Regionais : Mauro Cid sai preso de audiência no STF
Enviado por alexandre em 22/03/2024 15:39:30

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, foi preso nesta sexta (22) após prestar depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre áudio vazado em que ataca o ministro Alexandre de Moraes e diz ter sido pressionado pela Polícia Federal para fazer delação. Ele foi convocado pela Corte para esclarecer as declarações.

“Após o término da audiência de confirmação dos termos da colaboração premida, foi cumprido mandado de prisão preventiva expedido pelo Ministro Alexandre de Moraes contra Mauro Cid por descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça. Mauro Cid foi encaminhado ao IML pela PF”, afirmou o Supremo em nota.

Além da prisão preventiva, a casa do tenente-coronel ainda foi alvo de busca e apreensão. Veja o momento em que Cid é preso:

No áudio vazado, Cid diz que “Moraes já tem a sentença dele pronta” e tenta encaixar as informações prestadas por ele em uma “narrativa”. “A lei já acabou há muito tempo. A lei é eles, eles são a lei, o Alexandre Moraes é a lei. Ele prende quando ele quiser, como ele quiser; com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, diz o tenente-coronel no áudio, que foi gravado na semana passada.

Seu depoimento ocorreu na sala de audiências do STF e foi presidido pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes. Também participaram da audiência a defesa de Cid e um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo membros da Corte, Cid foi questionado sobre a pressão que supostamente teria sofrido da Polícia Federal para colaborar com as investigações e se sua delação foi feita por livre e espontânea vontade.

Ouça o áudio vazado de Cid:https://www.diariodocentrodomundo.com.br/mauro-cid-sai-preso-de-audiencia-no-stf/


Áudio de Cid será usado por investigados pela PF para anulação de provas


Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Foto: reprodução

Os áudios vazados de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), têm gerado um impacto significativo nos círculos jurídicos que envolvem investigados sobre a falsificação de comprovantes da vacina, o desvio das joias presidenciais e a trama golpista ao fim das eleições de 2022.

Segundo a coluna de Bela Megale no jornal O Globo, advogados que representam os investigados nos inquéritos em que Cid é delator planejam usar as gravações para questionar a autenticidade e credibilidade de seus depoimentos à Polícia Federal.

Três advogados, que defendem alvos das operações relacionadas à tentativa de golpe, afirmaram ao Globo que planejam incorporar os áudios à estratégia de defesa de seus clientes. Essa abordagem pretende contestar a voluntariedade das declarações prestadas por Cid, independentemente da possível rescisão de seu acordo de delação premiada.

Nas gravações reveladas pela revista Veja, Cid critica a Polícia Federal sugerindo ter sido pressionado durante seu interrogatório para confirmar uma hipótese já preparada pela corporação.

“Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu?”, disse Cid em um dos áudios.

Por outro lado, membros da PF enxergam o vazamento dos áudios como uma tentativa de anular as provas coletadas durante as operações que envolvem Bolsonaro, membros de seu governo e militares. No entanto, os investigadores sustentam que existem provas além dos relatos de Cid que fundamentam os relatórios sobre os casos apurados.

As gravações divulgadas revelam as alegações de Cid de que teria sido pressionado a fornecer informações em sua colaboração premiada sobre fatos que, segundo ele, não ocorreram ou dos quais não tinha conhecimento. Além disso, ele criticou duramente o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, sugerindo que o magistrado age com autoritarismo.

“Eles são a lei agora. A lei já acabou há muito tempo, a lei é eles. Eles são a lei. O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, como ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, disse Cid.

Na tarde desta sexta-feira (22), o tenente-coronel tem uma audiência com um juiz do gabinete de Moraes, onde será decidido se seu acordo de delação será mantido ou rescindido. A rescisão do acordo pode acarretar em sua volta à prisão, conforme especulado pelos juristas e analistas jurídicos.

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