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Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, na terça-feira (10/2), prefeitos que elogiam os serviços públicos de saúde e educação de suas cidades, mas não os utilizam para si ou suas famílias. As declarações, no entanto, geraram reações nas redes sociais, onde internautas apontaram que o próprio Lula utiliza o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para atendimento médico, apesar de suas críticas.

Durante o discurso, Lula questionou a incoerência de governantes locais. “Você chega em uma cidade e pergunta: ‘Prefeito, como é que está a educação?’ [Ele responde]: ‘Está maravilhosa, a educação aqui é fantástica’. ‘Prefeito, como é que está a saúde?’ ‘A saúde aqui é fantástica’. Aí você pergunta: ‘Seu filho estuda nessa escola fantástica?’ [E a resposta é]: ‘Não’. O filho dele está em uma [escola] que não presta, particular”, afirmou o presidente.

Ele prosseguiu, defendendo que a qualidade dos serviços públicos só melhorará com maior engajamento da classe média. “Aí você pergunta: ‘Você se atende no pronto-socorro que você acha que é espetacular?’ [O prefeito diz]: ‘Não, meu filho, eu levo em outro lugar’. Então, esse país não vai dar certo nunca. Esse país só vai dar certo o dia que a classe média voltar para a escola pública. E [a classe média] só vai voltar para a escola pública quando ela melhorar”, complementou. Assista abaixo!

 Repercussão e crítica da Fenep
As declarações de Lula foram alvo de críticas por parte do presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Eugênio da Cunha, que manifestou “perplexidade” com os comentários do chefe do Executivo. Segundo Cunha, as falas de Lula desvalorizam o papel das escolas particulares no sistema educacional brasileiro.

“A declaração desconsidera o papel fundamental que essas instituições de ensino [particulares] desempenham na educação brasileira, complementando o sistema público e oferecendo educação de qualidade para milhões de famílias de diferentes realidades socioeconômicas”, destacou o presidente da Fenep.

Ele também mencionou os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, que evidenciam o desempenho positivo das escolas particulares em áreas como redação, ciências humanas e matemática, além da boa inserção de seus ex-alunos no mercado de trabalho.

Em nota, Eugênio da Cunha reforçou a importância de evitar polarizações no debate educacional. “Reforçamos que a educação não deve ser palco de divisões ou polarizações, mas um espaço de construção conjunta em benefício do futuro das nossas crianças e jovens. A Federação Nacional das Escolas Particulares está sempre à disposição para dialogar sobre soluções que fortaleçam o sistema educacional como um todo”, concluiu.

Oposição critica
Parlamentares de oposição reagiram à fala de Luiz Inácio Lula da Silva. “Quem diria que o defensor do SUS que só se consulta no Sírio-Libanês também não enviou os filhos dele para a escola pública?”, escreveu o deputado Kim Kataguiri (União-SP).

“Para quem é atendido no Sírio-Libanês tá fácil criticar”, escreveu, na mesma linha, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF).

“Hipocrisia do dia: E você, Lula, usa o SUS? Usa transporte público? Ah, me poupe!”, publicou o senador Jorge Seif (PL-SC).

“Enquanto Lula cobra que os outros usem o SUS, ele se trata no Sírio-Libanês, um dos hospitais mais caros e sofisticados do país. Enquanto crianças estudam em escolas públicas sem infraestrutura, a família de Lula frequenta as melhores escolas particulares. Hipocrisia total”, postou o ex-deputado federal Deltan Dallagnol.