Uma descoberta arqueológica recente trouxe à tona um artefato notável: um delineador de 8.200 anos encontrado em Izmir, na Turquia. O pequeno objeto, desenterrado no Monte Yesilova, é feito de pedra e possivelmente é o exemplo mais antigo do mundo de um aplicador de kohl, um cosmético utilizado desde a antiguidade para realçar os olhos.
Essa descoberta reescreve parte da história da maquiagem, deslocando suas origens para muito antes do que se imaginava, cerca de 3.000 anos antes das primeiras evidências no Egito Antigo. Além de seu valor estético, o artefato revela um pouco sobre a cultura e os hábitos das sociedades pré-históricas da Anatólia.
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EMBELEZAMENTO: UMA PREOCUPAÇÃO ANTIGA
Os arqueólogos, liderados pelo professor Zafer Derin, da Universidade Ege, na Turquia, vêm trabalhando no Monte Yesilova desde 2005, em busca de pistas sobre a vida no período Neolítico (cerca de 10.000 a 3.000 a.C.). O local, que foi habitado entre 6.500 e 4.000 a.C., é considerado o assentamento humano mais antigo da região de Izmir.
A descoberta de artefatos, como o delineador de pedra, nos ajuda a entender melhor a vida cotidiana das pessoas que viveram ali. Ao lado de outros itens encontrados no local, como recipientes usados para armazenar maquiagem e adornos pessoais, esse delineador mostra que as preocupações com a beleza e o autocuidado não são exclusividade das sociedades modernas.
Com cerca de 9,5 centímetros de comprimento, a caneta de kohl apresenta um resíduo preto em sua ponta, o que indica que era utilizada para aplicar uma substância cosmética, provavelmente à base de óxido de manganês, um mineral amplamente utilizado em épocas antigas.
Esse tipo de maquiagem, comum no Egito e na Grécia, tinha função não apenas estética, mas também de proteção contra o sol e possíveis infecções oculares. A descoberta de um aplicador de kohl tão antigo sugere que os antigos habitantes da Anatólia já se preocupavam com a aparência e com os cuidados pessoais, muito antes de o uso de maquiagem se popularizar em outras culturas.
INTERCÂMBIO DE CULTURAS
Fotos:Reprodução
Estudiosos acreditam que a descoberta em Izmir pode redefinir as práticas de beleza na Antiguidade. Embora o Egito seja visto como berço do kohl, a evidência sugere que a Anatólia também foi crucial no desenvolvimento de maquiagem, revelando um intercâmbio cultural no Mediterrâneo que influenciou hábitos de beleza por milênios.
Além do delineador, o Monte Yesilova revelou joias de conchas, ossos e pedras, evidenciando a valorização da aparência pelas sociedades neolíticas da região. O uso de conchas, por exemplo, mostra a conexão dessas comunidades com o ambiente costeiro, sugerindo que os adornos indicavam não apenas uma forma de embelezamento, mas também status social e vínculo com a natureza.
Além dos cuidados com a aparência, as escavações no Monte Yesilova revelam que essas sociedades também davam importância à privacidade e ao espaço pessoal. Ao contrário de Çatalhöyük — um dos maiores assentamentos que existiu na Anatólia —, onde as casas eram construídas muito próximas umas das outras, os habitantes dessa região viviam em habitações separadas.
Isso pode ter permitido mais individualidade e oportunidades para a prática de rituais de autocuidado e beleza. Essas descobertas sugerem que, mesmo na pré-história, as pessoas buscavam maneiras de expressar sua identidade através da estética e dos adornos.
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Cada nova escavação amplia nosso entendimento do passado. A descoberta do delineador em Izmir nos leva a repensar as origens da maquiagem e a refletir sobre como os rituais de beleza e autocuidado sempre fizeram parte da experiência humana ao longo das eras.
Fonte:Mega Curioso