Segundo Maria Eugenia Riscala, CEO da empresa Kaya, que abriga a Kaya Mind, há mais de 2.180 produtos de cannabis medicinal, variedade que contempla diversas necessidades. "A expansão da cannabis medicinal é visível no Brasil, não apenas em números, mas na forma como a medicina integra essas opções de tratamento à rotina dos pacientes em todo o país", diz à Agência Brasil.
O segmento movimentou R$ 853 milhões, quantia que supera em 22% a de 2023, de R$ 699 milhões. Em 2021, o montante foi bem inferior, de R$ 144 milhões, passando, no ano seguinte, para R$ 364 milhões. A projeção é de que o faturamento chegue a R$ 1 bilhão em 2025.
À Agência Brasil, o chefe de Inteligência e sócio da Kaya, Thiago Cardoso, afirma que os progressos no campo da regulamentação da cannabis, como a liberação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) quanto ao cultivo da planta têm colocado o Brasil em evidência. Este ano, 413 empresas estrangeiras exportaram produtos para o país, o que significou diversificação dos itens nesse mercado.
Veja também
Os 4 alimentos que podem reduzir o risco de 14 tipos de câncer
Avanço no rastreamento do câncer de boca desenvolvido pela prefeitura de Manaus conquista primeiro lugar em premiação nacional
"Esse avanço permite que mais pacientes encontrem soluções terapêuticas adequadas às suas necessidades e posiciona o Brasil como um mercado competitivo e inovador no cenário global", avalia Cardoso.
Apesar do crescimento, quase metade dos pacientes medicinais (47%) dependem da importação do produto que necessitam e que conseguem mediante prescrição médica devido aos entraves relativos à legalização. O restante recorre a farmácias (31%) e associações (22%), sendo que estas exercem um papel fundamental para quem não tem condições financeiras de cobrir os gastos.
LIBERAÇÃO DE CULTIVO
NO início do mês, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou, por unanimidade, a importação de sementes e o cultivo de cânhamo industrial para fins exclusivamente industriais e medicinais. A prática deve ser regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em até seis meses.
Foto: Reprodução
O cânhamo industrial é uma variedade com baixos níveis de THC, o principal composto psicoativo da planta, e que é inadequado para uso recreativo, mas pode ser usado para fins medicinais e industriais, como a produção de canabidiol (CBD).
Para a relatora no STJ, ministra Regina Helena, a permissão para o cultivo de “cânhamo industrial” para fins medicinais atende à diferenciação feita pela ciência e pela medicina entre o uso medicinal e recreativo. Ainda segundo a ministra, o alto custo de produção de medicamentos derivados de cannabis se deve, em parte, à necessidade da importação de insumos.
TRATAMENTO COM CANNABIS MEDICINAL
Um crescente número de estudos avalia os benefícios da cannabis medicinal para o tratamento de diversas condições de saúde. Atualmente, os efeitos positivos do canabidiol (CBD) já foram comprovados no tratamento de esclerose múltipla, epilepsia, autismo, doença de Parkinson, fibromialgia, dor crônica, entre outros.
Mas os produtos são indicados também para dezenas de outras doenças, como autismo, câncer, Alzheimer, espasticidade muscular, estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade, glaucoma, lesões musculares, entre outras.
Fonte: O Globo