Presa por levar um cadáver a uma agência bancária em Bangu, na zona oeste do Rio, Érika de Souza Vieira Nunes (42) prestou depoimento à polícia e afirmou que Paulo Roberto Braga (68) queria comprar uma televisão e fazer uma nova obra em casa. Ela diz ser sobrinha do homem morto e alega que atuava como cuidadora, já que eram vizinhos.
Segundo o depoimento de Érika, Paulo Roberto ficou internado por alguns dias por conta de uma pneumonia e teve alta na última segunda (15). A Fundação Saúde, gestora da UPA Bangu, confirmou a informação e afirmou que ele deu entrada na unidade no dia 8 de abril.
Após sair da UPA, o idoso ficou sob os cuidados de Érika. Ela ainda diz que Paulo Roberto havia feito o empréstimo no dia 25 de março e que teria demonstrado interesse em sacar o valor nesta semana. Por isso, alega que foi ao banco para atender a um desejo dele.
A mulher afirmou durante a oitiva que chamou um motorista de aplicativo e conseguiu colocá-lo e retirá-lo no carro com ajuda do trabalhador. Segundo ela, Paulo Roberto ainda estava consciente, apesar de debilitado, quando estava dentro da agência bancária e parou de responder no momento do atendimento dos funcionários do local.
Érika também diz que a equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou ao local e tentou fazer manobras de ressuscitação. Ela afirma que viu uma resposta aos estímulos, mas que ele parou de reagir pouco depois.
Um dos funcionários do Samu, no entanto, afirmou à polícia que o corpo já apresentava livores, manchas escuras que indicam falta ou acumulação de sangue, que costumam aparecer cerca de duas horas após a morte.
Mulher tem problemas psiquiátricos e idoso chegou vivo ao banco, diz defesa
A defesa de Erika de Souza Vieira Nunes, detida após tentar sacar um empréstimo com um idoso falecido em uma agência bancária no Rio de Janeiro, afirmou que ela possui laudos médicos que atestam problemas psiquiátricos. A advogada de defesa, Ana Carla de Souza, também disse que Erika não sabia que o idoso estava morto em entrevista ao UOL News nesta quarta-feira (17).
“Sabemos que há doenças que são altamente psicológicas, outras que transitam para uma questão psiquiátrica e outras que beiram à loucura. Não é o caso dela. [No caso da Erika] São situações que transitam entre um abalo psicológico e uma questão de medicamentos controlados no campo psiquiátrico”, disse Ana Carla.
A advogada também contestou a declaração de óbito prematura do idoso, argumentando que ele chegou vivo à agência bancária, conforme testemunhas corroboram. Ela mencionou que aguarda respostas do Instituto Médico Legal (IML) sobre o caso.
“Acreditamos na inocência da Erika. Temos testemunhas de que o senhor Paulo chegou vivo à agência bancária. Embora tenha sido, de forma prematura, declarada a morte por uma emergência dos bombeiros e do Samu, isso será contestado. Estamos aguardando também a resposta do IML. Também temos provas documentais do abalo emocional da Erika”, afirmou na entrevista.