Após ser diagnosticado com a doença de Crohn, passar por 11 cirurgias e ter de remover o ânus, o reto e todo o intestino, Michel Romão iniciou os procedimentos para concluir a transição de gênero. Ainda com 15 anos, em 2015, ele começou a enfrentar sintomas que eram inexplicáveis para um adolescente saudável: diarreia, sangue nas fezes e perda rápida de peso. Preocupado, ele e seus pais buscaram ajuda médica e recebeu o diagnóstico de retocolite, mas o tratamento não trouxe melhora. Foram mais de dois anos até descobrirem a doença de Crohn.

“Comecei a sofrer com perda de apetite, peso, sangue nas fezes e diarreia que não passava. Minha família não sabia o que fazer e meus pais ficaram desesperados. A coisa só começou a melhorar quando me falaram do que eu sofria e que não podia mais comer alimentos com glúten e lactose, além de frituras e gordurosos. Também passei a não comer doces e tomar refrigerantes”, relata Michel.

Entre 2019 e 2021, Michel passou por 11 cirurgias, incluindo reparação de hérnia e fístula, e a colocação de uma bolsa de ostomia. Esta bolsa precisou ser retirada e recolocada, pois a primeira tentativa não foi bem-sucedida. “Na penúltima cirurgia, mesmo com a bolsa, continuava a ter muita secreção a ponto de precisar usar fraldas. Foi quando o médico optou pela proctocolectomia total, que é a retirada do ânus, do reto e de todo o intestino.”

“Nunca tinha ouvido falar da doença de Crohn até ser diagnosticado com ela, quando tinha 18 anos. Foi um longo processo de descoberta, tanto para mim quanto para os médicos que me acompanharam no processo de cura”, disse Michel ao Uol, ao revelar como foi descobrindo aos poucos sua nova identidade.