Regionais : Condenado a 4 anos e meio, Daniel Alves já pode deixar prisão em 2025; entenda
Enviado por alexandre em 22/02/2024 15:48:12


Daniel Alves, ex-jogador do Barcelona. Foto: reprodução

Daniel Alves foi condenado a 4 anos e 6 meses de prisão por estupro, segundo decisão do tribunal de Barcelona. A sentença determina que o brasileiro, ex-jogador da seleção brasileira, agrediu e abusou de uma mulher no banheiro de uma boate em 2022.

Conforme a legislação espanhola, condenados a menos de cinco anos podem solicitar a progressão para o regime de “semiliberdade” após cumprir metade da pena. Nessa ocasião, os detentos saem da prisão durante o dia e retornam à noite, podendo trabalhar ou ficar com a família. Ou seja, considerando que está detido desde 2023, ele poderá ter o direito de sair da detenção em abril de 2025.

A pena de Alves foi reduzida devido à aplicação de uma circunstância atenuante de reparação do dano, após a defesa depositar 150 mil euros, cerca de R$ 800 mil, na conta do tribunal para ser entregue à vítima, independentemente do resultado do julgamento. A quantia foi doada por Neymar para ajudar o ex-companheiro de Barcelona, PSG e seleção brasileira.

A condenação foi proferida pela juíza Isabel Delgado na 21ª Seção de Audiência de Barcelona, com a presença das partes envolvidas no processo, incluindo promotoras e advogadas. A defesa de Alves anunciou que irá recorrer da decisão, afirmando acreditar na inocência do acusado.

Daniel Alves condenado: jogador pode cumprir pena no Brasil?

Foto: Reprodução

Condenado a 4 anos e 6 meses de prisão pela Justiça da Espanha nesta quinta-feira, 22, Daniel Alves pode cumprir a pena em solo brasileiro, mas, para que o trâmite ocorra, é necessário que alguns requisitos sejam cumpridos, de acordo com especialistas ouvidos pelo Terra. Eles ressaltam, porém, que a possibilidade do jogador ser trazido para o Brasil é remota.

 

O lateral foi considerado culpado pelo estupro de uma jovem no banheiro de uma boate de Barcelona em dezembro de 2022. Foram três dias de julgamento, em que a vítima falou ainda sob anonimato. Já Daniel Alves chorou ao relembrar os contratos perdidos desde que a denúncia foi feita.

 

O jogador já estava em prisão preventiva desde janeiro do ano passado. Com a decisão, surgem dúvidas sobre o futuro do brasileiro, que ainda pode recorrer da sentença.

 

Veja também

 

Daniel Alves é convocado a se apresentar no tribunal, diz jornal espanhol

 

Ex-parceiro de cela de Daniel Alves entrega plano de fuga ao Brasil

 

DANIEL ALVES PODE CUMPRIR PENA NO BRASIL?

 

Daniel Alves condenado: como o jogador deve cumprir a pena de 4 anos e 6  meses

 

O jogador pode cumprir pena no Brasil por meio do instituto jurídico conhecido como Transferência de Pessoas Condenadas (TPC). Esse instrumento foi oficializado por meio de um tratado entre Brasil e Espanha celebrado em 1998, permitindo que uma pessoa condenada cumpra a pena em seu país de origem.

 

A especialista em Direito Criminal Roberta de Lima e Silva ressalta que, para efetivar essa transferência, serão necessárias outras questões, como o trânsito diplomático entre os dois países. 

 

"Tal pleito depende de análise, tanto das autoridades espanholas, quanto brasileiras, e pode ser negado. Da mesma forma, também deve haver aprovação do Estado recebedor (Brasil). Se Daniel Alves quiser cumprir sua pena em solo brasileiro, deverá contar não somente com o que dispõe a lei, mas também com o termômetro da diplomacia."

 

POR QUE A DEFESA DEVE PEDIR A TRANSFERÊNCIA?

 

Daniel Alves: entenda a mudança da defesa e como isso pode beneficiar o  jogador

 

O professor de Direito Penal Diego Nunes diz acreditar que a defesa de Daniel Alves vai pedir a transferência do jogador. Entre os motivos para a preferência, ele cita a maior proximidade com a família e mais facilidade de acessos a recursos financeiros. “Tem uma série de razões, desde afetivas até mesmo legais, que eventualmente poderiam fazer com que ele quisesse isso”, diz.

