Regionais : De onde vêm os candidatos mais enrolados
Enviado por alexandre em 02/10/2010 18:17:08



De onde vêm os candidatos mais enrolados

Quase metade dos 331 nomes para os quais o Congresso em Foco recomenda muita, muita atenção nesta eleição vêm de apenas cinco estados: São Paulo, Ceará, Rondônia, Minas e Rio de Janeiro


Edson Sardinha

São Paulo, Ceará, Rondônia, Minas Gerais e Rio de Janeiro são, em números absolutos, os estados brasileiros com mais candidatos sob suspeita nestas eleições. Dos 331 nomes para os quais o Congresso em Foco recomenda muita, muita atenção na hora de votar, 149 (45%) concorrem a mandato eletivo nessas cinco unidades federativas. São candidatos para os quais este site acendeu o sinal amarelo esta semana por se enquadrarem em ao menos uma dessas situações:

- tiveram os registros de suas candidaturas indeferidos pela Justiça eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa;
- são réus em ações penais;
- foram denunciados à Justiça como integrantes do esquema dos sanguessugas;
- tiveram parecer pela cassação nos conselhos de Ética da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal nos últimos sete anos, ou
- foram presos em operações das polícias Civil e Federal.

Na lista, há gente dos 26 estados e do Distrito Federal. O campeão em candidatos enrolados é São Paulo, com 49 postulantes. Depois, vêm o Ceará, com 30, Rondônia, com 29, Minas, com 23, e Rio de Janeiro, com 18 nomes. A profusão de representantes dos três principais estados da região Sudeste tem uma explicação: são as três unidades federativas com maior número de candidatos em todo o Brasil. Com o segundo menor número de candidaturas, atrás apenas de Sergipe, o Rio Grande do Norte é a unidade com menos representantes na lista, tem apenas um.

Clique aqui para ver o ranking das candidaturas sob suspeita, por estado

Proporcionalmente

Quando se considera o total de candidaturas registradas em cada estado, quem assume a liderança entre os mais enrolados é Rondônia, seguido por Ceará, Paraíba, Alagoas e Tocantins. Quase 6% dos 502 candidatos rondonienses se enquadram em ao menos um dos critérios acima descritos. Entre os 807 candidatos cearenses, esse percentual beira os 4%. Dos 453 paraibanos inscritos para estas eleições, 15 (3,31%) têm complicações. O mesmo ocorre com 12 (2,57%) dos 466 candidatos alagoanos, e sete (2,38%) dos 293 tocantinenses registrados na Justiça eleitoral.

Ainda proporcionalmente, o Norte é a região que tem o maior número de postulantes a cargos eletivos com algum tipo de problema. Dos 3.628 candidatos da região, 77 (2,12%) fazem parte da relação dos que merecem um sinal amarelo. Em números absolutos, o primeiro lugar fica com o Nordeste e seus 99 nomes; e o segundo, com o Sudeste, 96 representantes. Estão relacionados ainda 35 candidatos do Centro-Oeste e 24 do Sul.

Ficha Limpa

São Paulo, Ceará e Rondônia são os estados onde houve maior indeferimento de candidaturas com base na Lei da Ficha Limpa, que veda a candidatura de político com condenação em órgão colegiado, que foi condenado por tribunal de contas ou renunciou ao mandato para escapar da cassação. Dos 49 paulistas enrolados, 39 participam da eleição sem saber se poderão tomar posse caso sejam eleitos por causa da indefinição do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a validade da nova lei para esta eleição.

