Trilogia da sucessão em Rondônia
Primeira parte - K-sol e K-lua, dia e noite em Rondônia
Jeff Canguru*
Em um reino próspero e distante, chamado Rondônia, governava um carismático tirano chamado K-sol. Ele era como o sol daquela região equatorial, que aquecia a terra, mas queimava no lombo daqueles que se expõem a ele. Mas esse imperador chegara ao fim de seu mandato, e precisava fazer o seu sucessor. Quem poderia suceder a um governante tão forte? Ele acreditava que para ocupar o seu lugar, precisava encontrar alguém sem brilho, que dependesse de sua luz, para que ele pudesse continuar a governar, mesmo que por reflexo. Foi nesse momento que apareceu K-lua, um fiel servo, uma figura sem luz própria e que dependia totalmente de K-sol para poder ser visto na terra chamada Rondônia.
Enquanto o K-sol ainda brilhava nos céus de Rondônia, K-lua era visto de vez em quando, ofuscada pela luz e encoberto por nuvens. Aos poucos K-sol foi se escondendo e então alua aparece no céu. É noite sobre Rondônia. Há paz, descanso e também preocupações. Toda a tensão de um dia de exposição aos raios ultravioletas, que, de cassetetes oprimia os habitantes de Rondônia, agora dava lugar à brisa e à calmaria. À noite, K-sol, através de seu reflexo no K-lua, não consegue imprimir o mesmo ritmo do dia, nem causar os males que tão bem sabe fazer. Mas, assim como a noite traz benefícios, também traz preocupações. É nesse momento que pensamos nas dívidas que adquirimos durante o dia e nas coisas que deixamos de fazer. É à noite que sentimos a febre dos males que o dia e o k-sol forte na moleira nos trouxe.
Porém, nem só de dia e de noite vive o homem dessa terra. Existem muito mais coisas no reino de Rondônia do que K-sol ou K-lua. Rondônia tem gente, tem história, tem cultura, tem riquezas e tem dignidade. K-sol acha que somente ele é o astro que pode brilhar em Rondônia. Acredita que apenas ele pode ser o dono da energia e das riquezas da terra. A arrogância do K-sol, em tentar colocar K-lua em seu lugar está despertando o senso crítico dos habitantes de Rondônia, e muitos já começam a buscar um meio termo: nem K-sol, nem K-lua. Nem tudo pode ser dia, nem tudo pode ser noite.
Para a saúde do reino, outros fortes ousaram participar da disputa com interesse pelo mesmo cargo deixado por K-sol. Um deles era seu aliado e se rebelou. Santo Expedito, que de santo não tinha nada, deixou o grupo do poderoso dono da energia da terra de Rondônia. Outro forte que luta pelo poder é o Senhor Cascavel Az-sir, dono da maior parte das carroças, carruagens e charretes do reino. Outro concorrente é o representante das estrelas vermelhas e das matas do reino, o duende Val-verde. Ainda na disputa, o astrólogo e filósofo Kung-fucio.
Senas dos próximos capítulos - No afã de fazer K-lua seu sucessor, K-sol é capaz de tudo. Sua primeira vítima é o rebelde Santo Expedito. Desprovido de melanina e sem protetor solar, o Santo começou a sofrer as primeiras queimaduras, que, no final, deve frita-lo. Nessa batalha com Expedito, K-sol acaba tropeçando na sua própria língua...
* JEFF CANGURU é jornalista em Rondônia
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