Brasil : Bolívia solicita reconhecimento da folha de coca como patrimônio ancestral durante evento na Áustria
Enviado por alexandre em 13/12/2024 00:49:11

O secretário-geral da Vice-Presidência da Bolívia, Juan Carlos Alurralde, reafirmou esta semana a posição do país em relação à desestigmatização da folha de coca, solicitando a sua retirada da Lista 1 de Entorpecentes da ONU.

Durante o seu discurso nas sessões da Comissão de Estupefacientes (CND) e da Comissão de Prevenção do Crime e Justiça Penal (CCPCJ) das Nações Unidas em Viena, Áustria, destacou a importância de fazer justiça a esta planta milenar, cujo uso foi erroneamente classificado como prejudicial desde meados do século passado.

“Permitimo-nos lembrar com firmeza que os Estados-membros têm a responsabilidade de garantir que as decisões tomadas nesta comissão sejam baseadas na verdade científica e no respeito pelos povos indígenas”, sublinhou Alurralde, citado num relatório institucional.

A autoridade boliviana recordou os esforços da Bolívia desde 2011 para defender a sua soberania e proteger o uso tradicional, medicinal, nutricional e cultural da folha de coca.

Em 2013, a Bolívia reafirmou a sua posição através de uma reserva que protege o uso ancestral da coca, ao mesmo tempo que implementou mecanismos de controlo eficazes para equilibrar estas práticas com a luta contra o tráfico de drogas.

Alurralde destacou que a Bolívia demonstrou que é possível compatibilizar a preservação das tradições ancestrais com o cumprimento das regulamentações internacionais.

“A Bolívia demonstrou com integridade e responsabilidade que é possível implementar mecanismos de controle eficazes que equilibrem a preservação das práticas ancestrais e o combate ao tráfico de drogas, pelo qual a Bolívia é absolutamente responsável”, afirmou.

Apelou ao respeito pelos direitos dos povos indígenas e dos seus medicamentos tradicionais, solicitando o pleno reconhecimento da folha de coca como um bem comum para a humanidade.

“É inaceitável que, embora outras plantas já tenham sido reconhecidas pelas suas propriedades medicinais, como a marijuana, por exemplo, o potencial da folha de coca continue a ser deliberadamente ignorado”, acrescentou.

Destacou a necessidade de corrigir os preconceitos históricos que levaram à estigmatização da folha de coca, qualificando de injusto o relatório de 1950 que baseou a sua classificação atual.

A este respeito, destacou que o exame crítico liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) representa uma oportunidade única para reivindicar esta planta como patrimônio dos povos indígenas e um recurso de grande valor para a humanidade.

Reiterou o compromisso da Bolívia com a proteção da Mãe Terra e a preservação das tradições ancestrais, garantindo que a folha de coca seja um símbolo de harmonia com a natureza e um recurso com potencial transformador, não só para os povos indígenas, mas para todo o mundo.

*Com informações da Agência Boliviana de Informação ... - Veja mais em https://portalamazonia.com/amazonia-internacional/bolivia-folha-de-coca-patrimonio-ancestral/

Bolívia venera a coca no Dia Nacional do Acullico

Hojas-de-Coca
La Paz, 11 de jan (Prensa Latina) A Bolívia celebra hoje o ato principal do Dia Nacional do Acullico (mascar a folha de coca) na Plaza Murillo, quilômetro zero da cidade governamental e legislativa do Estado Plurinacional.

“Nossa folha de coca é antiga, é sagrada, representa força, integração e vida”, disse a ministra da Cultura do país serrano, Sabina Orellana, em coletiva de imprensa assistida pela Prensa Latina.

Sublinhou que esta planta é um símbolo de identidade dos povos indígenas nativos da Bolívia, faz parte de rituais religiosos e agrícolas e está presente na luta por reivindicações sociais desde antes da chegada dos colonialistas europeus, durante a colônia, a República e no Processo de Mudança (desde 2006 com a presidência de Evo Morales).

Ele lembrou que a Constituição Política estabelece em seu artigo 384 que o Estado protege a ancestral coca nativa como patrimônio cultural e recurso natural da biodiversidade da Bolívia.

“Também em 2016 foi promulgada a Lei 846, que declara o acullico como patrimônio cultural imaterial do Estado Plurinacional, que permite extrair o teor de seus nutrientes”, disse.

Este regulamento foi promulgado em 11 de janeiro daquele ano para lembrar que em 2013 a Bolívia voltou a aderir à Convenção Única das Nações Unidas sobre Entorpecentes de 1961, com uma reserva para permitir a mastigação no território nacional.

Durante o ato ao qual compareceram o vice-ministro da Coca, Arlen Lobera, e autoridades do Conselho das Federações Camponesas das Yungas de La Paz, Orellana considerou que esta planta fornece alimento espiritual que permite o contato com as divindades da Pacha Mama, e está ligada aos costumes ancestrais.

Ele enfatizou que, mesmo dentro da cosmovisão andina, faz parte das cerimônias pedir a um companheiro uma família; se não aceitam a folha de coca -explicou-, isso significa uma resposta negativa.

O costume de mastigar faz parte das práticas dos produtores de outros bens materiais como os agricultores ou mineiros nos quais gera mais força, alivia a fome e a sede e na medicina tradicional elimina dores de estômago.

Do ponto de vista da industrialização, a ministra disse que se avança e já existem licores, xaropes, refrigerantes e até bolo de farinha de coca com diversos sabores, subprodutos que constituem valor acrescentado, disse.

Ela foi enfática ao assinalar que, por todos esses motivos, em nome do presidente, Luis Arce, do vice-presidente, David Choquehuanca, do ministro de Desenvolvimento Rural e Terras, Remy González, e do Ministério de Culturas, “comemoramos está data de 11 de janeiro o Dia Acullico Nacional”.

oda/jpm / fav

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia