Célio Golin, fundador do PT em Nonoai (RS), dará aulas para desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), responsável por condenar Lula. Ele foi contratado “desenvolver e realizar cursos” aos magistrados do tribunal.
Segundo o currículo do petista, ele fundou o diretório regional no município gaúcho, que fica a 400 quilômetros de Porto Alegre, em 1986. O TRF-4 não explicou quais serão os cursos ministrados por Golin ou os critérios adotados para sua contratação.
Ele é especializado em cursos sobre temática LGBTQIA+ e fundador do Nuances (Grupo pela Livre Expressão Sexual), atuou na primeira parada gay do Rio Grande do Sul e se apresenta como militante de direitos humanos.
Ele também é autor de livros como “Homossexualidade, Cultura e Política”, “Homossexualidade e Direitos Sexuais – Reflexões a partir da decisão do STF”, e “Bola Dividida – Futebol em Nonohay no século passado”. Ele receberá um valor simbólico de R$ 556 para ministrar os cursos no tribunal.
O TRF-4, em 2018, foi responsável por manter a condenação a nove anos de prisão de Lula de Lula, então alvo da Lava Jato. No ano seguinte, em 2019, o tribunal também aumentou a pena do petista no caso do sítio de Atibaia: a pena imposta a ele 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) foi de 12 anos e 11 meses de prisão, mas o TRF-4 subiu a pena para 17 anos.
O tribunal também negou os recursos apresentados pela defesa do petista no caso do sítio, em 2020. No ano seguinte, no entanto, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as decisões após declarar a parcialidade do ex-juiz e atualmente senador Sergio Moro (União-PR).
Como o Planalto recebeu o recado de Lira em discurso
Segundo fontes próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Lira expressou seu desejo de contar com o apoio do chefe do Executivo para a indicação do próximo presidente da Câmara. O nome favorito de Lira para a sucessão é Elmar Nascimento (União-BA), embora outros políticos também estejam sendo considerados.
Porém, Lula ainda não teria demonstrado uma posição clara em relação ao apoio direto a candidatos específicos. Nomes como Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antônio Britto (PSD-BA), Hugo Motta (Republicanos-PB) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL) também estão em pauta. O envolvimento de Lula com um candidato poderia romper relações com os demais, todos líderes de partidos com representação no governo.
Fontes próximas a Lula afirmam que Lira manifestou interesse em discutir pessoalmente a sucessão da Câmara com o presidente. No entanto, o encontro, inicialmente planejado para esta semana, pode ser adiado devido à agenda de Lula, que viaja nesta terça-feira para o Rio de Janeiro e na quarta para Minas Gerais.
Embora Lula não tenha demonstrado pressa em agendar a reunião, seu encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na última quinta-feira, pode acelerar uma possível conversa com Lira. Notavelmente, Lira não compareceu a eventos onde poderia ter encontrado Lula pessoalmente na semana passada.
Parlamentares próximos a Lira afirmam que ele busca, no mínimo, a neutralidade de Lula na sucessão. Por sua vez, o Planalto interpreta a movimentação como uma tentativa de pressionar o governo a apoiar seu candidato em troca de um ambiente mais favorável na Câmara.
Os recados de Lira têm sido transmitidos a Lula por de membros do governo, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), enquanto o diálogo com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi cortado por Lira desde o final do ano passado.
Apesar das tensões entre Lira e Padilha, o Planalto mantém a pauta econômica como prioridade e vê a relação com a Câmara como fundamental para avançar com propostas como a reforma tributária.