Regionais : Tiririca consegue Lê e escrever diante do magistrado
Enviado por alexandre em 12/11/2010 12:19:55



Tiririca conseguiu ler e escrever ontem no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. O palhaço de 1,3 milhão de votos - deputado mais bem votado no pleito de 2010 -, teve alguma dificuldade, sobretudo na hora de redigir, mas cumpriu as lições que o magistrado lhe passou em longa audiência no 13.º andar da corte que se prolongou por 12 horas.
Réu em ação penal - a promotoria lhe atribui falsidade ideológica porque suspeita que não partiu de seu punho a declaração de alfabetização anexada ao pedido de registro de candidatura -, Tiririca foi submetido a um teste de ditado e leitura perante o juiz Aloísio Sérgio Rezende Silveira, da 1.ª Zona Eleitoral da Capital.
Ele chegou ao TRE às 9h15, e de lá só saiu às 21h40, acompanhado de seu advogado, Ricardo Vita Porto. Quatro seguranças o escoltavam. Sem os trejeitos e os trajes - nem mesmo o chapeuzinho de palhaço -, que o acompanharam por toda a campanha, apresentou-se Francisco Everardo Oliveira Silva, seu nome de batismo, cearense de Itapipoca, nascido em 1.º de maio de 1965, "cantor, compositor e humorista".
No ambiente austero da toga, em camisa polo listrada, calça jeans e sapatênis preto de cadarços brancos, Tiririca portou-se respeitosamente e seguiu os ritos judiciais. Não contou anedotas, não cantou Florentina, seu maior sucesso, nem mesmo ousou repetir o bordão "pior do que tá não fica".
A prestação de contas de Tiririca à Justiça dividiu-se em duas etapas e a portas fechadas porque os autos correm sob segredo. Pela manhã, foi submetido ao exame gráfico. O juiz pediu a ele que copiasse um parágrafo do capítulo A Justiça brasileira pós Estado-Novo, do livro Justiça Eleitoral, uma retrospectiva. "A promulgação do Código Eleitoral, em fevereiro de 1932, trazendo como grandes novidades a criação da Justiça Eleitoral", anotou Tiririca, incluindo a cedilha e o til da primeira palavra do texto.
Essa parte da missão foi desempenhada vagarosamente. Ele alega sofrer de uma lesão, causada pelos muitos anos de labuta no circo, que o impede de aproximar o dedo indicador do polegar - na peça escrita que sua defesa expôs à Justiça, há duas semanas, admitiu ter sido ajudado pela mulher a preparar a declaração.
Depois, leu dois títulos de reportagens publicadas pelo Jornal da Tarde. Também teve de ler quatro linhas finas vinculadas às manchetes. O palhaço atendeu a quase todas as solicitações do meritíssimo. Uma só, data vênia, ele se negou a acatar: não se submeteu a perícia para avaliar a veracidade da declaração que juntou ao registro.
Pouco importa. Afinal, rezam os códigos, sua recusa não o prejudica. "Dentro da perspectiva legal ninguém é obrigado a fazer prova contra si", atestou o desembargador Walter de Almeida Guilherme, presidente do TRE. Indagado se Tiririca havia passado no teste, o desembargador foi precavido. "Eu não faria essa afirmação, nem sim, nem não." Indagado se o acusado provou ser alfabetizado, o presidente esquivou-se. "O juiz é que vai decidir. O ditado ele escreveu. Se escreve mal ou bem não posso dizer."

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