Regionais : Murder Inc.: PF emite nota sobre a operação que prendeu os irmãos Brazão
Enviado por alexandre em 24/03/2024 12:37:34

PF prende Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes da morte de Marielle Franco


Marielle Franco. Foto: reprodução

A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação na manhã deste domingo (24) na qual prendeu os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão pelo suposto envolvimento na morte da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, bem como de seu motorista Anderson Gomes.

O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa também foi detido. Os nomes teriam vindo à tona com a delação do executor do crime, o ex-Policial militar Ronnie Lessa.

Vale destacar que Rivado Barbosa já foi associado pela PF a um suposto recebimento de R$ 400 mil em propinas para impedir avanços na investigação sobre o assassinato de Marielle e Anderson.

Ele foi citado numa troca de mensagens entre o vereador Marcello Sicilliano e o miliciano Jorge Alberto Moreth, durante a qual é dito que o delegado recebeu dinheiro de suborno. A conversa telefônica ocorreu em fevereiro de 2019 e o arquivo foi encontrado no celular de Sicilliano por agentes federais.

Os presos foram levados para a superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Eles devem ser transferidos para o Distrito Federal ainda neste domingo.

Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, presos como mandantes da morte de Marielle Franco. Fotomontagem

Os investigadores continuam a trabalhar para esclarecer a motivação por trás do crime. Até o momento, as evidências apontam para uma possível conexão com a expansão territorial de milícias no Rio de Janeiro.

Conforme informações do G1, a decisão de realizar a operação no início deste domingo foi tomada para surpreender os suspeitos.

Além disso, informações da inteligência da polícia indicavam que eles estavam em estado de alerta nos últimos dias, especialmente após a homologação da delação premiada de Ronnie Lessa pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Corrupção, fraude e milícias: quem é Domingos Brazão, preso pela PF no caso Marielle


Domingos Brazão. (Foto: Reprodução)

Domingos Brazão, preso na manhã deste domingo (24) pela Polícia Federal (PF), é uma figura proeminente na política do Rio de Janeiro, sendo reconhecido como uma espécie de mentor de seu grupo político, apesar de ser o mais novo entre os irmãos. Segundo a PF, a prisão do político ocorre após investigações o apontarem como sendo um dos autores intelectuais dos homicídios da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes.

Sua trajetória política teve início como assessor na Câmara Municipal, entre 1993 e 1994. Em 1997, foi eleito vereador na cidade do Rio, mas permaneceu no cargo por apenas dois anos. Posteriormente, em 1999, assumiu o cargo de deputado estadual, ocupando uma cadeira no Palácio Tiradentes por 17 anos.

Início de seu envolvimento em escândalos

No entanto, sua carreira política foi marcada por controvérsias e envolvimento em diversos escândalos. Em 2010, foi afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE) após ser preso na operação Quinto do Ouro, acusado de corrupção junto com outros membros do tribunal. Mesmo com sua carreira política manchada por suspeitas de corrupção, fraude, envolvimento com milícias, improbidade administrativa e compra de votos, Brazão alimentava a expectativa de retornar à vida política.

Família Brazão

A família Brazão sempre exerceu influência na Zona Oeste do Rio, especialmente em Jacarepaguá. Em 2011, Domingos Brazão teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) por suspeita de compra de votos, por meio de uma ONG vinculada a ele, o Centro de Ação Social Gente Solidária. No entanto, conseguiu manter seu cargo com uma liminar concedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Máfia dos combustíveis e caso Marielle

Além disso, Brazão também esteve envolvido em outros escândalos, como a chamada máfia dos combustíveis, em 2004, e foi acusado de ameaçar uma deputada estadual em 2014. No entanto, foi em 2019 que seu nome ganhou destaque nacional quando a Polícia Federal o apontou como o principal suspeito de ser o autor intelectual dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes.

A vereadora Marielle Franco. (Foto: Reprodução)

Apesar das acusações, Domingos Brazão sempre negou qualquer envolvimento nos crimes e chegou a ser denunciado por atrapalhar as investigações. No entanto, a Justiça do Rio rejeitou o pedido de prisão. Ainda assim, sua ligação com o caso foi revisitada após a delação de Ronie Lessa, ex-policial militar suspeito de participação no crime.

Vale ressaltar que o nome de Domingos também foi mencionado no depoimento à Polícia Federal do miliciano Orlando Curicica sobre o crime.

