Política : Olho grande
Enviado por alexandre em 09/11/2010 15:25:10



João Cahulla insiste em despejar famílias de agricultores da Gleba Marmelo em Vista Alegre do Abunã

Autor: XICO NERY
Fonte: Destaque Rondônia


Vista Alegre do Abunã, Porto Velho - “Rápido com os mais ricos; lento para com os mais pobres e extremamente pobres”, foi como agricultores da região da Ponta do Abunã receberam, nesta terça-feira (26), repórteres deste site. Eles demonstraram, na ocasião, insatisfação com o tratamento dado a eles por parte do Judiciário rondoniense.

- A ação de despejo de nossas famílias, movida por Wilson José Cahulla, irmão do governador João Aparecido Cahulla, não tem fundamento legal, eles disseram. Ambos tentam, sem sucesso, há três anos, desalojá-las da Gleba Marmelo, em Vista Alegre do Abunã, onde já estão assentados entre 10 e 25 anos. E reconhecidos pelo INCRA.



Cahulla – atual governador, derrotado no segundo turno das eleições – teria comprado de um ex-posseiro mato-grossense, cerca de três lotes num total de 300 hectares. Na Justiça, insiste em anexar à suposta propriedade, outros 27. Segundo um órgão de controle fundiário do Governo Federal, “ele fora enganado pelo antigo posseiro de pré-nome Gobby com a venda ilegal de terras devolutas da União”.



A transação entre João Cahulla e Gobby – que sempre morou em Campo Grande (MS) – só atesta no Departamento Fundiário no INCRA apenas três lotes, medindo 100 hectares cada um. Alegando direitos sobre as posses das famílias, o ex-vice de Ivo Cassol (PP), reclama na Justiça do estado que governa o empoderamento ilegal dos supostos 3 mil hectares que comprara, há três anos.


TRISTE HISTÓRICO – Nas sucessivas ameaças, queima de casas, destruição de roças (mandioca, macaxeira, banana, mamão, manga, milho, arroz, feijão etc), além da matança de animais (vacas leiteiras, porcos, galinhas e patos), o governador é acusado de obter na Justiça rondoniense liminares não-esclarecedoras para uma área, e desalojar famílias em lotes diferentes sob ameaça de despejo e uso de força policial.









Suposto dono de várias propriedades em cidades do estado (Rolim de Moura, na BR-364, Estrada dos Japoneses e de parte de um condomínio de luxo na Capital, Porto Velho), Cahulla - apesar do processo eleitoral em que foi reprovado pela população - insiste em se apossar de terras da União na Ponta do Abunã. Para isso, faz uso de “liminares não muito claras”, bem como utiliza forças de segurança do Governo numa clara violação ao artigo 5º da Constituição e Incisos III, XXII, XXII e XXXIII, respectivamente.






TERRAS SÃO DA UNIÃO – Em relatório reservado obtido por este site, em Brasília, a Divisão de Obtenção e Implantação de Projetos de Assentamento da Superintendência Estadual do INCRA, através de vistorias realizadas em Setembro de 2003 e 09 a 15. 10. 2009, respectivamente, apenas comprova que “a Fazenda Gobby, na Gleba Marmelo, sempre tentou tomar as parcelas dos colonos e anexá-las à área da mesma”.

REAÇÃO NA JUSTIÇA ESTADUAL E FEDERAL – De acordo com relatos dos colonos assentados, “a história foi mal contada à Justiça”. Gobby era um caminhoneiro e era visto constantemente na região. Ele nunca morou na área. Na realidade, diz o ex-ribeirinho do rio Abunã, na divisa com a Bolívia, Francisco Izidro


da Silva, 64 anos, “esse senhor não passava, também, de um posseiro”.



Com base nesses relatos, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) vão ajuizar, conjuntamente, duas ações na Justiça Estadual e Federal, respectivamente, pedindo a responsabilização dos irmãos Wilson José e João Aparecido Cahulla por suposta fraude e ocultação de documentos, arrolando também o senhor Gobby, acusado de vender terras da União.



Conforme o presidente da CUT, Edirceu Jonas de Almeida, “em Ação Civil Pública, iremos representar os irmãos Cahulla por abuso de poder econômico e crime eleitoral, esta por fazer uso do aparelho policial do Estado em desfavor de agricultores, mulheres, crianças e idosos assentados em terras da União, em benefício próprio”.

ACABOU COM RESERVAS – João Cahulla, depois que assumiu o Governo, a seu pedido, a Assembléia Legislativa de Rondônia (ALE-RON), revogou a proteção estadual de quase 1 milhão de hectares no estado. O ato foi formalizado pela aprovação de leis complementares. Elas extinguiram sete unidades de conservação que somam pouco mais de 973 mil hectares – o equivalente a mais de seis cidades de São Paulo.



· Xico Nery: É Repórter de o DESTAQUE RONDÔNIA e Correspondente de AMAZÔNIAS no Acre, Rondônia, Sul do Amazonas e Países Andinos.

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