Regionais : Marcos Rocha cada vez mais desvaloriza os professores e técnicos
Enviado por alexandre em 10/04/2024 15:45:50

"No caso da educação, Marcos Rocha já fez muitos discursos, dizendo que valoriza as professoras, professores e técnicos educacionais. Tudo papo furado para iludir as pessoas que desconhecem a realidade"

FRANCISCO XAVIER GOMES, Professor da Rede Estadual e Jornalista
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RONDÔNIA: A EDUCAÇÃO, O GOVERNO E O CORONEL...

Os servidores públicos do estado de Rondônia têm enfrentado inúmeras dificuldades para se relacionar com o governo estadual, e a relação abusiva ganhou contornos cada vez mais complicados, quando o coronel Marcos Rocha escalou o Chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, para conduzir os atos que negam aos profissionais da educação, saúde e outros setores até mesmo o direito de discutir com o governo algumas possibilidades e promessas que foram feitas pelo atual governador nas duas eleições vencidas por ele em Rondônia. Os profissionais do magistério e também os técnicos educacionais já estão à beira de uma crise de depressão, em função do tratamento dado pelo governo estadual à categoria. É lógico que há outras vítimas, como saúde e policiais militares, porque é difícil encontrar alguém que esteja satisfeito com a política salarial estabelecida pelo coronel. É necessário lembrar que Marcos Rocha se declara policial militar e professor, exatamente duas categorias que o governo dele faz um esforço enorme para prejudicar, embora os discursos sejam bem diferentes...

No caso dos policiais militares, quando o estado vivia na iminência de uma manifestação das famílias dos policiais, o coronel/governador/professor deu um jeitinho de acalmar a corporação. Na prática, ele resolveu apenas a situação dos oficiais e praticamente dobrou os salários dos oficiais, deixando na penúria todos os demais militares que todos os dias estão nas ruas de Rondônia enfrentando o crime, colocando suas vidas em risco, para garantir a segurança da população.  Talvez o próprio Marcos Rocha não saiba exatamente o que significa isso, porque ele jamais foi visto nas ruas de qualquer município comandando uma patrulha, como também nunca comandou nenhum batalhão em sua carreira. Mas os sargentos, cabos e soldados sabem muito bem o que é isto. E o que fez o governador? Elevou os salários dos coronéis da Polícia Militar de 22 mil reais para 39 mil, valor que será aplicado, conforme a lei sancionada por ele, progressivamente, até 2026. No mesmo período, o coronel/governador/professor também assinou uma lei que amentou o salário dele mesmo, no cargo de governador, de 25 mil reais para 35 mil, sob a alegação de que estava ganhando um salário baixo. Para fazermos uma comparação simples, o governador de São Paulo, maior estado brasileiro, ganha menos do que o coronel Marcos Rocha. Aliás, em apenas seis estados os governadores recebem salários maiores do que o governador de Rondônia.

No caso da educação, Marcos Rocha já fez muitos discursos, dizendo que valoriza as professoras, professores e técnicos educacionais. Tudo papo furado para iludir as pessoas que desconhecem a realidade. Todos os benefícios que os trabalhadores da educação de Rondônia receberam no primeiro mandato do governador e neste atual são direitos legítimos da categoria, estabelecidos na legislação do Piso Salarial Nacional, cuja lei é de 2008, e normas estaduais criadas bem antes de Marcos Rocha virar governador. Para citar um exemplo, a gratificação de R$ 620, 00, que os professores recebem em razão de estarem em sala de aula, foi criada em 2012 e até hoje nunca foi reajustada. Estranhamente, quando assinou a lei que aumentava o próprio salário, o coronel declarou que seu salário de 25 mil estava defasado e não era suficiente para ele manter a família. Foi esse argumento que ele usou para estabelecer o salário de R$ 35.462,22 que recebe hoje. O auxílio alimentação que um profissional de educação recebe hoje é de R$ 253,00, valor que nunca foi reajustado, desde 2012. Não satisfeito com isso, desde o ano passado, o governador de Rondônia resolveu retirar dos trabalhadores e trabalhadoras da educação estadual o auxílio transporte que era de 250 reais. Em grande parte dos municípios de Rondônia, existem professores/professoras que precisam se deslocar de uma escola para outra cinco ou seis vezes por dia, mas o governo não quis saber, e cortou os 250 reais do auxílio transporte. Decisão absolutamente injusta e desumana!!!

Como a categoria sentiu duramente o golpe do governo no bolso, a insatisfação é geral. E o governador fez isso exatamente com uma categoria profissional cuja imensa maioria declarou publicamente o voto nele, já no primeiro turno da eleição de 2022. Era muito grande o número de profissionais que colocaram o “santinho” de Marcos Rocha nos status de suas redes sociais. A educação de Rondônia foi visivelmente traída pelo governador, e ele atualmente e escalou o tal Júnior Gonçalves para negar todas as propostas de dialogo e negociação sugeridas pelos sindicatos que representam a categoria. Ninguém consegue contar quantas vez a Casa Civil já marcou reuniões e desmarcou, alegando que marcaria outra data. Nesse cenário de negativas do governo contra a educação, a senhora secretária parece ser apenas figurante, porque nunca teve coragem de reunir os trabalhadores para discutir as pautas de reivindicações. No início deste ano, a SEDUC resolveu fazer uma live de três dias, para dizer aos professores e professoras que os problemas da educação acontecem porque os “professores precisam aprender planejar aulas atrativas”. Coisa ridícula!!! Esse tipo de declaração parte sempre de pessoas que estão encasteladas nos gabinetes da SEDUC há anos, décadas, e perderam completamente a noção do que seja uma escola. Quem não sabe fazer planejamento é a SEDUC, porque sequer consegue planejar um debate sincero com a categoria. Que moral tem a SEDUC para falar de planejamento, se não consegue planejar uma agenda de reunião com os sindicatos?

É claro que as carpideiras do coronelismo de Marcos Rocha vão fazer beicinho, porque essa gente odeia ler ou ouvir verdades, mas a realidade não pode ser negada. Assim, enquanto o tal de Gonçalves marca e desmarca reuniões, os profissionais da educação de Rondônia vivem o dilema de serem pressionados a produzir os melhores resultados, mesmo com essa péssima política de diálogo estabelecida pelo coronel que dobrou seu próprio salário e que considera muito ruim viver com quase 80 mil por mês... Tenho dito!!!

FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e Jornalista

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