Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional já estão calculando os ganhos políticos que podem obter após a manifestação deste sábado (7), na Avenida Paulista, em São Paulo, em defesa do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Embora reconheçam que o afastamento do magistrado não acontecerá agora, os bolsonaristas acreditam que o ato pode fortalecer a pressão política para o avanço de propostas que visam limitar o poder da Corte.

Entre as principais expectativas, segundo Igor Gadelha, do Metrópoles, está a tramitação de diversas Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que têm o STF como alvo. Uma delas busca restringir as decisões monocráticas de ministros da Corte, algo que já está em debate na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

Os parlamentares de extrema-direita acreditam que, com a mobilização popular gerada pelo ato, as PECs poderão avançar mais rapidamente após serem aprovadas pela CCJ.

Os aliados de Bolsonaro esperam que essa pressão popular também influencie o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a instalar a comissão especial das PECs assim que elas forem liberadas pela CCJ, e, posteriormente, paute as propostas para votação no plenário ainda em 2024.

“A manifestação é fundamental para mostrar que há apoio popular para essas mudanças, e isso pode fazer com que as propostas avancem mais rápido”, comentou um deputado bolsonarista, sob condição de anonimato, ao Metrópoles.

Além das PECs, os bolsonaristas também veem no ato uma oportunidade de reduzir a pressão que ministros do STF vêm exercendo sobre Bolsonaro e seus aliados. O ex-presidente e membros de sua base têm sido alvo de investigações e decisões judiciais, muitas delas conduzidas por Moraes, o que motivou a organização do ato.

A expectativa é que, assim como aconteceu após o 7 de setembro de 2021, quando Bolsonaro subiu o tom contra Moraes e depois aceitou dialogar, o ministro possa baixar a temperatura novamente.

“Em 2021, depois do discurso duro do presidente, vimos Moraes disposto a conversar, o que aliviou a pressão sobre o governo por um tempo. Agora, a expectativa é que a manifestação mostre que a insatisfação com o STF é grande e faça com que eles recuem um pouco”, afirmou um senador bolsonarista.

No entanto, mesmo com as projeções otimistas dos bolsonaristas, a expectativa é que o impeachment de Moraes, pedido central da manifestação, não ocorra neste momento.

“Sabemos que o impeachment é improvável agora, mas estamos jogando o jogo político. Nossa meta é colocar o STF na berlinda e avançar com as PECs que diminuam o poder de Moraes e da Corte como um todo”, disse outro parlamentar de extrema-direita.