Coluna Internacional : Triângulo entre Brasil, Colômbia e Chile surge como uma das poucas opções para continuar articulando com seus vizinhos e Milei força Lula a repensar alianças
Enviado por alexandre em 02/02/2024 09:39:52

A eleição de Javier Milei na Argentina no ano passado obrigou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a repensar suas alianças para tentar impulsionar a integração entre os países da região.

 

Se no ano passado o Palácio do Planalto não se entusiasmou muito com o convite do governo colombiano para uma visita de Estado a Bogotá, a Colômbia acaba de entrar para a agenda de viagens presidenciais de 2024, em abril. O Brasil será o país homenageado na Feira do Livro de Bogotá, e Lula aproveitará para ter um encontro com Gustavo Petro.

 

Em maio, o presidente brasileiro irá a Santiago, no Chile, onde será recebido por Gabriel Boric. No ano passado, o Palácio de la Moneda fez de tudo para que Lula participasse dos atos pelos 50 anos do golpe contra Salvador Allende, mas o governo brasileiro não conseguiu conciliar agendas.

 

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Hoje, com a Argentina nas mãos da extrema direita, Colômbia e Chile ganharam um peso que não tinham na política externa. Os três poderiam formar um triângulo quase perfeito, se não fosse pelas diferenças entre Lula e Boric sobre a Venezuela de Nicolás Maduro.

 

O desejo de Lula de relançar a Unasul deverá ser substituído por um muito menos ambicioso: evitar que o chamado Consenso de Brasília, selado em maio passado numa reunião da qual participaram todos os presidentes da América do Sul, incluindo Maduro, não morra antes de completar um ano de vida.

 

Após vários meses, o Consenso de Brasília está agora sob o comando do Chile. Em Santiago, funcionários do governo se perguntam se será possível organizar uma cúpula da qual participem os presidentes da Venezuela e da Argentina.

 

Consultadas sobre o assunto, fontes do governo brasileiro fazem cara de paisagem. A verdade é que ninguém sabe como essa nova equação regional vai se resolver.

 

Milei é visto pelo Brasil como um obstáculo para a integração. O chefe de Estado argentino chamou recentemente Petro de “comunista assassino”, o que levou a Colômbia a retirar seu embaixador de Buenos Aires.

 

Mas não é a única pedra no sapato do Consenso de Brasília, e da política regional de Lula. Existe outra, enorme, chamada Maduro. Os recentes acontecimentos na Venezuela, com destaque para a decisão do Tribunal Supremo de Justiça de inabilitar por 15 anos a líder opositora María Corina Machado causam preocupação na região.

 

Os governos do Equador, Paraguai, Chile, Uruguai e Argentina aderiram à causa da oposição venezuelana, ao contrário de Brasil e Colômbia, que permanecem em silêncio. Muitos duvidam que Maduro aceite realizar eleições presidenciais livres e democráticas, em um momento em que o governo venezuelano aprofunda a perseguição a seus opositores.

 

O que o Brasil fará se Maduro não cumprir sua palavra, e, principalmente, o chamado acordo de Barbados, selado em novembro? Os EUA avisaram que a possibilidade de aprovar novas sanções é grande, e defendem o apoio à candidatura de María Corina, que venceu com 92% as primárias opositoras.

 

No Palácio do Planalto, seu nome é tabu. Não se fala, e quando se pergunta a resposta é contundente: o Brasil não vai se alinhar aos que pedem publicamente que a líder opositora possa disputar a eleição.

 

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Com este pano de fundo, o triângulo entre Brasil, Colômbia e Chile surge naturalmente como uma das poucas opções de Lula para continuar articulando com seus vizinhos. A integração regional, pilar da política externa dos dois primeiros governos e do atual, está em risco e ficará ainda mais no hipotético cenário de vitória de Donald Trump nos EUA.  

 

Fonte:O Globo

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