A Neuralink é uma sociedade que Elon Musk cofundou junto com outros oito empresários. Claro que assim como todo projeto que o bilionário se envolve, esse também é pensado no futuro da humanidade. A empresa projetou um chip para ser implantando no cérebro das pessoas. Através desse chip, os órgãos servirão como interfaces de máquinas.
O plano de Musk é implantar chips em pessoas com paralisia cerebral para que assim elas consigam controlar objetos com o pensamento. Contudo, esse projeto do bilionário tem causado polêmica ao redor do mundo. Mesmo que esse chip traga uma novidade, os cientistas estão preocupados com o dispositivo.
A Neuralink fez o seu primeiro teste em humanos no fim de janeiro. Em fevereiro, a empresa anunciou que o paciente tinha conseguido mexer um mouse através da telepatia. Nesse momento, Musk disse que o progresso tem sido algo constante e que a empresa estava preparando seus próximos passos. O objetivo é que esse paciente também consiga clicar com o mouse.
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PREOCUPAÇÕES
Os cientistas questionaram, em uma entrevista para a revista Nature, a transparência da Neuralink com relação ao seu experimento. Até porque, além do tweet de Musk, não existiu nenhuma outra confirmação de que os testes com o chip tinham começado. E a maioria da informação pública disponível vem de um panfleto de convite para que as pessoas participem do teste.
Além disso, o ensaio teste do chip também não foi registrado no repositório ClinicalTrials.gov, que conta com curadoria do Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos. Esse repositório é uma referência técnica para várias entidades. Tanto é que, antes dos participantes puderem ser envolvidos com os testes, várias universidades pedem o registro do teste em algum sistema do tipo. E as revistas médicas também usam o registro como uma condição para publicar resultados de pesquisas.
Conforme pontua Tim Denyson, neuroengenheiro da Universidade de Oxford, no Reino Unido, não existem informações de em que local a Neuralink está fazendo as implantações e quais resultados irão ser avaliados.
E na fase em que os testes estão, os especialistas esperam que a prioridade seja a segurança. Segundo Denyson, isso requer observar possíveis efeitos de longo prazo nos pacientes para ter certeza de que não acontecerá sangramento, AVC, infecções ou dano vascular.
Segundo o panfleto do estudo, os pacientes irão ser acompanhados por cinco anos. Ele também diz que o ensaio avaliará a funcionalidade do chip cerebral e por conta disso os participantes têm que usá-lo pelo menos duas vezes por semana. Para isso, eles têm que tentar controlar um computador e depois relatar a experiência para a Neuralink.
Uma dúvida de Mariska Vansteensel, neurocientista do Centro Universitário Médico Utrecht na Noruega presidente da Sociedade BCI (Interface cérebro-computador), é se os sinais neurais diminuem com o passar do tempo.
Contudo, a implantação do chip foi aprovada pela Food and Drugs Administration (FDA), a Anvisa dos Estados Unidos. “Minha suposição é de que a FDA e a Neuralink estão seguindo o manual até certo ponto. Mas não temos o protocolo, então não sabemos disso”, avaliou ela.
A FDA tinha rejeitado um primeiro pedido da Neuralink para fazer os testes do chip em humanos. As preocupações principais da época estavam relacionadas à bateria de lítio, a possibilidade de fios pequenos do implante acabarem indo para outros lugares do cérebro e se e como o chip poderia ser removido sem causar danos ao tecido cerebral.
Depois de um mês da aprovação para os testes em humanos, a FDA encontrou problemas nos registros de teste feitos com animais para o chip. Tiveram lapsos de controle de qualidade em uma das instalações da Neuralink na Califórnia.
Dentre os problemas que foram identificados está a falta de registros de calibração de materiais em alguns dos testes e a falta de assinatura de funcionários de garantia de qualidade no relatório final.
Foto: Reprodução
OLHAR DIGITAL
Antes mesmo dos testes do chip em humanos começarem, os cientistas já tinham mostrado uma preocupação com relação à ética dele. Por mais que a proposta inicial fosse de ajudar as pessoas com paralisia, o dispositivo da Neuralink parece servir para outras coisas, como controlar um computador com a mente.
Conforme Dra. L. Syd Johnson, professora associada do Centro de Bioética e Humanidade da Universidade de Medicina SUNY, em Nova York, o mercado voltado para o chip cerebral com a intenção de somente ajudar as pessoas tetraplégicas é muito pequeno.
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“Agora, se o objetivo for o uso dos dados cerebrais adquiridos para outras atividades — dirigir um Tesla, por exemplo — então existe um mercado muito, muito maior. Mas aí todos esses indivíduos usados na pesquisa, que são pessoas com necessidades especiais genuínas, estarão sendo explorados em um estudo arriscado, para o ganho comercial de outra pessoa”, afirmou ela.
Fonte: Fatos Desconhecidos