Durante uma palestra na PUC-SP nesta segunda-feira (4), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, ressaltou os riscos democráticos decorrentes da disseminação em massa da desinformação, especialmente através do uso da inteligência artificial.
O magistrado alertou sobre os perigos das “deepfakes” e abordou um incidente envolvendo o ex-ministro José Dirceu (PT), esclarecendo, em tom descontraído, que não foi vítima de chantagem por parte do mesmo.
“Nós somos ensinados a acreditar naquilo que vemos e ouvimos. O dia que não pudermos mais acreditar, a liberdade de expressão terá perdido o sentido. O deepfake vai tornar a vida pior ainda do que já é nesse mundo da desinformação”, alertou, de acordo com o jornal O Globo.
Barroso acrescentou: “Para quem tiver dúvida, eu não sou chantageado pelo ministro José Dirceu (ex-ministro da Casa Civil do primeiro governo Lula) e por uma orgia de que participamos em Cuba. Embora haja milhares de acessos a essa informação na rede social. Eu queria dizer que nunca fui a Cuba. Não tenho relações com o ministro e não sou dado a orgias”.
Além disso, o presidente do Supremo Tribunal Federal abordou a questão da politização das Forças Armadas, classificando-a como “dramática” para a democracia brasileira. Ele criticou o comportamento das Forças Armadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde, segundo ele, foram influenciadas por más lideranças a levantar falsas suspeitas sobre o processo eleitoral de 2022.
“Desde 1988, as Forças Armadas tiveram um comportamento exemplar no Brasil, de não ingerência ou interferência, de cumprir suas missões constitucionais (…) Porém, foram manipulados e arremessados na política por más lideranças. Fizeram um papelão no TSE”, reclamou.
Barroso concluiu: “Convidados para ajudar na segurança e dar transparência, (os militares) foram induzidos a ficarem levantando suspeitas falsas. Quando a lealdade é um valor que se ensina nas Forças Armadas”.