O general Esmail Ghaani, comandante da Força Quds (braço da Guarda Revolucionária do Irã para ações no exterior) no Irã, apareceu em imagens transmitidas nesta terça-feira pela imprensa estatal iraniana, após dias de especulação sobre seu paradeiro.
Ghaani havia desaparecido da vista do público e circulavam rumores em alguns meios de comunicação de que teria sido alvo de um ataque israelense no Líbano — Israel iniciou uma operação terrestre no sul do país e tem lançado bombardeios contra lideranças, combatentes e estruturas do grupo político-militar Hezbollah, movimento xiita apoiado por Teerã.
As dúvidas sobre o paradeiro do comandante também surgiram no momento em que o Irã se preparava para um possível contra-ataque israelense, após ter disparado uma salva de mísseis contra Israel há duas semanas.
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Foto:Reprodução
Antes da transmissão do vídeo nesta terça, o comandante de 67 anos foi visto pela última vez em Teerã, dois dias depois que Israel matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque a Beirute, de acordo com fotos publicadas pela imprensa iraniana.
De acordo com a IRNA, a agência de notícias estatal iraniana, Ghaani estava em uma cerimônia em um aeroporto em Teerã na madrugada desta terça para receber o corpo do major-general Abbas Nilforoushan, comandante iraniano sênior que foi morto no ataque ao Nasrallah.
O cortejo fúnebre começou na Praça Imam Hossein, no centro da capital, de acordo com a transmissão ao vivo pela televisão estatal. Mais tarde, durante a manhã, Ghaani também compareceu ao funeral, ainda de acordo com as imagens da imprensa estatal iraniana. Ele vestia o uniforme militar verde da guarda.
Ghaani tornou-se o chefe da Força Quds depois que os Estados Unidos mataram seu comandante anterior, o general Qassem Suleimani, no Iraque em 2020. A Força Quds é o braço da Guarda Revolucionária Islâmica que realiza operações externas, incluindo a supervisão dos grupos militantes que o Irã apoia, como o Hezbollah no Líbano, o Hamas em Gaza, os Houthis no Iêmen e grupos extremistas no Iraque e na Síria.
O caixão de Nilforoushan desfilou pelas ruas lotadas da capital, com milhares de iraniano participando da procissão fúnebre. Muitas pessoas carregavam faixas amarelas do Hezbollah, bandeiras do Irã, seu financiador, e bandeiras da Palestina. Elas gritavam "Morte a Israel".
Os restos mortais do comandante iraniano morto serão levados para outra cerimônia de despedida na capital ao fim do dia, antes de seguirem para outra procissão em Qom, ao sul de Teerã. Nilforoushan será enterrado em sua cidade natal, Isfahan, na quinta-feira, após ser levado para a cidade sagrada de Mashhad para outra cerimônia na quarta-feira.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã disse nesta segunda-feira que a República Islâmica usaria "todas as suas capacidades" para responsabilizar Israel pelas mortes.
O ataque do Irã a Israel, alvo de cerca de 200 mísseis, ocorreu em retaliação à morte de Nilforoushan e Nasrallah, em seu segundo ataque direto ao seu arqui-inimigo (o primeiro foi em abril). Também foi uma represália à morte do chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, que foi morto em julho quando estava em Teerã para participar de uma cerimônia de posse do presidente do Irã. Israel prometeu retaliar o ataque com mísseis, com o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, dizendo que a resposta de Israel será "mortal, precisa e surpreendente".
Nos últimos dias, o Irã se envolveu em negociações diplomáticas de alto nível para estabelecer um cessar-fogo no Líbano e em Gaza, além de maneiras de evitar que o conflito se espalhe pela região. Em uma visita a Bagdá, no Iraque, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, disse no domingo que o Irã estava "totalmente preparado para uma situação de guerra", mas acrescentou que "não queremos guerra, queremos paz".
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Em abril, Teerã disparou uma série de mísseis e drones contra Israel em retaliação a um ataque mortal ao consulado do Irã em Damasco, atribuído a Israel.
Fonte:Agência Brasil