A seca histórica que atinge o rio Solimões, no Amazonas, trouxe impactos diretos para a educação, com a suspensão das aulas em diversas escolas ribeirinhas. Sem condições de transporte, milhares de alunos estão temporariamente sem acesso às salas de aula, enfrentando uma longa espera para a normalização das condições de navegação. A redução drástica do nível da água tornou perigosa a travessia, especialmente para estudantes que dependem do rio para chegar às escolas construídas em áreas alagadas.
Em Manacapuru, um dos municípios mais afetados, o nível do rio Solimões chegou ao ponto mais baixo já registrado, prejudicando as rotas de transporte escolar. Muitos barcos, que antes navegavam sem dificuldade, agora precisam ancorar a quilômetros de distância, impossibilitando a chegada de estudantes e dificultando o abastecimento das comunidades com água potável e outros insumos essenciais. “Não tem condição para uma criança atravessar essa praia todos os dias,” afirma o pescador Romário Aguiar Martins, residente local.
A situação se agravou ao ponto de afetar 75 das 111 escolas da região. A Secretaria de Educação de Manacapuru emitiu um decreto de emergência que determina a suspensão das aulas por 15 dias, permitindo que os alunos da zona rural recebam conteúdos em casa por meio de apostilas. Essa medida busca minimizar os prejuízos na educação durante a estiagem, apesar das dificuldades logísticas enfrentadas para a distribuição do material.
A prefeitura relatou que, além de Manacapuru, outros 19 municípios amazonenses também foram afetados pela severa estiagem, incluindo áreas rurais da capital, Manaus. Para atenuar o impacto, o governo estadual distribui kits do programa ‘Merenda em Casa’ e o material pedagógico do ‘Aula em Casa’ para garantir que os estudantes tenham acesso ao conteúdo escolar durante o período de suspensão das aulas.
No primeiro dia de interrupção, educadores locais se reuniram para planejar a distribuição emergencial das apostilas. A professora Suely Azevedo, preocupada com o agravamento da seca, comenta: “Desta vez está ainda pior que o ano passado. Secou mais cedo”, A escassez de água potável e alimentos também preocupa os moradores, que dependem da escola para garantir refeições diárias para os estudantes.
Além do impacto educacional, a falta de água potável e produtos de higiene já afeta a saúde da população, principalmente das crianças. Casos de irritação na pele estão sendo relatados, como explica a agricultora Ciane Santos: ”Deu um surto de coceira nos pequenos, parece que é a água”.