Ciência & Tecnologia : Cientistas identificam 'interruptor' genético da ansiedade; entenda
Enviado por alexandre em 09/03/2024 11:18:10

Pesquisadores descobriram região do DNA que ativa gene ligado a um aumento dos sintomas ansiosos

Pesquisadores da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, identificaram uma região do DNA humano que exerce um papel no controle da ansiedade. Num trabalho com camundongos, a área atuou como uma espécie de interruptor que ativa genes específicos no cérebro associados à resposta fisiológica. A descoberta foi detalhada num estudo publicado nesta sexta-feira na revista científica Molecular Psychiatry, do grupo Nature.

 

Os cientistas esperam que os achados levem a novas pesquisas sobre a região para encontrar maneiras de utilizá-la em alvos terapêuticos e desenvolver novas, e idealmente mais eficazes, alternativas para o tratamento do transtorno de ansiedade. É o que diz o professor de Genética da universidade, responsável pelo estudo, Alasdair Mackenzie.

 

Ele explica que tradicionalmente a parte do DNA chamada de exoma, composta pelos genes que expressam de fato proteínas, é a que tem sido alvo de estudos. Porém, com o desenvolvimento de novas técnicas e pesquisas, os cientistas observaram que as regiões “de fora”, antes tidas como lixo genético, têm funções importantes, como a de regular a própria atuação do exoma.

 

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"Já sabemos que 95% das diferenças genéticas associadas a doenças são encontradas fora dos genes codificadores de proteínas. Essa parte do genoma, conhecida como "genoma não codificante", não foi bem explorada porque antes não tínhamos as ferramentas para isso. Mas hoje sabemos que o genoma não codificante contém informações na forma de interruptores de genes que informam aos genes onde e quando devem ser ativados. Isso é importante, pois os genes precisam ser ativados nas células certas e nos momentos certos para garantir uma boa saúde e, quando não são ativados corretamente, podem contribuir para doenças”, diz Mackenzie, em comunicado.

 

A equipe do cientista utiliza técnicas avançadas para estudar essa região “não codificante”, com foco em doenças como ansiedade, dependência e obesidade. Para isso, aplicam uma ferramenta chamada CRISPR, conhecida como “tesoura genética”, que consegue fazer edições precisas no DNA de qualquer ser vivo.

 

Os pesquisadores já reconheceram uma série desses “interruptores” e identificaram que muitos permaneceram praticamente inalterados por centenas de milhões de anos, e podem ser encontrados tanto em humanos quanto em camundongos. "Nossa abordagem única é usar o CRISPR para excluir esses interruptores conservados em camundongos e, em seguida, estudar seu papel no humor, na ingestão de alimentos e na preferência por álcool”, diz Mackenzie.

 

No novo estudo com a ansiedade, eles utilizaram a tesoura para deletar uma área específica do genoma chamada BE5.1, que controla o gene BDNF, que já foi associado anteriormente à ansiedade. Eles observaram que, sem o “interruptor”, os níveis do problema aumentaram nos camundongos estudados, evidenciando a importância da região para ativar os sintomas ansiosos.

 

Em trabalhos anteriores, a equipe da Universidade de Aberdeen identificou outras áreas do genoma que, quando excluídas pela técnica CRISPR, fizeram o contrário, levaram a uma redução dos sinais de ansiedade. Andrew McEwan, pesquisador da instituição que também participou do estudo, destaca que esse tipo de estudo é cada vez mais importante para compreender os mecanismos de doenças complexas, como o transtorno de ansiedade, e futuramente desenvolver novas terapias.

 

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"Para entender a base das doenças humanas complexas, que incluem doenças mentais e outras condições como obesidade, depressão e dependência, é tão importante entender os mecanismos que garantem a produção adequada de proteínas nas células certas quanto entender as próprias proteínas. Isso só será alcançado se compreendermos melhor o genoma não codificante na saúde e na doença e a função e o papel dos milhares de interruptores de genes enigmáticos que se escondem em suas profundezas”, diz. 

 

Fonte: O Globo

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