Convocado pela Polícia Federal para prestar depoimento, o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu ficar em silêncio durante a oitiva sobre os planos discutidos para um golpe de Estado em 2022. Sua defesa já havia antecipado que ele não falaria no interrogatório.
Os advogados do ex-presidente pediram o adiamento do depoimento ao menos três vezes e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) negou as solicitações. A defesa de Bolsonaro alega que não teve acesso aos autos do inquérito.
Bolsonaro chegou à sede da PF em Brasília por volta das 14h20 e o depoimento estava previsto para começar às 14h30. Como optou por ficar calado, a oitiva foi encerrada pouco tempo depois. O ex-presidente ficou por menos de 30 minutos no local.
Em entrevista após o encerramento da oitiva, seu advogado, Fábio Wajngarten, afirmou que ele “nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista” e explicou a decisão do ex-presidente de ficar calado.
“Esse silêncio… Quero deixar claro que não é simplesmente o uso do exercício constitucional silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais está sendo imputada ao presidente a prática de certos delitos”, afirmou o Wajngarten.
Ele alega que a falta de acesso à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e a outras provas obtidas por investigadores em celulares apreendidos “impedem que a defesa tenha um mínimo de conhecimento de por quais elementos o presidente é hoje convocado ao depoimento”.
A defesa do ex-presidente, em nota, ainda disse que ele não abre mão de prestar depoimento e que falará com agentes da PF durante interrogatório assim que “seja garantido o acesso” às provas do inquérito. “Não sendo demais lembrar que jamais se furtou ao comparecimento perante a autoridade policial quando intimado”, dizem seus advogados.
O ex-presidente e outros 23 investigados pela trama golpista foram convocados para prestar depoimento nesta quinta (22). Além de Bolsonaro, oficial do Exército Ronald Ferreira de Araújo Junior e o ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência Mário Fernandes também decidiram ficar em silêncio.
Apesar do silêncio de Bolsonaro, as equipes que participam das oitivas têm uma estratégia para obter informações relevantes de outros depoentes e tentar convencer os que escolheram se calar a responder as perguntas feitas.