 

A opinião é similar à da pesquisadora Tatiana Squeff, do Núcleo de Tribunais Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), que explica que a base para tal transferência teria um “caráter humanitário”. Como Daniel Alves ainda está casado com Joana Sanz, que vive na Espanha, Tatiana põe em cheque a possível justificativa da defesa sobre a proximidade com a família. A situação pode mudar caso Joana volte a pedir divórcio.

 

Outro ponto trazido pelos advogados é que pode ser mais vantajoso para Alves seguir o regime de progressão de pena brasileiro. “O sistema espanhol prevê a progressão da pena. Para crimes com pena superior a cinco anos, entretanto, a progressão só é autorizada após o cumprimento de metade da condenação”, explica Roberta De Lima e Silva.

 

Já no Brasil, a progressão de pena, ou seja, transição de um regime mais rigoroso para um mais brando, começa a partir do cumprimento de um sexto da pena para crimes menos graves, e de dois quintos da pena para crimes hediondos - como o estupro é classificado aqui no País.

 

ELE SERIA JULGADO NOVAMENTE?

 

Caso Daniel Alves: Investigação chega ao fim e julgamento já tem data para  acontecer

 

Sobre a possibilidade de um novo julgamento, a advogada criminalista Laura de Azevedo Marques diz que não é possível falar em "dupla responsabilização".

 

"Mesmo que Daniel viesse a cumprir a pena no Brasil, essa pena seria decorrente do julgamento da Justiça espanhola, não há previsão para dupla responsabilização por meio de novo julgamento pela justiça brasileira", diz

 

CABE EXTRADIÇÃO?

 

Qualquer que seja a sentença da Corte, Daniel Alves e mulher nunca mais  terão suas vidas de volta - Estadão

 

O termo "extradição" acaba sendo mais associado ao processo de solicitar a vinda ou saída de uma pessoa de um país para outro. Mas os advogados explicam que, no caso de Daniel Alves, o uso do termo é indevido, pois o jogador está sendo processado pelo crime na Espanha, o país onde o delito ocorreu.

 

Dessa forma, a Justiça espanhola não precisa solicitar sua extradição, já que o atleta está à disposição das autoridades espanholas desde o início do caso.

 

"Extradição é como chamamos o procedimento de cooperação internacional de entrega de uma pessoa investigada, processada ou condenada por um ou mais crimes ao país que a reclama. Ocorre em crimes que envolvem extraterritorialidade, ou seja, um cidadão de uma nacionalidade pratica um crime em outro país: poderá ser extraditado para o seu país de origem. Ou, em outros casos, a pedido do país no qual o crime foi praticado, caso já tenha retornado ao seu país", explica a advogada Laura de Azevedo Marques.

 

"Uma vez que o suposto delito foi cometido em território espanhol, em respeito ao princípio penal da territorialidade, o julgamento há de ser feito na Espanha", completa.

 

Levando em consideração a comoção que o caso gerou, os especialistas ouvidos pelo Terra consideram que é improvável que a Justiça da Espanha concorde com a transferência de Daniel Alves para o Brasil.

 

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE OS CASOS DANIEL ALVES E ROBINHO?

Daniel Alves descarta possibilidade de fuga: 'Não sou o Robinho'

Fotos:Reprodução

 

Um jogador brasileiro condenado por estupro em outro país. Já vimos esse filme antes com o caso Robinho, que foi considerado culpado pela Justiça italiana. A diferença é que o ex-ídolo do Santos está no Brasil e solto.

 

O advogado Diego Nunes explica que Robinho retornou ao Brasil em uma brecha durante o seu julgamento. “Ele conseguiu recorrer em liberdade. Ele foi condenado em 1ª instância, mas recorreu em liberdade. Nesse intervalo, ele voltou para o Brasil”, diz.

 

Daí, a Itália agora pede a extradição de Robinho. “A extradição significa que uma pessoa que cometeu crime em outro país, e ele foge para não cumprir a pena naquele estado”, explica Tatiana Squeff. A Constituição Brasileira, porém, prevê que cidadãos que são brasileiros natos ou com vínculo de parentesco não podem ser extraditados.

 


 

“Já que o Brasil não pode extraditar um nacional, para executar a pena proferida no exterior, há uma necessidade de fazer uma homologação desta sentença estrangeira penal. E é isso que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) atualmente está analisando”, afirma a professora da UFRGS. Caso o STJ dê seu aval, Robinho poderá cumprir a pena dada pela Justiça italiana de acordo com a lei de migrações.

