Brasil : Brasil encerra 2023 com redução do desmatamento em 22%
Enviado por alexandre em 10/01/2024 00:30:00

De acordo com Paulo Artaxo, uma das grandes conquistas do ano foi a proteção dos povos originários, o que resultou na criação de um Ministério próprio.


Um fato é consenso entre os especialistas em meio ambiente: não existe discussão sobre mudanças climáticas que não envolva o Brasil, até porque o País pode sofrer grandes impactos ou oferecer grandes soluções para o clima em função da geografia, da disponibilidade de água e da Amazônia

O Brasil chega ao final de 2023 com a moral renovada, com a redução do desmatamento em 22% e a previsão de nova queda de emissão de gases no novo ano. O professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física, coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável, especialista em meio ambiente e mudanças climáticas, explica alguns desses avanços em 2023.

Entre as emissões de gases do efeito estufa no Brasil, o desmatamento da Amazônia corresponde a 51%, um tema que, no Congresso nacional, encontra como entrave a bancada do agronegócio. Recursos do Fundo Amazônia vão ser usados para combater o crime organizado na região. O garimpo ilegal, que polui e contamina rios e peixes, é outro ponto negativo que está sendo combatido. Uma das grandes conquistas do ano de 2023 em relação ao meio ambiente, segundo Artaxo, foi a proteção dos povos originários, com a criação de um Ministério próprio.

O desmatamento da Amazônia corresponde a 51% das emissões de gás do efeito estufa no Brasil – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) mostra que a destruição dos biomas brasileiros, classificados no relatório como "mudanças de uso da terra", é a maior responsável pela liberação dos gases que aceleram as mudanças climáticas, tendo sido responsável, em 2022, por 48% do total, ou seja, pela emissão de mais de 1 bilhão de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e). A questão energética ainda é um dos pontos negativos do atual governo, pois, apesar do grande potencial para o uso de energia eólica e solar, o País ainda é dependente do uso de petróleo. 

Expectativas para 2024 

A expectativa para 2024 é manter o que está sendo feito e melhorar o que foi esquecido, como, por exemplo, a eletrificação da frota de transportes nas grandes cidades. A medida deve melhorar sobremaneira a condição de vida nas metrópoles. 

Estima-se que a temperatura no Brasil, um país tropical e continental, deva aumentar em torno de 4° a 4, 5°, o que deve trazer impactos negativos para os ecossistemas, para as atividades econômicas e, claro, para a população.

Os eventos climáticos explodiram no ano de 2023 e cabe ao governo acender o alerta vermelho e enfrentar as dificuldades que estão por vir. A mudança climática, em função do aquecimento global, exige novas estruturas políticas para a redução de emissões de gases. 

No ranking global, o Brasil aparece em 6º lugar como poluidor do clima, com cerca de 3% das emissões totais. As primeiras posições são ocupadas por China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Indonésia, segundo dados mais recentes compilados pela iniciativa Climate Watch do World Resources Institute (WRI). 

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal da USP, escrito por Sandra Capomaccio

Acre é pioneiro no mundo em negociação jurisdicional de crédito de carbono

Diante dos desafios climáticos enfrentados pela humanidade, o Acre reafirma sua vanguarda ambiental e compromisso com a floresta em pé ao se tornar o primeiro local no planeta a estabelecer um sistema jurisdicional de negociação de crédito de carbono.

"Este é um modelo que abrange a totalidade de um território, neste caso, todo o Estado do Acre, e não apenas uma área específica, e que também compreende a dinâmica da diminuição do desmatamento e emissão dos gases de efeito estufa", explica Leonardo Carvalho, presidente do Instituto de Mudanças Climáticas (IMC).

Foto: Divulgação/Governo do Acre

Com cerca de 85% da cobertura florestal intacta, o Acre tem comprovado que é possível aliar a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico sustentável. Em 2023, o estado alcançou as maiores safras agrícolas dos últimos 30 anos e, ao mesmo tempo, reduziu as queimadas ilegais em 45%, em comparação com o ano anterior.

"Essa é a demonstração que é totalmente viável gerar negócios de valor a partir de soluções naturais. Somos uma grande reserva natural de ativos e o Acre passa a mensagem que é possível crescer com justiça climática", 

argumenta o presidente da Companhia de Desenvolvimento e Serviços Ambientais (CDSA), José Gondim.

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, o governo do Estado, por meio da CDSA, assinou uma carta de intenções para negociar créditos de carbono com a Emergent, responsável pela Coalizão LEAF, entidade público-privada que reúne mais de 60 países, empresas multinacionais e organizações não governamentais focadas no fim do desmatamento das florestas tropicais até 2030.

"O Acre foi o primeiro estado brasileiro a assinar com a Coalizão LEAF essa carta e isso só foi possível porque temos um Sistema de Incentivo a Serviços Ambientais eficiente, uma excelente governança de políticas públicas ambientais, um conjunto de leis que assegura segurança jurídica e facilidade na articulação com as comunidades tradicionais e movimentos sociais", afirma Gondim.

O documento prevê a negociação, nos próximos anos, de 10 milhões de toneladas de crédito de carbono. A expectativa é que as tratativas avancem ainda no primeiro semestre de 2024 e se revertam em benefício e melhoria da qualidade de vida das comunidades que vivem na zona rural.

"Estamos tratando de algo que pode render, no mínimo, algo em torno de 100 milhões de dólares ao nosso estado. Com estes recursos, vamos poder atender as necessidades dos povos indígenas, dos extrativistas e dos pequenos produtores rurais. Muito mais que isso, o Acre dá a sua contribuição no combate às mudanças climáticas e mostra ao mundo o valor imensurável da floresta em pé", declarou Leonardo Carvalho.


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Entenda o que é e para que serve o mercado de carbono 


 

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