Presidente do STF afirmou que ex-presidente pode "emitir a opinião que quiser"
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, contrariou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dizendo que houve sim uma tentativa de golpe de Estado no Brasil há um ano.
– É evidente que houve mobilização para o golpe. Aqueles acampamentos nas portas dos quartéis não estavam pedindo a posse do presidente eleito. Estavam pedindo intervenção militar para impedir a posse do presidente eleito. Isso se chama golpe. Não tenho nenhuma dúvida de que houve uma grande mobilização pelo golpe. Se houve uma perspectiva real de acontecer, é uma outra discussão. Mas que houve muita mobilização, vontade de dar um golpe e um decreto o estruturando, é um fato da vida. Quando se tenta impedir a posse de um presidente eleito por um mecanismo que não é constitucional, isso se chama golpe – assinalou Barroso ao portal UOL.
O ministro também afirmou que o ex-chefe do Executivo está no direito dele ao pensar que havia manifestantes ligados à esquerda no meio da invasão às sedes dos Três Poderes.
– O país é livre. O ex-presidente tem direito de emitir a opinião que quiser. Se ele acha que são militantes de esquerda que estão presos, é um direito que tem – completou.
Em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro disse que os atos do 8 de janeiro, que culminaram na depredação de patrimônio público, foram uma “armadilha por parte da esquerda” e que vandalismo não é característica do comportamento da direita.
– Esse nunca foi o comportamento das pessoas que estão do nosso lado, de direita. Temos certeza de que aquilo ali foi uma armadilha por parte da esquerda. O pessoal de direita, conservador, nunca foi de fazer isso aí. Foi um movimento final convocado por mídias sociais, que não eram as nossas. Fizeram um ato que repudiamos desde o primeiro dia – frisou.
O ex-presidente também criticou o ato promovido pelo governo em memória ao 8 de janeiro.
– Vai ter um evento no dia 8 para comemorar o Dia da Democracia. Pelo amor de Deus… O PT do Lula defende [Nicolás] Maduro, a Nicarágua que expulsa freiras, cujo satélite PCdoB tem relações com a Coreia do Norte. Esse governo que diz que Israel cometeu absurdos contra o Hamas. Não reconhece o Hamas como terrorista. Esse cara é o democrata? – questionou.