Coluna Você Sabia? : Como os bilhões de micróbios em nossa pele mantêm nossa saúde
Enviado por alexandre em 16/08/2024 15:33:19

Bilhões de micróbios em nossa pele formam Exército invisível que mantém nossa saúde em dia

Nossa pele abriga uma superpopulação. Se observarmos de perto qualquer centímetro quadrado de pele do nosso corpo, iremos encontrar entre 10 mil e 1 milhão de bactérias vivas.

 

Nosso corpo é coberto por um vibrante ecossistema microbiano. Parece ser nojento. Mas será mesmo?

 

Existem cada vez mais evidências de que a microbiota da nossa pele, na verdade, desempenha papel fundamental para nos manter saudáveis, além de oferecer outros benefícios surpreendentes.

 

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Por isso, é melhor procurar saber mais antes de procurar aquele sabão bactericida.

 

DIVERSIDADE

 

Close-up de uma mulher negra aplicando gotas de cosmético no rosto.

 

Você talvez já tenha ouvido falar da microbiota intestinal — o complexo ecossistema de micróbios que habita os nossos intestinos.

 

Já se comprovou que a diversidade deste conjunto de bactérias, fungos, vírus e outros organismos unicelulares desempenha papel importante em uma série de doenças, como diabetes, asma e até a depressão.

 

Mas os micróbios que pegam carona na nossa pele também podem nos trazer benefícios. Eles oferecem a primeira linha de defesa contra os patógenos que tenham a infelicidade de pousar sobre a superfície do nosso corpo.

 

FIM DO QUE HISTÓRIA!

 

Imagem retrata duas mãos: a esquerda com sinais de envelhecimento, e a direita, mais jovem, com as unhas pintadas de vermelho.

Fotos: Reprodução

 

Os micróbios da pele também ajudam a decompor parte das substâncias químicas que encontramos no nosso dia a dia e participam do desenvolvimento do nosso sistema imunológico.

 

Em termos de diversidade bacteriana, o microbioma da pele só perde para os nossos intestinos.

 

Quando paramos para analisar, é algo bastante surpreendente. Afinal, em comparação com os habitats seguros, quentes e úmidos da nossa boca e intestino, a pele é um lugar bastante inóspito.

 

"A pele é um ambiente muito hostil, em comparação com outras partes do corpo", explica a professora de cura de feridas Holly Wilkinson, da Universidade de Hull, no Reino Unido.

 

"Ela é seca, árida e muito exposta aos elementos. As bactérias que vivem ali evoluíram por milhões de anos para enfrentar essas pressões", acrescenta.

 

Essa evolução conjunta nos trouxe muitos benefícios.

 

Nem todas as partes da pele são colonizadas igualmente. Na verdade, as bactérias podem ser surpreendentemente criteriosas em relação aos lugares onde elas preferem viver.

 

Se você passar um cotonete pela sua testa, pelo nariz ou pelas costas, você irá descobrir que estas áreas estão repletas de Cutibacterium, um gênero de bactérias que evoluiu para se alimentar do sebo oleoso produzido pelas células da nossa pele. Elas ajudam a umedecer e proteger a camada externa do nosso corpo.

 

Mas pegue uma amostra das suas axilas, quentes e úmidas, e provavelmente você irá encontrar grandes quantidades de Staphylococcus e Corynebacterium. Examine entre os dedos dos pés e lá haverá muitas espécies de Propionibacterium. Algumas delas são utilizadas na produção de queijo, ao lado de uma ampla variedade de fungos.

 

Regiões secas da pele, como os braços e as pernas, são particularmente inóspitas para as bactérias. Por isso, as espécies que moram ali não costumam ficar por muito tempo.

 

Estas regiões também tendem a abrigar uma maior proporção de vírus do que outras áreas externas do corpo. E, naturalmente, a nossa pele também abriga outras criaturas, como os minúsculos ácaros.

 

BENEFÍCIOS

 

Todos esses micróbios formaram, ao longo de milênios, uma espécie de relação simbiótica com os seres humanos.

 

As bactérias, fungos e ácaros que vivem na nossa pele se beneficiam do fornecimento constante de ricos nutrientes. Mas nós também dependemos do nosso microbioma da pele, pois as espécies benéficas nos ajudam a repelir as bactérias patogênicas prejudiciais que competem com elas.

 

"A simples existência de todas essas bactérias faz com que seja muito difícil que um patógeno se estabeleça", explica Wilkinson.

 

"Qualquer bactéria que chegue precisa ser capaz de subjugar o sistema, mas, para isso, ela precisa concorrer com as bactérias altamente evoluídas que já estão naquele ambiente."

 

As bactérias da pele também podem combater possíveis invasores, produzindo substâncias que inibem seu crescimento ou matando a todos diretamente.

 

As espécies Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus hominis, por exemplo, são bactérias comensais e dependem de nós e de outros animais para abrigá-las. Elas produzem moléculas antimicrobianas que inibem o Staphylococcus aureus, uma espécie de bactéria prejudicial para os seres humanos. Ela é uma fonte comum de infecções da pele e é associada a infecções resistentes à meticilina (SARM).

 

Alguns cientistas também acreditam que, como a microbiota intestinal, o microbioma da pele ajuda a "treinar" nosso sistema imunológico durante a infância. As bactérias ensinam quais alvos ele deve atacar e quais ignorar.

 

Acredita-se que exista, por exemplo, uma relação entre a diversidade de certas bactérias da pele e o menor risco de sofrermos alergias.

 

O microbioma da pele também desempenha outras funções importantes. Acredita-se, por exemplo, que certas bactérias podem nos ajudar a manter a aparência jovem, retendo a umidade. Isso mantém a nossa pele maleável, suave e carnuda.

 

Para impedir a entrada de toxinas e patógenos nocivos e a saída da água, nossa pele contém diversas camadas.

 

A mais impenetrável de todas é a camada superior. Chamada de stratum corneum, ela é formada por células mortas chamadas corneócitos, intercaladas com moléculas de gordura conhecidas como lipídios.

 

"Ela é muito firme e impermeável e é por isso que nós não nos dissolvemos quando saímos na chuva", explica a professora de dermatologia translacional Catherine O'Neill, da Universidade de Manchester, no Reino Unido.

 

Abaixo do stratum corneum, temos diversas camadas de células vivas da pele chamadas queratinócitos. E existem espaços minúsculos entre essas células da pele, através das quais poderia vazar água. Para evitar que isso aconteça, os queratinócitos produzem lipídios, que ajudam a repelir a umidade.

 

"É meio que uma estrutura de tijolos e cimento", segundo Wilkinson. "Você tem as células e, entre elas, todos esses lipídios que também agem como parte da barreira. Eles atuam como uma cola que mantém tudo unido."

 

Mas onde entram as bactérias em tudo isso? Bem, acontece que algumas das bactérias mais úteis que vivem na nossa pele não só produzem lipídios, mas enviam sinais que instruem as nossas células da pele a também produzirem mais lipídios.

 

Estudos demonstraram, por exemplo, que as bactérias Cutibacterium estimulam a pele a produzir maior quantidade de sebo, que é rico em lipídios e reduz a perda de água, aumentando a nossa hidratação.

 

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Já a espécie Staphylococcus epidermidis também aumenta os níveis de ceramidas da pele, que são lipídios que agem como uma cola que mantém juntas as células da nossa pele juntas. Com isso, nossa barreira dérmica permanece saudável e intacta.

 

Fonte: BBC News Brasil

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