 

Fonte:Terra

Neymar doa R$ 800 mil para reduzir pena de Daniel Alves por estupro


Neymar e Dani Alves após a eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2022. Foto: Hannah Mckay/Reuters

O ex-jogador Daniel Alves foi condenado a 4 anos e meio de prisão por estuprar uma mulher em uma boate em Barcelona em dezembro de 2022. A Justiça espanhola aplicou uma atenuante de reparação de danos devido ao depósito de 150 mil euros feito pela defesa do ex-atleta, que contou com ajuda financeira de Neymar e sua família.

O dinheiro foi destinado à conta do tribunal para ser entregue à vítima, independentemente do desfecho do processo. Segundo Neymar Pai, a família decidiu auxiliar o estuprador em sua defesa, destacando que preferiram “acreditar” e ajudar um “amigo em dificuldades”.

Além da doação de Neymar, a defesa de Alves considerou os artigos do Código Penal espanhol que isentam de responsabilidade criminal quem comete um crime sob completa embriaguez, aplicando metade da pena prevista.

Apesar do depósito e do reconhecimento da reparação, o tribunal considerou que a vítima não consentiu com a relação sexual. A Justiça também descartou a alegação de embriaguez como atenuante para a conduta de Alves durante o ocorrido.

O julgamento de três dias teve início em 5 de fevereiro, com o depoimento da vítima. No último dia de audiência, Daniel Alves, visivelmente emocionado, admitiu ter exagerado no consumo de álcool na noite em questão, negando novamente a acusação de abuso sexual.

Dani Alves durante seu julgamento. Foto: reprodução

Além da sentença, a imprensa espanhola especula sobre a possível resposta da Justiça a um novo pedido de liberdade condicional apresentado pela defesa do ex-jogador.

Recentemente, o Centro Penitenciário Brians 2, na Espanha, colocou em prática um protocolo anti-suicídio por receio de que Alves possa se ferir de alguma forma após a sentença. Segundo relatos da jornalista Silvia Álamo, da TV Telecinco, a administração do presídio expressou preocupação com seu estado psicológico, descrevendo-o como “deprimido e desanimado”.

Neymar não tem o direito de passar pano para um estuprador. Por Nathalí


Neymar e seu “parça” Daniel Alves

O ex-jogador brasileiro Daniel Alves foi condenado nesta semana por agressão sexual na Espanha.

Considerado, pois, um estuprador condenado, deve deixar a prisão dentro de quatro anos e meio, mas não no que depender do seu amigo Neymar.

O “menino Ney” pagou 800 mil reais (pra ele, um troco, mas isso faz pouca ou nenhuma diferença) para reduzir a pena do amigo, protegendo-o das consequências de suas próprias atitudes sórdidas e criminosas.

E engana-se quem pensa que isso é uma exceção.

Homens se protegem desde sempre, como se estivessem comprometidos e pactuados com uma espécie de clube do bolinha para adultos imaturos e/ou de capacidade cognitiva reduzida.

O mais absurdo nessa história não é o fato de Neymar ter passado pano para um estuprador (mas, afinal, o que esperar dele?), nem o fato de não fazer questão de esconder isso – naturalizando um crime execrável.

A grande questão é, na verdade, a contradição a uma resposta masculina padrão diante de qualquer acusação de machismo: “Eu tenho mãe, tenho irmãs, tenho filhas”.

Justificam-se como se o fato de conviverem com mulheres – muitas delas abusadas de diversas formas – os tornassem imunes ao machismo.

Pois bem, Neymar tem uma filha. Haveria quem dissesse: “E se fosse com ela?”

A verdade é que esse apelo à moral de um estuprador (e daqueles que o protegem) é apenas a “sororidade masculina” entrando em ação.

Não há uma palavra sequer para definir a proteção que os homens oferecem uns aos outros, mesmo nos casos mais sórdidos e aterradores.

Mulheres continuam sendo estupradas – dentro e fora de suas casas – porque há pessoas (e muitas pessoas, e a maioria, homens) que naturalizam um dos crimes mais violentos e doentis que existe: gente como Neymar, que, para além de ajudar um estuprador, naturaliza, enquanto pessoa pública, o estupro.

Um jogador famoso e com fandom infantil não tem o direito de passar pano publicamente para uma agressão sexual, e é triste que haja ainda comportamentos tão absurdos como proteger amigos estupradores, mas, infelizmente, não é o primeiro e não será o último.

A brotheragem masculina se mantém intacta e mais forte com o passar do tempo, porque, ao fim e ao cabo, enquanto as mulheres se dividem a partir de suas opressões, os homens se unem em torno de seus privilégios.


Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia