Regionais : “Não sou traidor”: Cid nega ter citado Bolsonaro em trama golpista
Enviado por alexandre em 11/03/2024 14:49:36


O tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Adriano Machado/Reuters

A pessoas próximas, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tem dito que não implicou o ex-presidente nas tratativas de golpe em sua delação. Ele diz que essa é uma “interpretação” de investigadores da Polícia Federal sobre suas falas. A informação é da revista Veja.

“Não sou traidor, nunca disse que o presidente tramou um golpe. O que havia eram propostas sobre o que fazer caso se comprovasse a fraude eleitoral, o que não se comprovou e nada foi feito”, afirmou Cid a um interlocutor recentemente.

O tenente-coronel afirmou à PF que Bolsonaro “queria pressionar as Forças Armadas para saber o que estava achando da conjuntura” e que o então comandante da Marinha, Almir Garnier, “anuiu com o golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do presidente”. Também foram encontrados documentos e mensagens que mostram as tratativas para reverter o resultado das eleições de 2022.

Mesmo assim, Cid alega que jamais implicou Bolsoanro na trama golpista e afirma que jamais usou a palavra “golpe” para detalhar os encontros que presenciou ao lado do ex-presidente após a derrota na disputa de 2022. Ele também afirma que trechos de seu depoimento foram encaixados em “narrativas” do inquérito.

O ex-ajudante de ordens relata que não foi questionado sobre o papel dos militares na trama golpista. “Sabiam que eu não ia contar o que eles queriam ouvir”, disse o tenente-coronel a um interlocutor.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP

Ele também minimiza as propostas de teor golpista, diz que jamais viu uma “minuta do golpe” sendo apresentada a comandantes das Forças Armadas e relata ter apenas presenciado a apresentação de “considerandos” a eles.

Segundo pessoas próximas a Cid, o tenente-coronel relatou à PF que Bolsonaro estava em “luto profundo” após a derrota nas eleições e reclamou nos bastidores de decisões do Judiciário, que, de acordo com ele, seriam persecutórias e teriam prejudicado seu desempenho nas urnas.

Foi neste contexto que assessores e militares conversavam com o então presidente, que queria fazer uma contagem paralela dos votos por meio de sites ou colocar as tropas nas ruas, segundo Cid. Ele alega, no entanto, que nada disso foi feito.

Além de esbarrar nas provas coletadas pela Polícia Federal e em suas declarações, o desabafo de Cid também é desmentido pelo depoimento do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que disse estar sendo pressionado por Bolsonaro para tomar uma medida “mais pesada” e “utilizar as Forças”.

A PF vê indícios suficientes para indiciar o ex-presidente e seus aliados pela trama golpista. Nesta segunda (11), o tenente-coronel prestará um novo depoimento à corporação e poderá esclarecer novos pontos levantados por investigadores por meio de outras provas e depoimentos.

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