O R E Q U E N T A D O PRODUÇÃO INDEPENDENTE/JAS/RO (47ª EDIÇÃO) RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO EDITOR Porto Velho (Rondônia), 29 de novembro de 2010 “QUEM FALA POR EXPERIÊNCIA É PORQUE NÃO ADQUIRIU EXPERIÊNCIA BASTANTE PARA CALAR A BOCA” - MILLÔR FERNANDES, em “Reflexões Sem Dor” (Edibolso; São Paulo/ SP). *Millôr Fernandes (76 anos) é carioca. Millôr é humorista, pensador, jornalista e dramaturgo. Escolaridade: 2º Grau ... incompleto. E nada mais. O PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO “É jovem, não tem experiência. É velho, está gagá. Não tem carro, é um coitado. Tem carro, é um burguês. Fala alto, é um desequilibrado. Fala baixo, é um inseguro. Não falta aula, é um caxias. Falta, é um turista. Conversa com os outros professores, está malhando os estudantes. Não conversa, é um desligado. Dá muita matéria, não tem dó dos alunos. Dá pouca matéria, não conhece o assunto. Brinca com a turma, é metido a engraçado. Não brinca, é um chato. Chama a atenção da classe, é um prepotente. Não chama atenção, é um bundão. A prova é longa, não existe tempo para as respostas. A prova é curta, tira as chances de uma melhor avaliação dos discípulos. Escreve muito na lousa, não domina o tema para apresentá-lo verbalmente. Explica muito, o aprendiz não consegue anotar coisa alguma no caderno. Fala corretamente, é um pedante. Fala a linguagem do povo, é um despreparado. Exige da turma, é um tirano. Não exige, é um desleixado. O aluno é reprovado, houve perseguição. O aluno é aprovado, deu moleza. É!... O professor está sempre errado. Acontece que, se você chegou a ler até aqui, agradeça ao mestre”. Em “www.professorsabbag.com.br”. A MELHOR “Está tudo acabado! Só existe Recordação infinita, entre nós dois, Daquela bela data em que surgiste Rindo! Quem sabe, para chorar depois. Sucederam-se os dias! Tu partiste ... O sol do teu afeto, no meu ser, se pôs. Hoje, eu revejo este quadro triste Que o pincel da saudade recompôs. PEÇA Bolívar Marcelino Agora, que buscaste outros caminhos, Vivo sempre a lembrar os teus carinhos. E tu, certamente, pensando em mim. Eis, do drama da vida, a melhor peça: O verdadeiro amor, sim, só começa Quando se imagina que ele chega ao fim”. Em jornal “O Guaporé” (Porto Velho/RO -1978). *Em 1932, nasceu em Natal/RN, Bolívar Marcelino. Bolívar residiu mais de 70 anos em Porto Velho/RO. Compunha a paisa - gem humana “destas paragens do poente”. Aqui, ele foi - com brio e com brilho - professor de Português de tantas gerações da terra. Membro da Academia de Letras de Rondônia, o potiguar foi escritor de qualidade, sonetista primoroso e bacharel em Letras pela Universidade Federal do Pará. Pela Universidade Federal Local, ele foi, também, bacharel em Direito - primeira turma (1990). Turma da qual ele foi orador. O homenageado foi um aplicado aluno do Curso de Ciências Jurídicas da UNIR. Era uma promessa de advogado de sucesso. Não emplacou. O vate não deu passagem ao causídico. A existência lhe foi sempre dura. A juventude não lhe sorriu e a velhice lhe fez cara feia. Triste sina a do bardo!... “Só é grande se sofrer”. Bolívar Marcelino, pela dor, tornou-se o “Príncipe dos Poetas Rondonienses”. Bolívar, na madrugada de 24/10/2010, faleceu nesta cidade. A cidade, na qual e para a qual, ele viveu. Para a legião de admiradores do intelectual que partiu, ficam - como na canção antiga - “uma saudade a mais e uma esperança a menos”. *UNIR= Universidade Federal de Rondônia; *vate, bardo = poeta; *soneto é um poema de 14 linhas: 4 + 4 + 3 + 3 =14; *potiguar = quem nasce no Rio Grande do Norte; * “paragens do poente” = Rondônia. A DOMICÍLIO X EM DOMICÍLIO Luiz Antônio Sacconi Entrega-se remédio a domicílio (errado). Entrega-se remédio em domicílio (correto). Explicação: substitui-se domicílio por casa. O que resulta? Surge o em, a saber: entrega-se remédio em casa. Em “1000 Erros de Português” (Nossa Editora; São Paulo/SP). LACERDA & RIMA Em 1963, Carlos Lacerda - então governador (UDN) do Estado da Guanabara - era pré-candidato à Presidência da República. Em campanha, Lacerda foi a Montes Claros/MG. A cidade mineira amanheceu com os muros pichados: “LACERDA RIMA COM MERDA”. No comício, à noite, naquela localidade, o pretendente, na época, à Chefia do Executivo Brasileiro, bem a seu gosto, deu o troco. E assim Carlos Lacerda terminou o seu discurso: “É com o meu coração feito saudade que me despeço desta adorável terra. Aqui, deixo, para os meus correligionários, o carinho meu - e, para os meus adversários, a rima”. Em “www.claudiohumberto.com.br”. *Carlos Frederico Verneck de Lacerda (1914/1977) era natural de Vassouras/RJ. Carlos Lacerda foi acadêmico de Direito. Não concluiu o curso. Brilhante jornalista … sem diploma universitário; conceituado tradutor … sem graduação em Letras, Lacerda foi o maior Orador Político da República. O fluminense foi, pela UDN, vereador carioca, deputado federal/RJ e o 1º governador do estado da Guanabar a. * A Guanabara foi, de 1960/1975, um estado do Brasil. Atualmente, é o município do Rio de Janeiro/RJ. CAPISTRANO.COM.BR A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL deveria resumir-se: “Art. 1º. É obrigado a todo brasileiro ter vergonha na cara. Parágrafo único. Revoguem-se as disposições em contrário”. A Constituição acima era aquela com que sonhava João Capistrano Honório de Abreu (Maranguape/CE). Historiador, poeta e boêmio, o talentoso cearense debochado (1853/1927) - apesar de ser um ateu de carteirinha - dizia, nos bares da vida, que, se houvesse Eternidade, quando ele morresse, estar-lhe-ia reservado um lugar no Reino dos Céus, porque ele (Capistrano) era cunhado de Jesus. Tradução: aquele homem de letras tinha uma irmã freira. Para quem não sabe, a freira - à luz da fé católica - é considerada esposa de Cristo. “Para variar”, Capistrano de Abreu, também, não se dava bem com a sogra. “De repente, não mais que de repente”, a velha faleceu. Capistrano escreveu, no túmulo da finada, tais versos: “Aqui, jaz a minha sogra Não tendo mais o que encher, Que tanto me encheu o saco. Veio encher este buraco”. Em “Praça do Ferreira” (Fortaleza/CE). “PASSA TUDO NA VIDA, TUDO PASSA. MAS NEM TUDO QUE PASSA, A GENTE ESQUECE” De Itapetim/PE, eram os irmãos Batista: Lourival (1915/1992), Dimas (1921/1986) e Otacílio (1923/2003). Esses irmãos formavam uma espécie de mistério da santíssima trindade da cantoria de viola. Tratava-se de três pessoas distintas - e uma só inspiração. A inspiração da poesia instantânea. Do trio, somente Dimas frequentou os bancos acadêmicos. Depois de velho (e a dura penas), o admirado pernambucano colou grau em Letras. “Viciado” em leitura, Dimas morreu muito culto. Nos meados de outubro de 1980, realizou-se um festival de repentista em Viçosa/CE. Viçosa - a terra de Clóvis Bevilacqua (1859/1944). Bevilacqua - o autor do anteprojeto do Código Civil Brasileiro (1º/01/1916). Naquela cidade cearense e naquele evento popular, caiu, para a dupla Dimas Batista e Lourival Batista, o mote: “PASSA TUDO NA VIDA, TUDO PASSA./ MAS NEM TUDO QUE PASSA, A GENTE ESQUECE”. Dimas começou por fazer este gol de placa: “Os carinhos de mãe estremecida, Os brinquedos dos tempos de criança, O sorriso veloz de uma esperança, A primeira ilusão da nossa vida. O adeus que se dá por despedida, O desprezo que a gente não merece, O delírio da lágrima quando desce Nos momentos de angústia e de desgraça. Passa tudo na vida, tudo passa. Mas nem tudo que passa, a gente esquece”. Em “Domínio Público” ATENÇÃO: Nenhuma notícia é originária deste “boletim”. Ele só a reedita. Donde, o nome dele: “O Requentado”. O esclarecimento de palavras não comuns se deve à popularidade (on-line) que este jornaleco - surpreendente e imerecidamente - conseguiu. Que perdoem os letrados. Fones: 0XX69.3216-3775; 0XX69.3222-4739; 0XX69.9981-4173. “E-mail”: jackson@mp.ro.gov.br
|