Regionais : RETRATO FEIO, REALIDADE CRUEL.
Enviado por alexandre em 15/07/2010 11:47:04



RETRATO FEIO, REALIDADE CRUEL.

O noticiário sobre a participação da ‘selecinha’ brasileira na copa foi substituído por um espasmo contundente, o cenário macabro deu outro espaço ao mundo jornalístico e ganhou o requinte capaz de nos levar ao extremo do escárnio, qualquer análise comportamental sugere a todos a mais profunda revisão sobre os dias atuais.

A convulsão social instalada no país com o caso envolvendo o goleiro do flamengo, o Bruno, despertou de maneira hegemônica grande curiosidade sobre comportamento humano. Revivemos um daqueles dramas escrito por um produtor sarcástico cujo episodio se transforma num filme de suspense e terror. Algo perto do inacreditável.

Seria mais um fatídico corriqueiro considerando a banalidade como se trata tais crimes nos dias de hoje, mas por sorte da sociedade acabou massificado nas manchetes de todos os jornais. Porque, algo desta natureza acontece todos os dias e em todos os lugares, o diferencial aqui é o envolvimento de um homem público, ídolo da maior torcida no Brasil.

Movendo muitos sentimentos a onda de aversão determina a conclusão de muitas opiniões predominando principalmente naquelas pessoas que estão sob o efeito da perversidade dos meios de comunicação, que mantém o cotidiano movido pela mídia televisiva, a mágica janelinha de vidro, o espaço onde está presa uma imensa parcela da população brasileira assistindo o jornalismo agressivo que faz do proselitismo o próprio indutor de violência.

Os telespectadores nutrem-se da dose única de alienação e associa-se ao desfecho natural do caso. Acabam concentrados e solidários aos conceitos pré-estabelecidos pelos interesses da propaganda ou daqueles que financiam o modelo de comunicação anti-social.

A propaganda que massifica o consumo, que apresenta um corpo feminino ou um produto supérfluo no centro das atenções, que induz nossa comunidade infanto-juvenil a um mundo sem limites, que sugere da mesma forma a indignação coletiva como modelo cultural, mas que fecunda o continuísmo através do convite ao impossível.

Claro que o caso do goleiro Bruno estarreceu a todos nós, deixou o Brasil menos alegre. E até mesmo os profissionais que, no dia-a-dia lidam com o crime sentiram náusea, oras, imaginem se não deixaria a sociedade de cabelos em pé.

Portanto, seria prudente que estes momentos servissem para aprofundarmos nossas análises sobre comportamento social, sobre as idolatrias, sobre desconcerto e desequilíbrio emocional frente a certas situações. Cada ser humano habita um tipo de reação a depender da circunstancia em que é submetido. Mas a regra geral, o conceito moral e social precisa ser nivelado como norma de convivência e as relações se estabelecem a partir do cumprimento destas regras. Alguns especialistas tentam explicar a razão que leva algum destes garotos à tamanha barbárie. A fama, a sensação de super homem, o dinheiro, enfim...

Claro que isto não acontece com todas as pessoas que saem do anonimato e passam a gozar de prestigio social atingindo o topo da elite. Mas muitas perdem a noção sobre direitos e deveres, passam a imaginar estar acima da regra social, da Lei. Daí quando incursos em situações difíceis, imaginam que a solução está a sua maneira de pensar e agir. Até porque, estas pessoas tornam-se presas fáceis das facções ou de agentes do crime organizado que impiedosamente oferecem-lhes alternativas para seus problemas, embora sejam elas as mais virulentas possíveis.

O caso Bruno revela este sentimento. Imaginem um ídolo daquela dimensão sendo orientado por alguém sem nenhum preparo social. Macarrão, o amigo inseparável, que tomava decisões pelo goleiro. Tal sujeito, o ‘maka’, deixou visível em todos os seus depoimentos e atitudes que suas ligações sociais não eram nada sadias. A perversidade com que tratou o caso só poderia afundar a carreira e a família de alguém que sonhou tanto. Pobre garoto.

Lamentável crise, pois enquanto assistíamos os acontecimentos da copa do mundo e, torcíamos pela seleção Uruguaia, assistíamos também o desenrolar de uma tragédia dimensionada pelo descontrole emocional açodada pelo narcotráfico. A crise sociológica explica a vulgarização dos crimes.

Uma pena que os atletas do time mais querido do Brasil tenham envolvimento com situações tão vil. Antes do Bruno vimos Adriano e Wagner Love festivamente com o mundo da droga. A tropa do ‘abafa o caso’ do flamengo conseguiu despachar Adriano para a Europa, Wagner ainda está sob investigação, mas certamente não dará em nada. Já o Bruno conseguiu exprimir seu conceito sobre as mulheres, justamente às vésperas do dia internacional da mulher, em defesa de seu colega de clube afirmara ser normal um homem casado sair na mão (tapas) com a mulher. Naquele momento danificou sua imagem e chamou atenção para sua fragilidade emocional.

Pena que tantos lamentos tenham tomado conta de nossas telas estes dias. Fomos solenemente eliminados da copa por 2x1 pelos holandeses, quando voltamos para a nossa brasilidade deparamos com este hediondo crime. Tal fato enrubesceu nossos pequenos torcedores urubus, deixou nossas mulheres estarrecidas ao saber que se porta o conceito do extermínio quando não se consegue resolver os ‘casos’ advindos do desequilíbrio cultural e emocional.

Não foi o primeiro caso típico que envileceu nossas almas. Mas esperamos ser o último. Pena que ainda teremos muitos garotos subindo os pódios esportivos pelo mundo, sem, contudo receber a assistência jurídica, cultural e familiar necessária para suprimir o conceito de poder absoluto estabelecido sobre aqueles que perdem a noção de valores quando se tem o mundo sob seus pés, alimentado por fabulosas contas bancárias, cujos patrocinadores não se furtam em vender as imagens, mesmo com o eminente risco de um tropeço comportamental do seu patrocinado.


Por Ciro Andrade.
ciro-as@hotmail.com

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