O Brasil está dividido em relação à influência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos atos ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. A informação foi obtida após a análise da última pesquisa da Quaest sobre a opinião dos brasileiros um ano após as ações realizadas por terroristas bolsonaristas. A pesquisa foi publicada no site da Quaest e no perfil do diretor da pesquisa, Felipe Nunes, no X, antigo Twitter:
Um ano depois, os atos de 8/1 continuam rechaçados pela grande maioria da população. Pesquisa Genial/Quaest mostra que em todas as regiões, faixas de renda, escolaridade e idade, em torno de 90% dos brasileiros condenam os atos (em 2023, desaprovação era de 94%).
Entre os eleitores de Bolsonaro, o índice de desaprovação é de 85%. Entre os eleitores de Lula, chega a 94%. A rejeição dos dois lados mostra a resistência da democracia brasileira. Diante de tanta polarização, é de se celebrar que o país não tenha caído na armadilha da politização da violência institucional.
Muita gente compara nosso 8/1 com o 6/1 nos EUA. Depois de um ano, eu prefiro ressaltar as diferenças. Em jan/21, logo depois da invasão do Capitólio, 9% dos americanos aprovavam os atentados (no Brasil foram 4%). Em janeiro de 2022, um ano depois, esse percentual passou para 14% (no Brasil, chegou a 6%, menos da metade).
O grande erro que Biden cometeu e que permitiu aos Republicanos se recuperarem meses depois do mais violento ataque à democracia americana tem nome: “partidarização”. O 6 de janeiro nos EUA não é hoje um tema da democracia, mas um tema da polarização partidária: Democratas versus Republicanos.
No Brasil, para que os índices de apoio às invasões continuem baixos não se deve partidarizar o assunto. É imperativo que esse debate não seja contaminado por cores partidárias, já que se trata de um problema do Estado brasileiro. É a defesa das regras, da Constituição e da própria democracia que estão em jogo neste caso.
A não-politização do tema no caso brasileiro está refletida no fato de não ter aumentado as diferenças de percepção se os participantes das invasões representam a média dos eleitores do ex-presidente ou se são radicais. Diminui de 42% para 37% (-4pp) a percepção de que são representantes legítimos do bolsonarismo. A maioria, 51%, acredita que são radicais que não representam o eleitor típico do Bolsonaro.
Essa mudança aconteceu dentro do eleitorado do Lula. Em 2023, a diferença entre quem achava que eram representantes do Bolsonarismo ou não era de 37 pp. Em 2024, essa diferença caiu para 29 pp. Uma mudança estatisticamente significativa.
Perguntados pela Genial/Quaest sobre a possibilidade de influência do ex-presidente Jair Bolsonaro na organização dos atos, as opiniões se dividiram: 47% acreditam que Bolsonaro teve alguma influência, contra 43% que pensam o contrário. Em 2023, essa diferença era maior.
No recorte regional, apenas no Centro-Oeste/Norte não vimos mudanças significativas. Mas o destaque é a região Sul, onde em fevereiro as duas opiniões estavam empatadas em 46% e a última pesquisa registra 53% que não acreditam em alguma influência e 39% que acham que sim.
No recorte por voto no segundo turno, vemos novamente a polarização que tem se calcificado no país: 76% dos eleitores de Lula acusam e 81% defendem o ex-presidente, com oscilação mínima sobre fevereiro. Ou seja, quando o tema é politizado, a reação é polarização.
A pesquisa foi realizada entre os dias 14 e 18 de dezembro, com 2.012 entrevistas presenciais com brasileiros de 16 anos ou mais em todos os Estados. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.