O procurador Wellington Saraiva, que teve diálogos com outros membros da Lava Jato expostos pela revista Piauí, reclamou de “invasão de privacidade” e criticou o veículo. Ele diz que o conteúdo não é de interesse público e nega a autenticidade dos diálogos, que fazem parte do conjunto de 952.754 mensagens enviadas e recebidas pelo ex-procurador Deltan Dallagnol no Telegram.
“A revista Piauí publicou hoje uma matéria contrária à ética jornalística que ela diz defender, em seu Manual de Redação. Divulgou possíveis conversas privadas de membros do MPF sem absolutamente nenhum interesse público. Uma grosseira e injustificada invasão de privacidade”, afirma o procurador. Ele diz que o material, apreendido na Operação Spoofing, “jamais teve a integridade confirmada” e sofreu “adulterações”.
Na ocasião, ele e outros procuradores criticaram a aparência da ministra, reclamaram de uma suposta falta de “cuidados corporais” e fizeram especulações sobre a sexualidade dela. Wellington agora alega que as mensagens fazem parte de “diálogos reservados de um grupo de amigos e colegas de trabalho”.
“Nenhuma das possíveis conversas que a revista Piauí divulgou tem nexo com a atuação funcional das pessoas citadas. São falas informais e fora de contexto, cuja privacidade é protegida pela Constituição e pelas leis. A revista agiu de forma antiética e ilegal”, prossegue.
Mensagens divulgadas pela revista nesta quinta (14) mostram que procuradores usavam o grupo do Telegram para zombar de autoridades. Além dos ataques à ministra do Supremo, eles ainda faziam piadas machistas contra a ex-presidente Dilma Rousseff e outras mulheres, como a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que foi chamada de “tribufu do inferno stalinista”.