Silencioso e, muitas vezes, difícil de ser detectado, o câncer ginecológico engloba diferentes tipos de tumores que afetam o sistema reprodutor feminino.
No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de 30 mil mulheres recebem, anualmente, o diagnóstico de uma das formas da doença. Os mais incidentes são o câncer de colo do útero, câncer de endométrio e o câncer de ovário.
Sabe-se que a prevenção desempenha um papel vital na luta contra os cânceres ginecológicos, principalmente por permitir a detecção precoce, considerada crucial para um tratamento eficaz e uma maior taxa de sobrevivência. Exames de rastreamento, como o papanicolau — responsável por detectar alterações nas células do colo do útero —, ajudam a identificar o tumor em estágios iniciais, o que aumenta as chances de cura.
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Para conscientizar a população feminina sobre a importância da prevenção, o mês de setembro é dedicado à campanha Setembro em Flor. Neste período, há uma intensificação de ações que destacam a necessidade de haver um acompanhamento e tratamento adequado para a saúde íntima da mulher.
Para a médica Rafaela Costa, oncologista clínica com área de atuação em Tumores Femininos, do Hospital Anchieta, informação é poder. A entidade hospitalar, que pertence à rede Kora Saúde, é parceira do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), idealizador da campanha do Setembro em Flor.
“É de extrema importância que nós, como profissionais de saúde e sociedade médica, informemos às nossas pacientes de forma adequada. Atualmente, todo mundo tem acesso à informação, mas nem todas essas informações são passadas de forma correta e relevante. Dessa forma, essas campanhas falam de temas que, nem sempre, são tão discutidos. Muitas vezes esses assuntos são tabus, e isso impacta diretamente na vida das mulheres”, avalia.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, ao todo, os cânceres ginecológicos são classificados em cinco tipos. O que possui maior incidência é o câncer do colo do útero, com 570 mil casos por ano. O câncer de ovário acomete 250 mil mulheres anualmente, enquanto o endométrio chega a 200 mil casos por ano. Já os cânceres de vulva e vagina são os mais raros, afetando 1 a cada mil mulheres por ano.
“A estatística brasileira é um pouco mais triste quando comparada ao restante do mundo, principalmente com os países desenvolvidos. O tumor ginecológico de maior impacto no nosso país é o de colo uterino, que é um câncer prevenível com o uso da vacina contra o vírus HPV. Nos países mais desenvolvidos, há mais de 20 anos, essa vacina já é instituída e, nesses locais, o principal câncer costuma ser ovário ou endométrio, a depender da região”, explica Rayane Cardoso, ginecologista oncológica, do Hospital Anchieta.
Foto: Reprodução/Eva
De acordo com as especialistas, discutir sobre o tratamento de uma doença prevenível é algo que exige muita atenção, especialmente devido à cobertura vacinal no território brasileiro, que caiu consideravelmente nos últimos anos.
"Esse tipo de campanha é necessário para disseminar essa informação, porque a vacina é segura, está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e as crianças e adolescentes devem procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para realizar a imunização", orienta a médica Rafaela Costa.
Para aumentar a quantidade de vacinas aplicadas no território brasileiro, no início deste ano, o Ministério da Saúde adotou uma nova estratégia de imunização contra a enfermidade. Desde o mês de abril, o esquema vacinal é feito em dose única, substituindo o antigo modelo em duas aplicações. Segundo o órgão, em 2023, foram aplicadas mais de 6,1 milhões de doses da vacina contra o HPV. O número é o maior desde 2018 (5,1 milhões) e representa um aumento de 42% em relação a 2022, quando foram aplicadas pouco mais de quatro milhões de doses.
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Atualmente, a vacinação é indicada para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. No entanto, não está restrita apenas a essa faixa etária.” A idade indicada diz respeito aos melhores resultados para meninos e meninas. No entanto, a vacina pode ser aplicada em situações específicas, como para paciente com imunossupressão, oncológicos ou com papilomatose laríngea. Tem também o sistema suplementar de saúde que, caso você não tenha tomado a vacina, você pode se vacinar”, contextualiza a médica Rayane Cardoso.
Fonte: Correio Braziliense