Um novo estudo da UC Riverside demonstra que a restrição calórica não impede os ratos de se exercitarem, desafiando a crença de que fazer dieta drena a energia do treino. O trabalho, publicado recentemente na revista científica Physiology & Behavior, mostra que cortar calorias em 20% não reduziu significativamente a distância que os ratos escolheram voluntariamente correr todos os dias.
Os pesquisadores decidiram entender o que acontece quando a quantidade de comida disponível é reduzida. A ideia é que a descoberta ajudasse a entender animais selvagens, que nem sempre recebem tanta comida quanto desejam num determinado dia, e também para os seres humanos, cujos médicos prescrevem dietas frequentemente.
Mas é difícil obter dados precisos sobre a quantidade de exercícios voluntários praticados pelos humanos. Por isso, o estudo foi feito com dois tipos de ratos de laboratório: animais "normais" e animais "corredores", que foram criados para gostar de correr.
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Durante três semanas, a equipe avaliou o nível normal de atividade de corrida dos. Depois, eles avaliaram esse nível em uma dieta com 20% de restrição de calorias e, na semana seguinte, com 40% de restrição.
Os resultados mostraram que os ratos optaram por correr em níveis semelhantes, independentemente de quanto comiam.
“O exercício voluntário foi notavelmente resistente à redução da quantidade de comida em 20% e até 40%”, diz o biólogo da UCR e autor correspondente do estudo, Theodore Garland Jr., em comunicado.
Embora os corredores de alto nível tenham reduzido ligeiramente a distância total com a restrição calórica de 40%, a redução na distância foi de apenas 11%. Como eles começaram a correr três vezes mais por dia do que os ratos normais, a redução é considerada ligeira.
“Eles ainda estão funcionando em níveis extremamente altos”, pontua Garland.
Os ratos normais não reduziram a distância diária, mesmo com redução de 40% nas calorias.
Os pesquisadores acreditam que os ratos continuaram correndo normalmente, mesmo com a restrição de calorias, porque correr dá uma “euforia”, em parte aumentando os níveis de dopamina e canabinoides no cérebro.
“Correr sobre rodas (como fazem os ratos) é um comportamento autocompensador”, avalia Garland.
Além disso, os investigadores ficaram surpreendidos ao descobrir que a massa corporal não foi significativamente afetada pela redução de 20% nas calorias tanto nos ratos normais como nos ratos de corrida intensa. Embora tenha havido alguma queda na massa corporal com uma redução de 40%, não foi tão alta quanto o previsto.
“As pessoas muitas vezes perdem cerca de 4% da sua massa corporal quando fazem dieta. Isso está na mesma faixa que esses ratos”, explica Garland.
Fotos: Reprodução
De acordo com os pesquisadores, este estudo contribui para a nossa compreensão de por que algumas pessoas gostam de se exercitar e outras não. O próximo passo é tentar compreender porque tanto a quantidade de exercício voluntário como a massa corporal são tão resistentes à restrição calórica.
“Tem que haver algum tipo de compensação se sua alimentação cair 40% e seu peso não cair muito”, diz Garland. “Talvez isso esteja reduzindo outros tipos de atividades, ou tornando-se metabolicamente mais eficiente, o que ainda não medimos.”
Como a destruição do habitat causa escassez de alimentos para os animais selvagens, este tipo de informação pode ser fundamental para as pessoas que tentam preservar as espécies. E para muitas pessoas interessadas em melhorar a sua saúde, as implicações podem ser igualmente significativas.
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“Não queremos que as pessoas que fazem dieta digam: 'Não tenho energia suficiente, então vou compensar não fazendo exercícios'. Isso seria contraproducente, e agora sabemos que não precisa ser assim", conclui o pesquisador.
Fonte: O Globo