O agente da Polícia Federal Jorge Chastalo Filho e Lula. Foto: reprodução
O agente da Polícia Federal (PF) Jorge Chastalo Filho, responsável pelas celas dos presos da Operação Lava Jato, revelou detalhes dos 580 dias em que o presidente Lula (PT) esteve detido em Curitiba (PR). Ele descreveu momentos tensos, de tristeza e até o início do relacionamento do petista com Janja, além do plano de sair da prisão e retornar ao Planalto.
Em uma entrevista ao colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, Jorge compartilhou a experiência de lidar com Lula, desde a preparação para a chegada do presidente, quando teve que adaptar um dormitório de policiais para atender às condições de “sala de Estado Maior”.
Inicialmente, Chastalo teve que convocar 60 policiais de outras localidades para reforçar a segurança, apesar de algumas opiniões contrárias. “Várias pessoas me falaram ‘para que 60 policiais aqui, se eles têm as missões dele e o Lula não vai ficar preso nem cinco dias? O STF vai soltar ele em cinco, seis dias’”, lembrou o policial.
Depois, ao longo do convívio, passou a ouvir de Lula lembranças do passado, agonias da prisão e planos para o futuro.
Ao longo do convívio, Lula compartilhou lembranças do passado, angústias da prisão e projetos futuros. Ele expressava satisfação com seus primeiros governos, mas admitia que poderia ter defendido com mais força alguns projetos e vislumbrava um retorno ao Planalto.
“Ele falou isso mais de uma vez. Eu pensava que tudo é possível, inclusive nada, porque a situação dele não era fácil. Era terrível. Era bastante complicado acreditar que ele pudesse chegar onde chegou”, ressaltou o agente da PF.
O agente da Polícia Federal Jorge Chastalo Filho e Lula. Foto: reprodução
Sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Lula na eleição de 2022, o chefe do Executivo o considerava “despreparado” para liderar o país.
Durante esse período, Chastalo testemunhou os dramas pessoais de Lula, como a perda de pessoas próximas, incluindo seu amigo Sigmaringa Seixas e seu neto Arthur, de 7 anos, falecido vítima de meningite bacteriana, o que o agente descreveu como o momento mais difícil de Lula na prisão.
“O momento mais terrível para ele, e acredito que um dos momentos mais terríveis da vida dele, foi a perda do neto, Arthur. Isso causou um sofrimento absurdo, ele chorou, ficou muito mal durante uma semana, depois começou a se sentir mais… o tempo vai ajudando. Esse foi o pior momento”, contou Jorge.
Viúvo desde fevereiro de 2017, quando faleceu a ex-primeira-dama Marisa Letícia, Lula iniciou um relacionamento com Janja antes de ser preso. Mesmo detido, planejava casar-se com ela, trocando cartas, sendo autorizada a visitá-lo meses após sua prisão.
Janja demonstrava cuidado com Lula, enviando roupas e sopa para o mandatário. Segundo o carcereiro, esse cuidado foi crucial. “Acredito que tenha sido fundamental, ela cuidava muito dele preso”, disse.
O agente da Polícia Federal Jorge Chastalo Filho e Lula. Foto: reprodução 
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