Regionais : Confúcio que foi sargento da PM de Goiás no regime militar critica o sistema
Enviado por alexandre em 22/04/2024 15:06:31

No corredor que conecta a Câmara dos Deputados e o Senado, uma mostra fotográfica oferece uma janela para os tumultuados anos da ditadura militar.

Confúcio visita exposição ‘‘Tempo de Chumbo’’, critica a ditadura militar e elogia resistência
Por Rondoniadinamica

Porto Velho, RO – Em uma recente exposição intitulada "Tempo de Chumbo", realizada na área de exposição entre a Câmara dos Deputados e o Senado, o trabalho do repórter fotográfico Orlando Brito, que faleceu em março de 2022, trouxe à tona imagens que refletem a dura realidade vivida durante os 21 anos de ditadura militar no Brasil. O senador Confúcio Moura, do MDB de Rondônia, marcou presença no evento e compartilhou suas impressões e experiências pessoais relacionadas ao período.

Moura descreveu a exposição como um espelho da realidade vivida na época, apesar de reconhecer que as fotografias representam a visão particular do fotógrafo. "Lógico que aquelas fotos são de um só fotógrafo e ele pegou as cenas que julgou mais conveniente daqueles momentos," explicou ele.

Durante a ditadura, a resistência não foi passiva. Segundo o senador, o movimento de oposição foi vibrante e diversificado, envolvendo desde estudantes em manifestações até ações mais diretas de grupos de esquerda nas cidades, como o sequestro de diplomatas e assaltos a bancos. "Não foi assim, de mão beijada, que transcorreram aqueles 21 anos," disse Moura, destacando a importância de figuras políticas como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves no enfrentamento ao regime.

A exposição "Tempo de Chumbo" foi particularmente significativa para Moura, que viveu sua adolescência e juventude durante a ditadura. "Eu me reencontrei com aquilo, porque justamente, naquela exposição, eu sou testemunha," comentou o senador, enfatizando a importância do evento como um meio de reflexão e memória para assegurar que tais tempos nunca sejam romantizados ou esquecidos.

O impacto das imagens, que segundo o senador "nem precisa de legenda", ressalta a severidade e a crueldade do regime militar, exibindo desde as expressões dos envolvidos até a organização das estruturas de poder. A mostra oferece uma oportunidade para os visitantes, especialmente aqueles que não viveram o período, de compreender melhor a história política recente do Brasil e a luta pela democracia que moldou o país.

CONFIRA:

ANOS DE CHUMBO

Por Confúcio Moura

Recentemente tivemos uma exposição do repórter fotográfico Orlando Brito, chamado Tempo de Chumbo, naquela área de exposição entre a Câmara dos Deputados e o Senado que eu estava curioso para ver. Lógico que aquelas fotos são de um só fotógrafo e ele pegou as cenas que julgou mais conveniente daqueles momentos. Mas, de qualquer forma, a exposição espelha toda a realidade vivida naqueles 21 anos de ditadura militar no Brasil.

Muita gente que quer abrandar o nome, fala em golpe militar, fala em revolução. Mas para mim foi ditadura mesmo. Era uma ditadura de exceção, guiada por atos institucionais. Mas, o mais relevante de tudo que eu vi na exposição foi o nível da resistência.

Não foi assim, de mão beijada, que transcorreram aqueles 21 anos, não. Eram estudantes nas ruas, nas manifestações, na Guerrilha do Araguaia, onde muitos resistentes foram montar suas bases a partir daquela distância, nos ermos do estado de Goiás, hoje Tocantins, em Xambioá, e ali, armavam uma contraguerrilha. Uma ofensiva.

Teve também nas cidades os grupos de esquerda que enfrentavam a ditadura, sequestrando diplomatas, assaltando bancos, fazendo mil coisas, a fim de provocar uma resistência e promover uma insurreição. E depois o velho MDB de guerra, o Mandabrasa, através da figura olímpica, extraordinária, inesquecível de Ulysses Guimarães, Tancredo, nunca tiveram medo de enfrentar, mesmo com o exílio de inúmeros cientistas, poetas, escritores, colegas, deputados, presidentes, que foram jogados para fora do país.

Então, a exposição Tempo de Chumbo é memorável. Nem precisa de legenda, bastam as fotografias, as fotos dizem tudo, mostram a realidade, as expressões, os ângulos, as torturas, os exercícios para torturadores, enfim, a organização de uma estrutura de poder altamente cruel.

Eu me reencontrei com aquilo, porque justamente, naquela exposição, eu sou testemunha. Eu vivi a adolescência, a juventude, certa maturidade da vida nesse período. Então, pra mim, é muito importante me encontrar com esses tempos para nunca mais ter nostalgia.

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