Brasil : Onda de calor: Cidades enfrentam temperaturas de 40ºC e baixa qualidade do ar; veja previsões
Enviado por alexandre em 09/09/2024 09:38:41


Termômetro de SP indica qualidade do ar ruim – Foto: Adamo Bazani

Uma nova onda de calor está prevista para intensificar-se nos próximos dias, de acordo com o alerta do Inmet. Estados como Rondônia, Mato Grosso, São Paulo e Rio Grande do Sul estão entre os mais afetados. As temperaturas podem subir até 5ºC acima da média histórica, e em algumas cidades, superar os 40ºC, agravando a situação da baixa umidade.

A MetSul Meteorologia informou que o Brasil está sob uma massa de ar extremamente seco e quente, com níveis de umidade relativa do ar entre 10% e 20%, atingindo até valores abaixo de 10% em algumas regiões. Segundo a OMS, níveis abaixo de 20% são considerados uma emergência. A previsão é que o calor atinja o seu pico nesta semana.

Além do calor, o Brasil enfrenta o aumento das queimadas, que impactam a qualidade do ar, principalmente nas regiões Norte e Sudeste. Cidades como Porto Velho, Rio Branco e São Paulo tiveram os piores índices de qualidade do ar do mundo no domingo (8), com níveis de poluição mais de 10 vezes acima do limite seguro, de acordo com a especialista Adriana Gioda.


Alta na temperatura: 1400 cidades sofrem com seca extrema no Brasil


Comunidade do Catalão, em Iranduba, sofre com a seca no Amazonas — Foto: Gato Júnior/Rede Amazônica

A maior seca já registrada no Brasil está afetando 1.400 municípios, classificados como de nível extremo ou severo. Essa estiagem chegou de forma antecipada, sendo um indicativo claro das mudanças climáticas, que resultam, em grande parte, do aquecimento global.

Em 2024, o mês de agosto foi o mais quente já registrado no mundo. Dos últimos 14 meses, 13 apresentaram uma temperatura média 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais.

O pesquisador Giovanni Dolif, do Cemaden, comentou em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que o aquecimento global está acelerando e já afeta o Brasil de maneira significativa. Ele destacou que, no último inverno, as temperaturas em São Paulo ficaram dois graus acima da média.

“E mais grave do que isso: nós brasileiros estamos sentindo um aquecimento acima dessa média global. Nesse inverno, o trimestre junho, julho e agosto teve em São Paulo, por exemplo, dois graus acima da média”, afirmou.

Já o climatologista Carlos Nobre disse que o planeta está registrando temperaturas que não eram vistas há 120 mil anos, intensificando eventos climáticos extremos como secas prolongadas, ondas de calor e incêndios florestais. Segundo ele, esses fenômenos estão se tornando cada vez mais comuns e perigosos.

O clima seco contribui diretamente para a propagação de incêndios em áreas vulneráveis, como o Pantanal, uma das regiões mais biodiversas do Brasil. A cientista Luciana Gatti explicou que o Cerrado, de onde nascem os rios que abastecem o Pantanal, está 60% desmatado, o que afeta as raízes profundas da vegetação.

Pantanal está sendo destruído pelo fogo — Foto: Mayke Toscano - Secom - MT
Área do Pantanal atingida pelo fogo. Foto: Mayke Toscano

“O problema do abastecimento dos rios não é tanto o que está acima da superfície, mas principalmente o que está abaixo da superfície, porque o Cerrado é como se fosse uma floresta de ponta cabeça”, disse. “As raízes são a floresta exuberante que ajuda as águas a irem para o lençol freático e os rios terem um volume mais alto. Mas desmatando, as raízes também morrem”.

Além das questões climáticas, as ações humanas têm desempenhado um papel importante na origem dos incêndios. A Polícia Federal (PF) identificou que grande parte das queimadas no Brasil é provocada de forma criminosa.

Vale destacar que, em Novo Progresso, no Pará, o mesmo grupo envolvido no “Dia do Fogo” de 2019 organizou novos incêndios para expandir áreas de grilagem.

O governo federal está planejando medidas mais duras para quem comete crimes ambientais, incluindo confisco de terras e aumento das penas de prisão. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que o uso do fogo tem sido adotado como estratégia de desmatamento, com invasores aproveitando o período de seca para ocupar e destruir ilegalmente áreas da Amazônia.

“O fogo está sendo o novo desmatamento. Então, tem que cercear qualquer forma de regularização que esteja associada à apropriação criminosa dessas áreas, até porque é terra pública”, disse Marina.

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