Na primeira visita ao Brasil desde sua eleição, o presidente ultradireitista da Argentina, Javier Milei, quebrou o protocolo dos chefes de Estado ao evitar um encontro com i presidente Lula (PT) e chamou Jair Bolsonaro (PL), seu aliado político e investigado pela Polícia Federal (PF) por envolvimento no esquema de desvio de joias sauditas, de “perseguido judicial”.

Milei chegou a Balneário Camboriú, Santa Catarina, no sábado, sendo recebido pelo ex-chefe do Executivo e pelos governadores bolsoraristas Jorginho Mello (PL-SC) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).

Já no domingo, ele participou da a 5ª edição da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), congresso conservador onde em seu discurso, evitou mencionar Lula diretamente, mas criticou os governos de esquerda na América Latina.

Milei subiu ao palco por volta das 17h, sendo aclamado com aplausos e gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”. Ele agradeceu a recepção calorosa de Bolsonaro e afirmou sentir-se “em casa e sempre bem entre amigos”.

“Olhem o que aconteceu na Venezuela e na Bolívia em 2019, quando Evo Morales se obstinou com um terceiro mandato inconstitucional. Olhem a perseguição judicial que sofre o nosso amigo Jair Bolsonaro aqui no Brasil e o que está acontecendo na Bolívia agora mesmo; estão dispostos a montar um falso golpe de Estado”, disse.

Milei faz forte discurso na #CPAC e alerta sobre riscos que o Brasil sofre nas mãos daqueles que dizem fazer o que fazem em nome da "democracia".

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— Carla Zambelli (@Zambelli2210) July 8, 2024

Vale destacar que a relação entre Milei e Lula tem sido tensa desde a campanha do argentino, que fez constantes ataques ao líder brasileiro. Na semana passada, ele chamou o petista de “corrupto” e cancelou sua participação na Cúpula do Mercosul, no Paraguai, para poder comparecer à CPAC.

O Itamaraty, entretanto, recomendou que presidente brasileiro não respondesse às provocações, mas manteve atenção aos movimentos do argentino, caso houvesse uma nova escalada de tensão.

A 5ª edição da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), realizada em Balneário Camboriú, Santa Catarina, destacou-se como um ponto de encontro para figuras da extrema-direita e também como um stand de vendas para produtos relacionados aos extremistas.

O evento atraiu um público diversificado, incluindo crianças e idosos, embora os jovens fossem minoria. Muitos pré-candidatos a vereadores e prefeitos da região também marcaram presença, conforme informações do Globo.

Além das palestras, a loja de souvenirs chamou atenção com uma ampla variedade de itens estampados com o rosto e o nome de Bolsonaro, como calendários, camisetas, chaveiros, copos, canecas, vinhos que custavam até R$ 140, cervejas e quadros.

A conferência também gerou receita com a transmissão on-line, cujo link de acesso foi vendido por R$ 21,90, mas que também estava disponível gratuitamente no YouTube.

O clima chuvoso e frio fez com que o verde e amarelo, característico do bolsonarismo, ficasse escondido sob casacos ou fosse visto somente em acessórios como lenços e cachecóis. Entretanto, uma tendência que se consolidou entre as mulheres foi a tiara de flores.

Vendida por R$ 100 na versão mais sofisticada, a tiara tornou-se a marca registrada da deputada federal Júlia Zanata (PL-SC), que chegou a processar jornalistas e influenciadores que associaram o adereço ao nazismo. A tiara esgotou rapidamente e, no domingo, apenas a versão mais simples, por R$ 30, estava disponível.

Na livraria, o livro mais vendido foi “O cristão e a política — Descubra como vencer a guerra cultural”, do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Vale destacar que fãs do deputado esperaram até uma hora na fila para conseguir um autógrafo.

Outro sucesso de vendas foi “Javier Milei: Viva a liberdade, carajo!”, de Tiago Pavinatto. Até mesmo um sósia de Milei, com uma motosserra, item utilizado pelo ultradireitista durante sua campanha, marcou presença no evento fascista.

O evento movimentou a cidade mesmo fora do centro de exposições, com Bolsonaro circulando por restaurantes, postos de gasolina, padarias e feiras de pescadores, sempre acompanhado pelo prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira, e pelo governador do estado, Jorginho Mello, ambos do PL.