensis). Foto: Divulgação ICMBio Quati (Nasua nasua) Os quatis têm uma aparência distinta, com um focinho longo e flexível, orelhas pontiagudas e uma cauda longa e peluda. São animais de tamanho médio, pesando entre 2,5 e 10 kg, medindo 40 a 65 cm de comprimento com uma cauda de cerca de 50 cm, sendo os machos maiores do que as fêmeas. São animais onívoros e têm uma dieta variada de frutas, insetos, pequenos vertebrados, ovos, e até mesmo carrapatos e escorpiões. No entanto, há descrições do consumo de mamíferos de maior porte, como o macaco-prego e as pacas, o que sugere um forte potencial de predação. Os quatis são altamente sociais e comunicativos, usando vocalizações para se comunicar com outros membros do grupo. Quando ameaçados, podem se defender de várias maneiras. Eles podem mostrar os dentes e rosnar, usar suas garras afiadas para arranhar e morder. Os quatis, quando se sentem ameaçados, podem causar ferimentos graves aos seres humanos com as suas garras longas, dentes afiados e músculos fortes da mandíbula.
Quati (Nasua nasua). Foto: Augusto Gomes Macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus) O macaco-de-cheiro, também conhecido como sagui-de-cheiro, é uma pequena espécie de primata pequeno e esbelto, medindo cerca de 25 a 30 centímetros de comprimento, com uma cauda quase tão longa quanto o corpo. Esses macacos são onívoros e têm uma dieta variada, comendo frutas, insetos, folhas, flores e pequenos vertebrados. Sua dieta é adaptável e depende da disponibilidade de alimentos na região. São animais ágeis que passam a maior parte do tempo nas árvores. Os macacos-de-cheiro são altamente sociáveis e comunicativos. Eles emitem uma variedade de vocalizações, incluindo trinados, guinchos e chamados para manter a coesão do grupo. Quando se sentem ameaçados, eles podem vocalizar alto e adotar comportamentos de defesa coletiva, como atirar objetos ou até mesmo morder. Sua agilidade e rapidez também são meios de defesa eficazes. Os macacos-de-cheiro são animais notáveis que desempenham um papel importante na dispersão de sementes e no equilíbrio dos ecossistemas florestais.
Macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus). Foto: Luc Viatour Vale destacar que esses animais por serem considerados fofos, sofrem com o problema do turismo ilegal, atividade comum na Amazônia. Onde exploradores se aproveitam da busca dos likes nas redes sociais e da ignorância e do entusiasmo dos turistas para ter o contato mais próximo possível da natureza, e colocam bichos-preguiça, primatas, e outro animais, grande parte ainda filhote, no colo dos visitantes para fotografias. As consequências são animais sofrendo e sendo retirados da natureza, onde têm funções ecológicas para cumprir. Os que são resgatados podem nunca mais retornar à vida livre. Animais selvagens devem ser observados a distância e com respeito. É isso pessoal! Lembre-se, a Amazônia é o lar desses adoráveis animais, mas eles são selvagens e devem ser observados com respeito e cautela. Aprecie sua beleza, mas mantenha uma distância segura para garantir a segurança de todos os habitantes da floresta e a sua própria. Viva a magia da selva, mas com responsabilidade! Abraços de sucuri para vocês e até ao próximo texto com informações sobre a nossa exuberante fauna da amazônica!
Sobre a autora Luciana Frazão é pesquisadora na Universidade de Coimbra (Portugal), onde atua em estudos relacionados as Reservas da Biosfera da UNESCO, doutora em Biodiversidade e Conservação (Universidade Federal do Amazonas) e mestre em zoologia (Universidade Federal do Pará). *O conteúdo é de responsabilidade da colunista
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