Regionais : Especialistas alertam que uso de celular
Enviado por alexandre em 16/12/2010 20:52:05



Nos últimos dez anos, o número de telefones celulares no país cresceu quase quatro vezes. Foi um salto de 5,5 milhões em 2000 para 20,5 milhões de equipamentos em posse dos brasileiros, neste ano, chegando a marca de um aparelho por habitante. Mais do que uma necessidade, o celular chega a ser mania entre a população. No entanto, falta atenção para os problemas que esse “inocente” equipamento pode trazer à saúde, se usado de forma contínua e indiscriminada. Alguns estudos apontam para a evidência do câncer e de outras patologias relacionadas à radiação eletromagnética que o celular emite.

Especialistas defendem que a utilização excessiva pode ser danosa à saúde causando desde complicações leves até doenças graves, como o câncer. - estudos tentam comprovar este tipo de relação na literatura internacional. Por outro lado há especialistas que tentam mostrar o contrário. Um estudo desenvolvido por um grupo do setor de telecomunicações do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) revela que a radiação eletromagnética emitida pelos celulares afeta de forma direta regiões como a cabeça, pescoço e mãos.

O grupo de Telecomunicações e Eletromagnetismo Aplicado do Instituto realizou medições para identificar os níveis de energia que o celular emite sobre as regiões da cabeça, pescoço e mãos, e constatou que entre 60% e 70% da radiação fica concentrada nessas áreas do corpo, podendo ocasionar doenças. “Apesar de não ser radioativa, a energia que deveria sair para o espaço fica absorvida nesses pontos, provocando aquecimento. O desencadeamento de doenças varia de acordo com cada pessoa”, esclarece o professor do Instituto, Joabson Nogueira.

Os estudos mostram que os tecidos mais suscetíveis à energia liberada pelo celular, ao serem expostos ao campo eletromagnético em tempo prolongado, são aquecidos com maior intensidade podendo causar problemas. Nogueira informou, no entanto, que a penetração da onda do celular no corpo tem níveis muito baixos. “A energia se transforma em calor, gerando agravos à saúde”.

Para o professor Francisco de Assis Tejo, do Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG, a radiação emitida pelos aparelhos móveis de celular, embora sejam não ionizantes (não se acumulam no corpo), pode ser a causa de diversos problemas, ocasionando inclusive tumores na região cerebral.

Baseado em estudos específicos acerca do tema, o especialista cita problemas como alteração das funções cerebrais, distúrbios do sono, depressão, fadiga crônica, dor de cabeça, perda de memória recente, dificuldade de memorização, aprendizado e de concentração; problemas do trato reprodutivo como abortamento, natimortos, morte súbita, nascimentos prematuros e nascimentos com deformidades; além de agravos mais sérios como câncer de vários órgãos, especialmente câncer cerebral, leucemia, câncer de mama e câncer testicular.
Um estudo elaborado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o qual o professor Tejo acompanha, mostra uma correlação entre o surgimento do câncer e a radiação magnética emitida pelas torres das operadoras de celular.

A tese de doutorado da professora Adilza Condesa Dode analisou laudos das mortes de dezenas de mineiros entre os anos de 1996 e 2006 que moravam em localidades próximas das torres e também da população de bairros mais distantes desses equipamentos. O estudo concluiu que o número de óbitos ocasionados pelos tipos de câncer associados à radiação emitida pelas torres foi bem maior do que nos locais onde não havia presença dos equipamentos.

Uma das defesas utilizadas pelos especialistas que excluem a relação entre o aparecimento de tumores malignos e o uso do celular é que as radiações eletromagnéticas não-ionizantes são inofensivas, incapazes de gerar mutação genética e consequentes problemas de saúde. “É o que as operadoras defendem. Mas um exemplo de que há perigo é que os raios ultravioletas emitem radiação não ionizante e mesmo assim podem causar câncer de pele, a médio e longo prazo”, afirmou Tejo.

O professor enfatiza que diversos estudos apontam para a ligação entre a utilização continuada do aparelho celular e a ocorrência de efeitos biológicos que podem se transformar em agravos à saúde, mas lembra que os reflexos dependem de fatores genéticos e do sistema imunológico de cada indivíduo.

O oncologista João Marcelo Cadete descartou o surgimento de cânceres pelo celular, mas lembrou que outras patologias podem surgir por conta do uso do aparelho, especialmente nos casos da utilização de um extensor (fone de ouvido), que podem contribuir para o aparecimento de distúrbios auditivos.


Jornal da Paraiba

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