Um dos pressupostos da comunicação é atender os desejos de seus destinatários. Pelo simples fato de que, geralmente, não consumimos o que não gostamos.

No discurso político, essa assertiva ganha dimensões perigosas. Principalmente em tempos de pedir votos. Visando conquistar esse passaporte para o poder, os candidatos são capazes de prometer sem o menor compromisso de realizar.

O vale-tudo para convencer incautos faz com que candidatos percam a noção de todos os valores éticos e chutem o balde do bom senso e do razoável.

No período eleitoral, a opinião do eleitor, para a maioria dos candidatos, é endossada como se tivesse sempre certa, mesmo que seja absurda. Desagradá-lo é pecado. Que pode ser mortal. Ou seja, a derrota nas urnas. Eis um condimento catalisador de falsidade.

Os afagos de toda a ordem e o sorriso solto são passaportes para o convencimento fugaz. Os braços estirados, em posição receptiva, buscam um contato físico com aqueles que têm a decisão sobre o destino do candidato. As expressões de humildade ganham a dimensão da subserviência suplicante: votem em mim pelo amor de Deus!

Os chamados fichas-sujas, como que num passe de mágica se transformam em defensores intransigentes das mais sublimes virtudes éticas. Lobos raivosos, em simpáticos cordeirinhos que prometem benesses de toda a ordem para aqueles que nele votarem.

O voto, senhores e senhoras, é o objeto imediatista do desejo de todos que se candidatam a cargos eletivos. O que interesse, portanto, é seu voto. Por ele, muitos são capazes de renegar a tudo e a todos, inclusive a si próprios.

Os atos passados, se bons, dignificantes, de repercussão coletiva satisfatória, são moeda forte – e deveria ser a única aceita pelos eleitores – de convencimento. As promessas só devem avalizadas pela trajetória de vida de quem as faz.

O resto é conversa.