Regionais : Reclamação da comida e busca por apoio psicológico: como vivem os presos do 8/1
Enviado por alexandre em 07/01/2024 21:34:05


Bolsonaristas sendo presos após atos golpistas de 8 de janeiro. Foto: Ueslei Marcelino

Há quase um ano, cerca de 1388 manifestantes bolsonaristas foram presos pelos ataques na praça dos Três Poderes, em Brasília. Atualmente, 66 deles ainda tem a liberdade cerceada em que 17 estão encarcerados nas galerias da Papuda, complexo penitenciário do Rio de Janeiro.

Entre eles está o autônomo Davis Baek, de 41 anos, que saiu de São Paulo para depredar Brasília. Ele foi detido na Praça dos Três Poderes com materiais como rojões, canivetes, munições de gás lacrimogêneo, facas e balas de borracha, e identificado pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República como incitador e executor de atos antidemocráticos.

Baek foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e agora está recluso no Centro de Detenção Provisória II, no Complexo da Papuda.Um levantamento realizado pelo GLOBO, um ano após os ataques de 8 de janeiro, revela que Baek representa a média dos detentos que permanecem na Capital Federal. Dos 17 indivíduos nas galerias da Papuda por participação nas invasões e depredações, 16 são homens e uma mulher, com idade em torno de 41 anos, a maioria originária de São Paulo, Paraná e Brasília.

Manifestantes no 8 de janeiro em Brasília
Bolsonaristas durante atos golpistas de 8 de janeiro. Foto: Reprodução

Na época dos ataques, 1.388 presos foram alojados em três dias nos presídios da Papuda (masculino) e da Colmeia (feminino), e a administração penitenciária correu contra o tempo para alojar todos eles. “A gente recebe uma média de 480 presos por mês. Naquela época, nós recebemos 1.400 em três dias. Eu não tinha material para tão pouco tempo”, lembrou Wenderson Souza e Teles, secretário de Administração Penitenciária do Distrito Federal.

Além de Baek, outras figuras chaves de 8 de janeiro estão presos na Papuda. O mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira, por exemplo, flagrado quebrando um relógio no Palácio do Planalto, está detido em Minas Gerais. Outro detento é o operador de caixa Fernando Kevin da Silva de Oliveira Marinho, de 27 anos, natural de Nova Iguaçu.

Ele foi condenado a 16 anos e seis meses por enviar mensagens em grupos de Whatsapp afirmando que faria imagens dos atos. Matheus Lima de Carvalho Lázaro, de 24 anos, de Apucarana, Paraná, foi preso com um canivete após deixar o Congresso Nacional, defendendo a intervenção militar.

A única mulher presa na Papuda é Ana Priscila Silva de Azevedo, de 39 anos. Ela era considerada uma das líderes do acampamento no QG e administrava um grupo no Telegram chamado “A queda da Babilônia”, com mais de 35 mil membros.

Rotina dos presos

De acordo com Marcelo Praxedes, diretor do Centro de Detenção Provisória II da Papuda, a maior solicitação destes detentos é apoio psicológico para lidarem com o encarceramento. “A área psicológica foi a mais requerida durante a permanência deles”, comentou.

Também há espaço pra reclamação. Os detentos afirmam que comem alimentos similares a “lavagem” durante a estadia. A opinião é rebatida por Praxedes também: “A alimentação é adequada. Fica mais pendente de sabor, mas condiz com toda a avaliação nutricional”, reafirmou.

Ao todo, os detentos recebem quatro refeições: café da manhã com pão com manteiga ou margarina e um achocolatado; almoço e jantar com 650 gramas, sendo 150 de proteína, 150 de guarnição, 150 de feijão e 200 de arroz, e suco de caixinha. A noite é finalizada com uma ceia, que oferece um sanduíche e uma fruta.

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