Chiquinho Brazão

Irmão de Domingos, Chiquinho Brazão também foi preso na manhã deste domingo (24) como um dos suspeitos de ser o mandante da morte da ex-vereadora fluminense.

A PF emite nota sobre a operação que prende os suspeitos da morte de Marielle Franco. Fotomontagem

A Polícia Federal emitiu a seguinte nota na manhã deste domingo (24):

A Polícia Federal deflagrou neste domingo (24/3) a Operação Murder Inc., no interesse da investigação que apura os homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. A ação conta com a participação da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Estão sendo cumpridos três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, todos na cidade do Rio de Janeiro/RJ.

A ação conta ainda com o apoio da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro e da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e tem como alvos os autores intelectuais dos crimes de homicídio, de acordo com a investigação. Também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de justiça.


Quem é Chiquinho Brazão, preso como suposto mandante da morte de Marielle


Chiquinho Brazão, em sua campanha para deputado federal em 2022, ao lado de Flávio Bolsonaro e correligionários. Reprodução

Preso na manhã deste domingo como um dos suspeitos de ser o mandante da morte da ex-vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, o deputado Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) teve seu nome mencionado na delação premiada pelo ex-policial militar Ronnie Lessa, autor dos disparos fatais que vitimaram a vereadora e o motorista Anderson Gomes.

Devido à citação de uma figura com foro privilegiado, os autos da investigação foram encaminhados ao Supremo Tribunal Federal. A informação foi inicialmente divulgada pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, com base em fontes internas do STF. Outros veículos, como o Estadão, corroboraram essa informação.

A extensão do envolvimento de Chiquinho Brazão no crime ainda não está clara. Entretanto, em janeiro, o site Intercept Brasil indicou que Lessa apontou, na mesma delação, o irmão de Chiquinho, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas da União do Rio de Janeiro, como mandante do crime.

O nome do conselheiro surgiu pela primeira vez nas investigações do caso em 2019, por suspeita de obstrução da justiça, e voltou à tona no final do ano passado, durante a delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz, que dirigiu o veículo para Ronnie Lessa durante o assassinato.

Além de Lessa e Queiróz, Domingos Brazão foi mencionado no depoimento à Polícia Federal do miliciano Orlando Curicica sobre o crime.

O reduto político da família Brazão está localizado em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro, uma região dominada por milícias.

Chiquinho Brazão possui dois mandatos como deputado federal. Ele foi eleito pela primeira vez para a Câmara dos Deputados em 2018 e reeleito para o cargo em 2022. Antes de sua chegada a Brasília, atuou como vereador do Rio de Janeiro por 12 anos, período que inclui os dois primeiros anos de mandato de Marielle na Câmara, entre 2016 e março de 2018, ano em que ela foi assassinada.


Saiba o motivo da PF ter realizado em um domingo as prisões do caso Marielle


O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. (Foto: Reprodução)

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, segundo informações da colunista Andréia Sadi, do G1, revelou que a operação deste domingo (24) que resultou na prisão dos suspeitos de serem os mandantes da morte de Marielle Franco foi antecipada para evitar vazamentos.

A ação ter ocorrido no domingo, segundo o ministro, revela a excepcionalidade do caso.

“Uma investigação que durou seis anos – um ano com a Polícia Federal, um trabalho exitoso”, disse Lewandowski.

O que diz a PF

Para a corporação, o caso Marielle está encerrado do ponto de vista dos mandantes, e agora aguardam-se desdobramentos advindos dos mandados de busca e apreensão para desvendar mais aspectos do crime organizado no Rio de Janeiro.

Na operação de hoje, foram presos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ); Chiquinho Brazão, irmão de Domingos e deputado federal pelo União Brasil; e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Essa ação ocorreu menos de uma semana após a homologação da delação de Ronnie Lessa, suspeito de ser o autor dos disparos que vitimaram Marielle e Anderson Gomes, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Chiquinho Brazão. (Foto: Reprodução)

A Polícia Federal planeja usar a delação de Lessa para avançar nas investigações de outros crimes no Rio de Janeiro, incluindo atividades relacionadas ao jogo do bicho e à milícia.

Fontes no STF veem Lessa como uma fonte valiosa de informações, esperando que sua colaboração possa levar a um entendimento mais profundo do “ecossistema” do crime no estado. Ele é considerado “uma mina de informação” e pode contribuir para desmantelar a atuação dos milicianos no Rio de Janeiro, segundo visão de fontes ligadas à investigação.

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