A desigualdade entre pobres e ricos no Brasil tem caído nos últimos anos, mas, segundo a economista Sônia Rocha, o fato está longe de ser efeito de uma política redistributiva deliberada. De acordo com ela, que é autora dos livros O Brasil Dividido – Espacialização Alternativa e Pobreza e Pobreza no Brasil: Afinal, de que se trata?, os estratos mais ricos da população não foram agraciados com políticas específicas nos últimos anos. “São os mais pobres que estão ganhando mais. Todos estão ganhando, mas as pessoas mais qualificadas estão se beneficiando relativamente menos. O ganho delas é menor proporcionalmente ao que elas ganhavam antes”, explica Rocha, justificando esta realidade como motivadora da diminuição da distância entre as diferentes classes. Resumidamente, os estratos mais pobres teriam se beneficiado mais do que os segmentos mais ricos e escolarizados com as políticas distributivas de ganho real do salário mínimo e pelas transferências de renda do programa Bolsa Família. Para a especialista, o fenômeno é “uma evolução desejada”. “Em períodos que a gente teve crescimento elevado, houve crescimento da renda para todos, um crescimento forte da economia, mas as pessoas mais qualificadas ganhavam mais. Quer dizer, havia um aumento brutal da desigualdade”, disse.