Estão nessa condição, por exemplo, os deputados paulistas Paulo Maluf (PP) e Beto Mansur (PP), que concorrem à reeleição. Dos 30 cearenses que merecem muita, muita atenção na hora de votar, 29 estão ameaçados pela Ficha Limpa. Entre eles, os deputados Pedro Eugênio (PE-CE) e Zé Gerardo (PMDB-CE) – o primeiro parlamentar a ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em Rondônia, a nova lei ameaça a candidatura de 24 pessoas, inclusive a do ex-governador Ivo Cassol (PP), que concorre ao Senado. Em 3 de agosto, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Rondônia entendeu que o candidato não poderia concorrer por causa da condenação por compra de votos e abuso de poder político e econômico nas eleições de 2006. Cassol recorreu da decisão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que ainda não julgou seu caso. Também estão nessa situação quatro integrantes da família Donadon. Entre eles, o deputado federal Natan Donadon (PMDB-RO), que tenta a reeleição. Ele, o pai e dois irmãos aguardam o julgamento de seus respectivos recursos.

Veja a distribuição dos candidatos barrados pela Lei da Ficha Limpa e réus no STF, por estado

Réus no Supremo

Em relação ao número de candidatos réus no Supremo Tribunal Federal (STF), nenhum estado supera São Paulo. São nove os deputados paulistas que respondem a ações penais no Supremo e concorrem nestas eleições. Estão nessa situação, por exemplo, réus do processo do mensalão, como João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e José Genoino (PT-SP), o candidato a governador Celso Russomanno (PP-SP) e o próprio Maluf.

Minas Gerais e Pará dividem o segundo lugar, com cinco candidatos parlamentares réus. Entre os mineiros, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que disputa uma vaga na Câmara, e responde a ação penal por peculato e lavagem ou ocultação de bens, no processo do chamado valerioduto tucano. Do Pará, vêm os dois candidatos com maior número de processo no STF nesta eleição: Jader Barbalho (PMDB-PA), que concorre a senador, e Lira Maia (DEM-PA), que tenta renovar o mandato na Câmara.

Réu no Supremo, Jader também tem sua candidatura contestada com base na Ficha Limpa e integra a lista do sinal amarelo por se enquadrar em um terceiro critério: já esteve preso em Operação da Polícia Federal, em 2002, acusado de coordenar um esquema de desvio de recursos na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
Da prisão para as urnas

No quesito “passagem por prisão”, o primeiro lugar é compartilhado por dois estados que viram recentemente importantes lideranças locais serem conduzidas à cadeia: Amapá e Alagoas, com quatro nomes cada.

O governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), que tenta a reeleição, e seu antecessor, Waldez Góes (PDT), candidato ao Senado, foram presos no mês passado na Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal. Juntamente com outras 16 pessoas, eles são acusados de integrar uma organização criminosa que desviava recursos do estado e da União. O esquema, segundo a denúncia, desviou mais de R$ 300 milhões. Os dois foram libertados há duas semanas após passarem dez dias na Superintendência da PF em Brasília. Nada os impede, porém, de disputar a eleição.

Entre os alagoanos que estiveram presos, três concorrem a deputado estadual e um a federal. Os quatro exerceram mandato na Assembleia Legislativa local. De olho numa vaga na Câmara, Cícero Ferro (PMN-AL) foi preso em 2009 na Operação Taturana, acusado de participar de um esquema de desvio de verba da folha de pagamento da Assembleia. A mesma operação também levou para a cadeia Gilberto Gonçalves (PRTB-AL), que concorre a deputado estadual. Antonio Albuquerque (PTdoB-AL) e João Beltrão (PRTB-AL) foram presos na Operação Ressurgere, acusados de pistolagem.

Veja a distribuição dos candidatos que já estiveram presos, por estado

Sanguessugas

O Rio de Janeiro lidera outro critério adotado pelo site para acender o sinal amarelo para candidatos enrolados: tem cinco nomes entre os ex-parlamentares réus na Justiça Federal de Mato Grosso por envolvimento com a máfia das ambulâncias. Ao todo, 27 ex-deputados respondem criminalmente a processo, acusados de apresentar emendas orçamentárias e direcionar licitações em prefeituras para a compra superfaturada de ambulâncias do grupo Planam, pivô do esquema dos sanguessugas. Depois do Rio de Janeiro, vêm a Bahia, com três réus, Minas Gerais, Rondônia e Acre, com dois candidatos que respondem na Justiça por envolvimento com a máfia das ambulâncias.

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia