Para quem não sabe, Fernando é aquele deputado da touquinha, e Chrisóstomo é aquele parlamentar que fala gritando e pregando moralidade, mas que tem feito pouca coisa de útil para Porto Velho
O parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal pela manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão foi aprovado por 277 votos a 129, em plenário, na noite desta quarta-feira (10). Para que a prisão fosse mantida seriam necessários no mínimo 257 votos, e os aliados do parlamentar preso se movimentaram para que ele fosse solto. Foi por pouco.
Chiquinho Brazão é um dos três acusados de ordenar a morte da vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro, em 2018.
Os deputados federais Silvia Cristina (PL-RO), Cristiane Lopes (União Brasil-RO), Thiago Flores, Lúcio Mosquini (MDB-RO), José Lebrão (União Brasil-RO) e Maurício Carvalho (União Brasil-RO) votaram sim. O “sim” era pela aprovação do parecer da CCJ, para que Chiquinho Brazão continue na cadeia.
Houve 129 deputados corajosos, que foram à sessão e votaram “não”, em um suposto espírito de corpo para ajudar um colega acusado de assassinato. E teve cerca de 80 fujões, que não compareceram à sessão mas ajudaram o colega, sem mostrar cara. Entre os fujões, dois deputados de Rondônia, Fernando Máximo (União Brasil-RO) e Coronel Chrisóstomo (PL-RO).
Para quem não se lembra, Fernando Máximo é aquele deputado federal da touquinha, que ultimamente tem chorado muito. Coronel Chrisóstomo é aquele que discursa aos berros e que praticamente não traz recursos para Porto Velho. A foto abaixo mostra como votou Cristiane Lopes. Notem que não está o nome do fujão Coronel Chrisóstomo.
Truco, truco, truco: Fernando gritou nove e Júnior pediu 12, mas o médico blefou, pois não tinha o zap
É bom lembrar que o problema de Fernando Máximo não era com o chefe da Casa Civil, e sim com a cúpula do União Brasil
No segundo turno da eleição para governador em 2022, o deputado federal eleito simplesmente abandonou a campanha. Nos bastidores dizem que ele parecia um popstar, devido à votação expressiva e às aparições na televisão
O deputado federal Fernando Máximo tinha resolvido sentar à mesa com o diretório estadual do União Brasil para uma partida de truco. Quem olhava de fora percebia apenas que do outro lado da partida estava o presidente estadual do partido, o chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves. Acontece que os problemas do médico são com praticamente todo o comando do UB, devido à quebra de confiança, por isso aconteceu o jogo.
Júnior Gonçalves teve que sentar à mesa para a partida de truco recentemente, mas há quase dois anos Fernando Máximo estava desafiando a cúpula do União Brasil para um jogo. O desafio lançado pelo médico da touquinha começou logo após o final do primeiro turno das eleições de 2022, quando ele não ajudou na segunda parte da campanha.
No UB se dizia que Fernando Máximo estaria agindo como um popstar, devido à grande quantidade de votos recebidos e também porque tinha se acostumado a aparecer na televisão quando era secretário de Estado da Saúde. Após a posse dos eleitos, os problemas foram intensificados. O governador viajava para Brasília e era visto desacompanhado indo aos ministérios. Onde estava o campeão de votos, Fernando Máximo?
Mas então Fernando Máximo resolveu ser pré-candidato a prefeito de Porto Velho. É claro que o diretório estadual do União Brasil recebeu a pretensão com extrema resistência, pois teria havido quebra de confiança. O médico da touquinha não era mais visto com alguém que merecesse crédito dentro do partido. Então ele foi para a mesa de truco.
E Fernando chegou logo gritando: truco, truco, truco. Avisou que seria o pré-candidato do União Brasil a prefeito, pois tinha sido o campeão de votos. O presidente do UB, Júnior Gonçalves, então, sentou-se na cadeira em frente pediu seis, pois percebeu que o médico estava blefando.
Fernando Máximo gritou nove, indo conversar com o senador Marcos Rogério, o principal adversário não somente do governador, mas da cúpula do União Brasil. É claro que, dentro do partido, colaram na testa dele a carta de traidor político. Então o médico da touquinha ameaçou sair do partido.
Júnior Gonçalves pediu 12, pois viu que Fernando estava blefando, pois se deixasse o União Brasil acabaria perdendo o mandato de deputado federal, não havia garantias de que seria eleito prefeito e ficaria sem a imunidade parlamentar.
Ao final da partida, Fernando não tinha o zap. Não tinha nem mesmo o pica fumo. Era só facão, como é chamado o blefe. Acabou ficando no União Brasil, para conservar o mandato, mas saiu atirando em entrevistas à imprensa. Diante do que aparentemente considerou ofensas, pela primeira vez Júnior Gonçalves reagiu em seu perfil no Instagram, postando o seguinte: “Se me cutucar muito vou ser mais claro em breve”.
Como não tinha o zap e tudo não passava de facão, Fernando não demonstrou ser um jogador habilidoso e muito menos um bom perdedor. E agora passaram o facão em 20 cargos que ele tinha no governo. Foi o preço do blefe.