O ministro destacou que apenas os delegados envolvidos na investigação possuem informações detalhadas sobre o caso. Ele lembrou que a única delação homologada pelo Poder Judiciário até o momento foi a de Élcio Vieira de Queiroz, ex-policial militar do Rio, em julho de 2023, que implicou o grupo liderado pelo contraventor Bernardo Bello no assassinato da vereadora.
Dino salientou que, a partir dos desdobramentos dessa delação, é natural que novos atos de investigação surjam, potencialmente levando a outras delações.
A PF, em nota divulgada nesta terça-feira, reforçou que as investigações permanecem sob sigilo e que, até o momento, apenas a delação de Élcio foi homologada. A instituição alertou para a divulgação de informações que não condizem com a realidade, comprometendo o trabalho investigativo e expondo cidadãos.
O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), conhecido como “02” e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está utilizando suas redes sociais para provocar Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, e Monica Benício (PSOL), também vereadora do Rio, irmã e viúva, respectivamente, de Marielle Franco, a respeito da nova delação fechada pela Polícia Federal no caso do assassinato da ex-vereadora.
O filho do ex-presidente tem ironizado a falta de declarações “em tom raivoso e metódico” da irmã e da viúva de Marielle, que têm falado publicamente sobre o caso.
“A ministra do Lula, irmã de Marielle, e nem sua companheira na época irão se pronunciar com aquele tom raivoso e metódico conhecido por todos diante da delação do tal de Lessa? E o ministro dos direitos humanos do chefe da facção? Nada?”, escreveu em suas redes sociais referindo-se também a Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e colega de Anielle na Esplanada.
Recentemente, a repórter Vera Araújo revelou que, segundo Ronnie Lessa, o executor de Marielle e do motorista Anderson Gomes, o crime teria como mandante Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), que tem foro privilegiado no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O motivo da euforia bolsonarista é que, contrariando algumas especulações que surgiram já em 2018, a delação do vizinho de Jair Bolsonaro não o coloca como participante do crime. Embora a família Bolsonaro morasse no mesmo condomínio de Lessa, o Vivendas da Barra, na Zona Oeste carioca, até 2018, a Polícia e o Ministério Público do Rio descartaram, no ano seguinte, qualquer conexão entre esse fato e os dois homicídios.
Ao contrário do que Carlos sugere, Anielle afirmou anteriormente que a família “aguarda os comunicados e resultados oficiais das investigações”. Monica Benício declarou que recebe a delação de Lessa “com esperança, mas sem otimismo exacerbado”, aguardando provas.
Os bolsonaristas também tentam emplacar uma narrativa de que Domingos Brazão, ex-deputado estadual pelo MDB, seria um “petista”. “Por que um petista mandou assassinar Marielle”, escreveu o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em sua conta no X, antigo Twitter, antes de ser desmentido com evidências que ligam o suposto mandante ao bolsonarismo.