O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou, nesta terça-feira (14), João Carlos Mayer Soares, juiz federal da 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, para exercer cargo de juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). A escolha gerou discussões no cenário político após Carolina Brígido, colunista do UOL, noticiar o fato de que Mayer teria recebido forte apoio de Kassio Nunes Marques, ministro indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao DCM, o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, classificou a matéria como “maldosa” e desprovida de contexto, enfatizando a competência e a trajetória profissional de Mayer como critérios primordiais para sua nomeação. Ele destacou a relação do juiz com o campo progressista no Paraná, incluindo conversas com a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, e com os advogados ligados a Lula.

“O nomeado tem uma relação histórica com o campo progressista, com vários advogados ligados ao campo progressista, com vários deputados do PT, com dirigentes do partido e foi uma excelente escolha. O presidente merece o nosso reconhecimento e o nosso carinho. Ele voltou para a lista pela segunda vez e é um nome muito querido do tribunal e tem todas as condições, enfim, de exercer com muita dignidade essa função para a qual ele foi escolhido”, afirmou Marco Aurélio.

Carvalho disse que Lula expressou preocupação com a repercussão negativa da notícia e destacou as antigas relações de Mayer com deputados do PT e com o próprio ministro Kassio, que também foi nomeado para o TRF-1 pela presidente Dilma Rousseff em 2011.

Carvalho minimizou ainda preocupação com o apoio de Nunes Marques, vendo isso como positivo. Ele destacou a importância de manter um diálogo saudável e harmônico, mesmo com diferenças pontuais, e ressaltou as maiores convergências nas relações.

“Está repercutindo muito mal. O objetivo nosso é reconstruir relações. Qual é o problema? O apoio do ministro Kassio não é uma coisa que nos preocupa. Ao contrário, ele próprio tem uma relação excelente conosco. Podemos divergir em algumas questões pontuais, mas nas questões fundamentais a gente tem um compromisso”, disse.

“Não há nenhum problema em ter o apoio do ministro Kassio. Que bom que ele tem, mas não tem SÓ o apoio dele. Tem de outras figuras importantes, né? Do mundo jurídico e do mundo político. E não nos cria nenhum tipo de constrangimento. O ministro é uma pessoa com quem a gente quer dialogar, quer manter uma relação saudável, harmônica. Podemos ter diferenças, mas as nossas convergências são sempre muito maiores. Não temos dúvida disso.”

Mayer foi nomeado por Lula entre os integrantes de uma lista tríplice que tinha ainda os nomes dos magistrados Pablo Zuniga e Rosymaire Gonçalves. Ele chegou a figurar em outra lista para o TRF-1 elaborada no primeiro semestre de 2023, mas não foi escolhido. Agora, o juiz entra na vaga decorrente da aposentadoria de Cândido Artur Medeiros Ribeiro Filho.