Brasil : Biomédico preso usava assinatura de médico cassado em dois estados
Enviado por alexandre em 03/11/2023 10:43:36

Foto: Reprodução

Rafael Bracca, biomédico preso por exercício ilegal da profissão, usava carimbo e assintura de um médico cassado pelo CRM no DF e em Goiás

Rafael Bracca, o biomédico e influencer preso nessa quarta-feira (1º/11) por exercício ilegal da profissão, usava o carimbo e a assinatura de um médico cassado em dois estados. O Metrópoles teve acesso a documentos da clínica mostrando pedidos de exame no nome do médico Herval Cavalcanti Pereira de Sá Martins, de junho de 2023. Além de não poder atuar desde março, ele nega ter assinado qualquer papel da clínica esse ano.


Bracca é alvo de denúncias de um grupo de cerca de 10 mulheres, de Brasília, Goiás e São Paulo, que relatam ter sofrido danos irreversíveis à saúde após realizarem um procedimento no bumbum com o biomédico, chamado “protocolo TX-8”. Além disso, ele virou réu por tráfico de drogas, após a Polícia Civil ter encontrado substância proibida no consultório. E a prisão recente, em flagrante, aconteceu por crimes de exercício irregular de atividade e venda de medicamentos sem autorização.


Somado às denúncias, algumas em apuração e outras já concluídas pela polícia, há agora a relação com o médico Herval Cavalcanti. Ele foi cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) em março de 2023 e, um mês depois, pela unidade de Goiás do CRM. Os documentos obtidos pelo Metrópoles, porém, mostram o que seria uma atuação dele na clínica após essas cassações.

 

Veja também 

 

Cachorra idosa é abandonada após ser adotada, fica na chuva e não sobrevive

'Golpe da Sedução': Polícia Civil prende grupo conhecido como 'Tropa do Sequestro' na Vila Madalena

São pedidos de exames realizados pela clínica de Rafael Bracca, como solicitações de PRC para detecção de Covid-19, coleta de hemograma e mais. O carimbo e a assinatura são de Herval, que nega ter feito qualquer pedido para o consultório de Bracca neste ano.

 

“Não tenho ligação com ele há muito tempo, atendi um paciente lá uma vez ou outra e acabou. Não assinei nada do ano passado para cá. Se ele tem um carimbo, mandou fazer, não sei… Mas tenho certeza que a assinatura não é minha”, afirmou à reportagem.

 

Herval ainda diz que já prestou depoimento policial por conta desse caso, que tem testemunhas que podem confirmar que ele não estava trabalhando na clínica e que está recorrendo da cassação. “Estou na justiça contra o Conselho [Regional de Medicina]. Não foi correto o que fizeram comigo, sempre tiveram perseguição contra quem atua na medicina ortomolecular”, alega.

 

A cassação do médico que trabalhava com Bracca foi fundamentada, segundo o CRM, por infração a cinco artigos do Código de Ética Médica de 2009. Eles proíbem praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação vigente no país, deixar de cumprir as normas dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina, exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a terapêutica ou exceder-se no número de visitas e participar de anúncios de empresas comerciais valendo-se da profissão.


Pacientes ouvidas pelo Metrópoles denunciam que era Rafael Bracca quem assinava os documentos pelo médico. Algumas nunca chegaram a ver Herval na clínica e dizem que sempre pegavam os pedidos de exame direto das mãos do biomédico. Procurada, a defesa de Bracca afirmou que vai aguardar as investigações de novos fatos.

 

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu em flagrante, na tarde de quarta-feira (1º/11), o biomédico Rafael Bracca, acusado por mulheres de pelo menos três unidades da Federação de causar danos irreversíveis à saúde e à estética delas, após passarem por um procedimento no bumbum. Ele acabou detido na clínica que já havia sido interditada anteriormente, na 610 Sul, por exercício irregular da atividade.

 

A ocorrência foi registrada como delito por “exercício ilegal de profissão ou atividade, adulteração, falsificação, corrupção ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”. O caso é investigado pela 1ª Delegacia de Polícia, que prendeu Bracca durante uma ação em conjunto com a Vigilância Sanitária.

 

A clínica do biomédico já havia sido interditada e, ainda assim, ele continuava atendendo. “Em uma nova vistoria da Anvisa, foi constatada diversas irregularidades, como medicamentos anestésicos, antibióticos, que não podiam ser ministrados pelo biomédico, bem como outras irregularidades. Além da ação de hoje, a delegacia possui dois inquéritos que apuram lesões corporais praticadas pelo biomédico no exercício irregular de suas atividades”, divulgou a delegacia.


Nas redes, o biomédico influencer alegou que utilizava produtos de marcas que “estariam suspensas cautelarmente”, mas que não tinha conhecimento. “A Clínica Bracca está fazendo todos os esforços para reestabelecer os atendimentos o mais breve possível”, finalizou.

 

O advogado de defesa do biomédico, Bruno Morato, argumenta que o cliente é inocente, que está colaborando com as investigações e andamentos processuais, e que a prisão preventiva “fere o princípio da presunção de inocência”. “Existem medidas cautelares que poderiam ser usadas neste momento. Todos os fatos serão esclarecidos durante o processo e a sua inocência será provada.”

 

TRÁFICO

 

Pouco antes da prisão, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) tornou o biomédico Rafael Bracca réu por tráfico de drogas. Esse caso foi concluído na Polícia Civil com o indiciamento do influencer. Em busca e apreensão de fevereiro deste ano, foram encontradas fórmulas proibidas no escritório dele na Asa Sul.

 

Na ocasião, os agentes flagraram 200 unidades de cápsulas vermelhas de metilhexanamina (DMAA), que auxilia no emagrecimento, mas foi proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2012 por aumentar riscos de surgimento de doenças cardíacas, hepáticas e renais, por exemplo.

 


No processo, o Ministério Público lembrou que os materiais apreendidos são “proibidos há bastante tempo”, e ainda pontuou que Bracca é biomédico e frequentador de academia, então “não possui um juízo leigo sobre o que é permitido ou proibido”. O órgão também não ofereceu proposta de Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) ao denunciado, afirmando que “há claros indícios de conduta criminosa profissional, reiterada e habitual, considerando que ele responde a outra ação penal”.

 

Fonte: Metrópoles

LEIA MAIS

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia