O aborto medicamentoso feito via consulta de telessaúde é seguro e eficaz como àquele feito em consulta clínica (presencial), aponta um estudo publicado na semana passada na revista Nature Medicine.
O aborto medicamentoso é a forma mais comum de aborto nos Estados Unidos e consiste em um método no qual alguém interrompe uma gravidez tomando comprimidos, sem precisar passar por cirurgia.
A pesquisa avaliou que, salvo raras exceções, a telessaúde garantiu a segurança e a eficácia de abortos medicamentosos em consultas por mensagens de textos e também por videochamadas.Das pessoas que participaram do estudo, a maioria preferiram o atendimento por mensagens de texto.
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O estudo analisou registros de 6.034 abortos medicamentosos realizados via telessaúde entre abril de 2021 e janeiro de 2022 em três clínicas virtuais que operam em 20 estados e no Distrito de Columbia.Dos 6.034 abortos no estudo, 99,8% não foram seguidos por eventos adversos graves.
“No total, 0,25% dos pacientes sofreram um evento adverso grave relacionado ao aborto; 0,16% foram tratados para uma gravidez ectópica e 1,3% dos abortos foram encaminhadas para a emergência”, diz o estudo.
A eficácia e a segurança do aborto medicamentoso fornecido por meio de consultas por vídeo e texto foram semelhantes aos números de outros estudos sobre aborto medicamentoso envolvendo atendimento presencial.
Assim como acontece nas consultas presenciais, os pacientes que optaram pela telessaúde não são obrigados a realizar nenhum teste ou exame físico.
Em vez disso, um trabalhador da saúde decide se vai receitar a medicação abortiva com base no histórico médico do paciente.
O estudo também mostrou que o aborto medicamentoso foi altamente eficaz, pois 97,7% das participantes tiveram um aborto completo após tomarem os comprimidos, sem necessidade de qualquer intervenção posterior.
Entre aquelas cujo aborto não foi inicialmente completo, 0,56% tomaram mais medicamentos para completar o procedimento; 1,4% necessitaram de procedimento cirúrgico; e 0,94% tiveram gravidez continuada confirmada ou suspeita.
Os resultados foram semelhantes para os pacientes, independentemente da raça, etnia ou idade.
“O aborto medicamentoso por telessaúde é eficaz, seguro e comparável às taxas publicadas de atendimento presencial ao aborto medicamentoso”, concluíram os pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco.
O novo estudo é útil para reforçar que a prática é segura e eficaz, disse a Dra. Pratima Gupta, uma prestadora de serviços de aborto em San Diego que não esteve envolvida na nova pesquisa.
“É ótimo ter dados de pesquisa para apoiar o que já sabíamos sobre a segurança do aborto medicamentoso”, disse ela.
As opções de telessaúde atendem às necessidades dos pacientes, disse ela, e isso pode ser mais importante do que nunca, com mais estados restringindo o acesso ao aborto desde que a Suprema Corte dos EUA revogou Roe v. Wade em 2022.
“Acho realmente maravilhoso podermos atender os pacientes onde eles estão. Portanto, seja qual for o seu método preferido de comunicação, seja por mensagens de texto, seja por telefone, seja por vídeo, podemos atender às suas necessidades com acessibilidade”, disse Gupta. “E proporciona-lhes a privacidade necessária para controlarem as suas vidas.”
Fotos: Reprodução Google
Nos EUA, os serviços de telessaúde oferecem atendimento para aborto medicamentoso em algum nível desde 2008, mas essa opção se tornou muito mais amplamente utilizada durante a pandemia de Covid-19.
Em 2021, a Administração de Alimentos e Drogas dos EUA (FDA na singla em inglês) disse que não exigiria mais consultas presenciais para que medicamentos fossem receitados.
Isso abriu caminho para mais consultas virtuais em estados onde o aborto e a telessaúde para o aborto não são proibidos.
O aborto medicamentoso é voltado para quem está até dez semanas após o início da última menstruação.
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O método não é recomendado para pessoas com determinados problemas de saúde e que tiveram gravidez ectópica (com óvulo fertilizado e implantado fora do útero).
Fonte: CNN